“Para o pecador há sempre esperança de redenção; para o corrupto, porém, é muito mais difícil”, destacou o Papa Francisco durante o Angelus deste XXVI Domingo do Tempo Comum.
Neste domingo, 1º de outubro, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
O Pontífice refletiu a passagem do evangelho que fala de dois filhos, aos quais o pai pede que vão trabalhar na vinha. Um deles responde imediatamente “sim”, mas depois não vai. O outro, recusa no momento, mas depois reconsidera e vai.
“O que dizer sobre esses dois comportamentos?” Questionou o Papa. “Imediatamente vem à mente que ir trabalhar na vinha exige sacrifício e que sacrificar custa, não acontece espontaneamente, apesar da beleza de reconhecer-se filhos e herdeiros”.
Segundo Francisco, o dilema contado não é tanto a resistência em ir trabalhar na vinha, mas a sinceridade, ou a falta dela, diante do pai e diante de si mesmo: “na verdade, nenhum dos dois filhos se comporta de maneira impecável, um deles mente, enquanto o outro erra, mas permanece sincero”.
O comportamento corrupto
Ao deter-se sobre o filho que diz sim, mas depois não vai, o Papa destacou que ele “não quer fazer a vontade do pai, mas também não quer discutir ou falar sobre isso”. E por este motivo ele se esconde atrás de um “sim”, atrás de um consentimento falso, que encobre sua preguiça somente para salvar sua pele. E deste modo, consegue sobreviver sem conflitos, mas engana e decepciona o pai, desrespeitando-o de uma forma pior do que teria feito com um “não” direto.
“O problema com um homem que se comporta dessa maneira é que ele não é apenas um pecador, mas um corrupto, porque mente suavemente para cobrir e disfarçar sua desobediência, sem aceitar qualquer diálogo ou confronto honesto.”
Para o pecador há sempre esperança
“O outro filho”, continuou Francisco, “aquele que diz não, mas depois vai, é sincero. Não é perfeito, mas é sincero”, e ao manifestar sua relutância corajosa, “ele assume a responsabilidade por seu comportamento e age abertamente”.
O Santo Padre sublinhou, que através da sua atitude honesta como filho, aquele homem “acaba se questionando, chegando à conclusão de que estava errado e refazendo seus passos”.
“Ele é, poderíamos dizer, um pecador, mas não um corrupto. E para o pecador há sempre esperança de redenção; para o corrupto, porém, é muito mais difícil. Na verdade, o seu falso “sim”, suas aparências elegantes, mas hipócritas, e suas ficções que se tornaram hábitos são como uma espessa “parede de borracha”, atrás da qual ele se protege dos apelos da consciência.”
“Esses hipócritas fazem muito mal”, enfatizou o Papa, pedindo aos fiéis para não se esquecerem deste ensinamento: “pecadores sim, corruptos não”.
Sinceridade diante de Deus
Francisco conclui sua alocução antes da oração mariana com algumas perguntas, convidando os fiéis, à luz destes ensinamentos, para olhar para si mesmos, e questionarem:
“Diante do esforço de viver uma vida honesta e generosa, de me comprometer de acordo com a vontade do Pai, estou disposto a dizer “sim” todos os dias, mesmo que isso custe? E quando falho, sou sincero ao confrontar Deus sobre minhas dificuldades, minhas quedas, minhas fragilidades? Quando erro, estou disposto a me arrepender e refazer meus passos, ou faço vista grossa e vivo usando uma máscara, preocupando-me apenas em parecer bom e decente? No final das contas, sou um pecador, como todo mundo, ou há algo corrupto em mim?”
“Maria, espelho de santidade, ajude-nos a ser cristãos sinceros”, finalizou o Papa.
Thulio Fonseca – Vatican News