Papa nos ensina que o sofrimento é um valor, diz padre que assiste funcionários do Gemelli

Imagem: Papa Francisco (Vatican News)

 Padre Nunzio Currao, assistente espiritual de médicos, enfermeiros e funcionários da Policlínica, destaca a importância do testemunho do Papa para os doentes e para o pessoal do hospital: Francisco nos diz que também a dor pode “orientar uma experiência em sentido positivo”.

 

“Pacientes e profissionais de saúde se sentem “encorajados e estimulados a seguir em frente”.

A Policlínica Agostino Gemelli, em Roma, já pode ser considerada o hospital dos Papas, tanto que a presença de um Pontífice já é considerada até mesmo com uma certa normalidade. Basta pensar na definição que João Paulo II fez dela na época, chamando-a em tom de brincadeira de Vaticano III (em homenagem a São Pedro e Gastel Gandolfo).

No entanto, a recente hospitalização do Papa Francisco, embora não perturbe a vida cotidiana do hospital, é vivida pela grande comunidade de pacientes e profissionais de saúde com grande empatia e proximidade espiritual. “O Papa Francisco fez da proximidade e da ternura os pilares principais de seu pontificado e sua simplicidade ao lidar com o sofrimento o faz sentir-se ainda mais como um doente entre os doentes”.

Falando à Rádio Vaticana – Vatican News está o padre Nunzio Currao, assistente espiritual da equipe da Policlínica Gemelli, que fala em como o testemunho de Francisco é entendido e assumido tanto pelos pacientes quanto pelos funcionários do hospital.

A mensagem pastoral

“A mensagem – explica padre Nunzio, como o chamam todos no Gemelli – é que o sofrimento, antes de tudo, faz parte da vida: em particular aquela caracterizada pela velhice, com tudo o que ela acarreta. Mas tudo é iluminado pela fé e, portanto, se é iluminado pela fé, está aberto à esperança e ao exercício concreto da caridade que deve ser feito com menos palavras e mais proximidade, mais escuta e gestos de ternura”.

A ação taumatúrgica de Jesus

Também por ocasião de sua nova internação, Francisco pediu para continuar rezando por ele, um costume que não cessou desde o primeiro dia de seu pontificado. “E isso é exatamente o que estamos fazendo agora!”, sublinha padre Nunzio. “Até o cirurgião que deveria operar o Papa veio aqui e quis que rezássemos juntos. Isto quer dizer que existe uma sintonia espiritual que nos encoraja a enfrentar este período de doença também com fé, como um momento que pode nos ajudar a mudar a nossa vida”.

Para se tornar especialistas em humanidade novamente

Muitos dos temas que caracterizam o magistério do Papa Francisco em relação à centralidade da pessoa humana, de cuidar dos outros, de respeitar a dignidade de cada um, são um exercício diário dentro de uma unidade de saúde. O sacerdote cita uma bela expressão de Paulo VI: voltar a ser especialistas em humanidade. “O Papa com seu magistério e esta ‘cátedra do sofrimento’ nos ensina precisamente que devemos recuperar nossa humanidade e a autenticidade de nossa humanidade”.

Exemplo que contagia

“O Papa – conclui Pe. Nunzio – quer nos ensinar que também nesta conjuntura a vida tem um valor, porque a vida tem valor por si mesma, não porque a saúde diminui de alguma forma com a idade. Mas o Papa exorta-nos a considerar que também a doença e o sofrimento têm um valor redentor, um valor salvífico. Ele nos ensina com seu testemunho que se pode orientar o sofrimento para uma experiência em sentido positivo. As pessoas, pacientes e profissionais de saúde não apenas percebem isso, mas também se sentem totalmente encorajados e estimulados a continuar”.

Stefano Leszczynski – Cidade do Vaticano

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