O Papa escreve às Pontifícias Obras Missionárias reunidas em Assembleia Geral em Lyon, onde no próximo domingo o Cardeal Tagle beatificará Pauline Jaricot, fundadora da Obra para a Propagação da Fé: a conversão missionária da Igreja não é proselitismo, mas testemunho.
Mariangela Jaguraba
O Papa Francisco enviou uma mensagem às Pontifícias Obras Missionárias (POM) reunidas em Lyon, a partir desta segunda-feira (16/05), até o próximo dia 23, no Centro Valpré, para sua Assembleia Geral. Os 120 diretores nacionais das POM e o seu presidente, dom Giampietro Dal Toso, escolheram se encontrar nesta cidade francesa em concomitância com a beatificação de Pauline Jaricot, no próximo domingo, que 200 anos atrás fundou uma das quatro obras missionárias, a Obra de Propagação da Fé. O rito de beatificação será presidido pelo prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Luis Antonio Tagle. Pauline tinha 23 anos quando fundou o organismo para apoiar a atividade missionária da Igreja.
“Alguns anos depois, ela começou o ‘Rosário Vivo’, um organismo dedicado à oração e à partilha de ofertas. De família rica, Pauline morreu na pobreza: com sua beatificação”, afirma o Pontífice em sua mensagem, “a Igreja atesta que ela soube acumular tesouros no Céu”.
Este ano, celebra-se também o centenário de elevação da Obra da Santa Infância e da Obra de São Pedro apóstolo, ao título de “Pontifícia”. Mais tarde, acrescentou a essas obras, a Pontifícia União Missionária, que celebra 150 anos do nascimento de seu fundador, o Beato Paolo Manna.
Não proselitismo, mas testemunho
O Papa ressalta na mensagem que “esses aniversários se inserem na celebração dos 400 anos da Congregação De Propaganda Fide, à qual as Pontifícias Obras Missionárias estão intimamente ligadas e com as quais colaboram no apoio às Igrejas nos territórios confiados ao Dicastério, para a difusão do Evangelho em terras até então desconhecidas”. “O impulso evangelizador nunca falhou na Igreja e seu dinamismo fundamental sempre permanece. É por isso que eu quis que o Dicastério para a Evangelização assumisse um papel especial na renovada Cúria Romana para promover a conversão missionária da Igreja (Praedicate Evangelium, 2-3), que não é proselitismo, mas testemunho: sair de si para anunciar com a vida o amor gratuito e salvífico de Deus por nós, chamados a ser irmãos e irmãs”, frisa o Pontífice no texto.
“Pauline Jaricot gostava de dizer que a Igreja é de sua natureza missionária e que, portanto, cada pessoa batizada tem uma missão; aliás, é uma missão. Ajudar a viver essa consciência é o primeiro serviço das Pontifícias Obras Missionárias, um serviço que realizam com o Papa e em nome do Papa. Este elo das POM com o ministério petrino, estabelecido cem anos atrás, traduz-se em serviço concreto aos Bispos, às Igrejas particulares, a todo o Povo de Deus. Ao mesmo tempo, é sua tarefa, de acordo com o Concílio, ajudar os Bispos a abrir cada Igreja particular aos horizontes da Igreja universal”, ressalta ainda Francisco.
Os jubileus celebrados e a beatificação de Pauline Jaricot ofereceram ao Papa a ocasião para propor três aspectos que, graças à ação do Espírito Santo, contribuíram muito para o anúncio do Evangelho na história das POM.
Conversão missionária
Em primeiro lugar, a conversão missionária. Segundo o Papa, “a bondade da missão depende do caminho de saída de si mesmo, do desejo de não centralizar a vida em si, mas em Jesus que veio para servir e não para ser servido. Nesse sentido, Pauline Jaricot viu sua existência como uma resposta à misericórdia compassiva e terna de Deus: desde sua juventude ela procurou a identificação com seu Senhor, também através dos sofrimentos que passou, a fim de acender a chama de seu amor em cada pessoa. Aqui se encontra a fonte da missão, no ardor de uma fé que não se contenta e que, através da conversão, se torna a cada dia imitação, para canalizar a misericórdia de Deus nas estradas do mundo”.
Oração
Isso é possível, em segundo lugar, “apenas através da oração, que é a primeira forma de missão. Não foi por acaso que Pauline uniu a Obra de Propagação da Fé ao Rosário Vivo, como se reiterasse que a missão começa com oração e não pode ser cumprida sem ela. Sim, porque é o Espírito do Senhor que precede e permite todas as nossas boas obras: a primazia é sempre da sua graça. Caso contrário, a missão se tornaria uma corrida em vão”.
Concretude da caridade
Por fim, a concretude da caridade: “Junto com a rede de oração Pauline deu vida a uma coleta de ofertas em grande escala e de forma criativa, acompanhando-a com informações sobre a vida e as atividades dos missionários. As doações de muitas pessoas simples foram providenciais para a história das missões”, ressalta ainda Francisco.
“Queridos irmãos e irmãs que participam da Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias, espero que vocês sigam as pegadas deixadas por esta grande missionária, e que se deixem inspirar por sua fé concreta, por sua coragem audaz e sua criatividade generosa”, conclui o Papa em sua mensagem.
Fonte: Vatican News