Em seu discurso aos membros da organização italiana de voluntariado “Eu tive sede”, Francisco sublinhou que “o acesso à água, especialmente água potável e limpa, é agora um ponto crítico para o presente e o futuro próximo da família humana. É uma questão prioritária para a vida do planeta e para a paz entre os povos”. O Papa disse também que o gasto com armas é um escândalo e que é preciso “criar a consciência de que gastar em armas, suja a alma, suja o coração, suja a humanidade”.
Por Mariangela Jaguraba
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (21/03), na Sala Clementina, no Vaticano, sessenta membros da organização italiana de voluntariado “Eu tive sede”, que completa este ano dez anos de fundação.
Fundada em 2012, em Modena, a organização realiza projetos humanitários em várias áreas do mundo e eventos culturais e sociais de conscientização no território italiano.
Depois de agradecer as palavras do presidente do organismo, o Papa recordou o objetivo claro e urgente da organização “Eu tive sede”: levar água potável a quem não tem. Essas palavras de Jesus, “tornaram-se o seu nome e o seu lema”, sublinhou Francisco.
O acesso à água, especialmente água potável e limpa, é agora um ponto crítico para o presente e o futuro próximo da família humana. É uma questão prioritária para a vida do planeta e para a paz entre os povos. Isso diz respeito a todos. No entanto, no mundo, especialmente na África, existem populações que sofrem mais do que outras com a falta de acesso a esse bem primário. Por isso, vocês realizaram seus projetos humanitários na África, em muitos países, em diferentes regiões do continente. Isso é muito bonito. Também é algo muito bonito que os trabalhos sejam sempre realizados com trabalhadores locais e em colaboração com os missionários e as comunidades eclesiais do território.
A seguir, o Papa sublinhou que “a sede não faz sentir mal quando existe abundância de água para beber”, mas nós “sabemos que se faltar água, e faltar por muito tempo, a sede pode se tornar insuportável”. “A vida na Terra depende da água, e também nós, seres humanos. Todos precisamos da irmã água para viver”, disse ainda Francisco.
“Por que entrar em guerra por causa de conflitos que devemos resolver conversando como homens? Por que não unir nossas forças e nossos recursos para combater juntos as verdadeiras batalhas da civilização: a luta contra a fome e a sede; a luta contra doenças e epidemias; a luta contra a pobreza e a escravidão de hoje. Por quê?”, perguntou Francisco, afirmando que gastar com armas significa tirar de quem precisa.
Isso é um escândalo: os gastos com armas. Quanto se gasta em armas: é terrível! Não sei qual porcentagem do PIB, não sei, não tenho o valor exato, mas é uma porcentagem alta. Gasta-se com armas para fazer guerras, não só esta que é gravíssima e estamos vivendo agora, e a sentimos mais porque está mais perto, mas na África, no Oriente Médio, na Ásia, as guerras continuam. Isso é grave. É grave. Criar a consciência de que gastar em armas, suja a alma, suja o coração, suja a humanidade.
“Para que serve comprometermo-nos todos juntos, solenemente, a nível internacional, nas campanhas contra a pobreza, contra a fome, contra a degradação do planeta, se voltamos então ao velho vício da guerra, à velha estratégia do poder dos armamentos, que leva tudo e todos para trás?”, perguntou ainda Francisco. “A guerra é um retrocesso. Caminha-se para trás e tem de começar tudo de novo”, sublinhou.
A seguir, o Papa disse que foi para ele uma surpresa encontrar na Itália um voluntariado tão forte. “Esta é sua herança cultural, italiana, que vocês devem preservar bem”, concluiu Francisco.
Fonte: Vatican News