Dar voz às mulheres, vítimas de abuso e violência. Ao encontrar no Vaticano os participantes no encontro promovido pela “Aliança Estratégica de Universidades Católicas de Investigação (SACRU)” e pela Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice, o Papa faz este apelo e condena a discriminação, reiterando a necessidade de uma maior inclusão.
Por Paolo Ondarza
A diversidade nunca deve levar à desigualdade, mas sim à uma agradecida e recíproca acolhida. Mais uma vez, Francisco enfatiza a necessidade de maior inclusão e condena com veemência a violência e os abusos aos quais ainda hoje as mulheres são submetidas com muita frequência.
Fazer-se voz das mulheres vítimas de abuso
A ocasião é oferecida pela apresentação do livro “Maior liderança feminina por um mundo melhor. O cuidar como motor da nossa casa comum” por cerca de 90 membros da Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice e da rede entre universidades católicas SACRU, recebidos na Sala Clementina na manhã deste sábado, 11.
“Cada pessoa deve ser respeitada na sua dignidade e em seus direitos fundamentais” reiterou o Papa, ao pensar na tragédia da violência contra as mulheres:
Não podemos calar diante deste flagelo do nosso tempo. Não deixemos sem voz as mulheres vítimas de abuso, exploração, marginalização e pressões indevidas! Sejamos voz de sua dor e denunciemos com veemência as injustiças a que são submetidas, muitas vezes em contextos que as privam de qualquer possibilidade de defesa e redenção.
Inclusão, um princípio sagrado
Um claro “não” do Bispo de Roma a qualquer forma de discriminação contra as mulheres, assim como outras categorias frágeis da sociedade: a diversidade não pode levar à desigualdade, mas a uma grata e recíproca acolhida. Disto o apelo a “caminhar juntos”, integrando todos, “especialmente os mais frágeis a nível econômico, cultural, racial, religioso e de gênero”:
Ninguém deve ser excluído: este é um princípio sagrado. De fato, o projeto de Deus Criador é um projeto “essencialmente inclusivo”, que coloca precisamente no centro “os habitantes das periferias existenciais”; é um projeto que, como faz uma mãe, olha para seus filhos como aos diferentes dedos de uma mesma mão.
Mulheres e o bem comum
Neste sentido, segundo o Pontífice, a contribuição feminina para o bem comum é insubstituível e inegável: assim o demonstram as mulheres da Sagrada Escritura, determinantes em momentos decisivos da história da salvação; ou mesmo na história da Igreja figuras como Catarina de Sena, Josefina Bakhita, Edith Stein, Teresa de Calcutá “impressionam pela determinação, coragem, fidelidade, capacidade de sofrer e transmitir alegria, honestidade, tenaz humildade:
Nossa história está literalmente constelada de mulheres assim, quer daquelas famosas como das desconhecidas – mas não para Deus! – que levam adiante o caminho das famílias, das sociedades e da Igreja. Constatamos isso também aqui, no Vaticano, onde já são muitas as mulheres que “trabalham muito”, mesmo em cargos de grande responsabilidade.
Mente, coração e mãos, uma síntese no feminino
Da mesma forma, em um momento de profunda transformação, diante de mudanças epocais como a do progressivo e rápido desenvolvimento da inteligência artificial, as mulheres – segundo o Papa – podem ajudar a humanidade a não decair e elas têm muito a dizer por meio de sua capacidade de síntese das três linguagens: mente, coração e mãos:
É uma síntese própria somente do ser humano e que a mulher encarna de forma maravilhosa, como nenhuma máquina poderia realizar, porque não sente bater dentro de si o coração de um filho que traz no ventre, não desanda, cansada e feliz, ao lado da cama dos filhos, não chora de dor e alegria participando das dores e alegrias das pessoas que ama.
Francisco agradece aos participantes da audiência e elogia o livro que lhe foi apresentado, “resultado de uma notável variedade de contribuições” e da “colaboração, até então inédita, entre Universidades espalhadas pelo mundo e uma Fundação vaticana inteiramente leiga: “uma nova modalidade – aponta – em que a riqueza dos conteúdos advém do contributo de experiências, competências e modos de sentir complementares”. Multidisciplinaridade, multiculturalismo, partilha de diferentes sensibilidades são de fato, segundo o Papa, “valores importantes não só para um livro, mas para um mundo melhor”.
Fonte: Vatican News