Um mundo sem política?
“Atualmente a política não tem boa fama: corrupção, escândalos está distante do dia a dia das pessoas”. Estas são as primeiras palavras do Papa, no vídeo mensagem que apresenta a sua intenção de oração para este mês: Rezemos para que os líderes políticos estejam ao serviço do seu povo, trabalhando pelo desenvolvimento humano integral e pelo bem comum, cuidando daqueles que perderam o emprego e dando prioridade aos mais pobres.
As palavras do Papa traduzem o que muitos de nós pensamos: que a política é um negócio sujo nas mãos de quem só pensa em enriquecer-se ou alcançar o poder. Os que se dedicam à política, aos olhos das pessoas comuns, são vistos com desconfiança.
O Papa sustenta que é possível outro tipo de política: uma “POLÍTICA com maiúsculas”, ele a chama, ao serviço das pessoas e, em particular, dos mais pobres. Todos necessitamos de “boa política”, reforça o Papa, se queremos “avançar rumo à fraternidade universal”: a tentação de prescindir dela, evocada tantas vezes por populismos de todo tipo, é um grande engano.
Um serviço de caridade para o povo
A política pode ser um desafio para o caráter moral dos que dela participam. No entanto, também pode ser uma vocação digna de santidade e virtude. Nesse sentido, no início do vídeo, o Papa retoma as palavras do Papa Paulo VI, que definiu a política como “uma das formas mais altas da caridade, porque procura o bem comum”.
Trata-se de um sentido social que supera os individualismos em favor de um todo maior: o povo. É por isso que os cristãos, especialmente os leigos, são chamados a participar da vida política, para poder construir uma sociedade mais justa e solidária. “Um indivíduo pode ajudar uma pessoa necessitada, porém, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e de justiça para todos, entra no campo da mais ampla caridade, a caridade política”, refere o Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti (2020).
Ao serviço dos pobres
O Papa Francisco afirma que a boa política não “está fechada em grandes edifícios com grandes corredores”, mas é a que “escuta a realidade, está ao serviço dos pobres e se preocupa com os desempregados”.
Quando um político não deixa espaço para o diálogo, a cooperação e o compromisso com a dignidade das pessoas – ideias que o Papa destaca em Fratelli Tutti –, não se alcança o desenvolvimento integral da sociedade. Problemas como a fome e a pobreza, as guerras ou as crises ambientais, por exemplo, vão sendo agravados por uma liderança política egoísta e ávida de poder.
Os desafios da política
O Padre Frédéric Fornos, sj, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, defende que os líderes políticos são o que nós fazemos deles. Em vez de alimentarmos constantemente o seu descrédito com as nossas palavras e pensamentos, devemos ajudá-los a ser os homens e mulheres que desejamos. Rezemos por eles, como nos convida o Papa Francisco. É necessário muita coragem para estar onde estão e para viverem de maneira íntegra.
Fonte: Apostolado da Oração