Ao encontrar a família fundada por São Luís Orione no 150º aniversário do nascimento do santo, Francisco exorta a testemunhar o amor que se respira em comunidade, como confirmação do anúncio evangélico e como “prova de fogo”. Depois o convite a morder a língua, para evitar a fofoca, “um verme que corrompe”.
O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, 25, na Sala Clementina, no Vaticano, a grande Família dos Filhos da Divina Providência ou Orionitas, por ocasião dos 150 anos de nascimento do Fundador, São Luís Orione, e da conclusão do seu Capítulo Geral.
O Santo Padre iniciou sua saudação aos presentes cumprimentando o padre Tarcísio Gregório Vieira, que foi reconfirmado como Superior Geral da Congregação.
A seguir, referindo-se à Família carismática dos Orionitas, disse “trata-se de uma planta única, com muitos ramos, composta por religiosos, religiosas, consagradas seculares e leigos, todos nutridos pelo mesmo carisma de São Luís Orione, que nasceu há 150 anos, em Pontecurone, norte da Itália, precisamente dia 23 de junho de 1872”.
O Pontífice agradeceu ao Senhor que, daquela semente fez crescer uma grande planta, que, sob a sua sombra, acolhe, abriga e alivia tantas pessoas, sobretudo, os mais necessitados e infelizes. E acrescentou:
Enquanto vocês agradecem e festejam, sentem viva a força do carisma e compromisso exigente de ser seguidores e filhos da família de uma grande testemunha da caridade de Cristo: o compromisso de tornar presente, com a vida e a ação, o fogo da sua caridade no mundo, hoje marcado pelo individualismo e consumismo, eficiência e aparência.
Aqui, Francisco recordou o tema do Capítulo Geral dos Filhos da Divina Providência, que acaba de se concluir, com base em uma expressão típica do ardor apostólico de Dom Orione: “Façamos o sinal da Cruz e lancemo-nos, com confiança, no fogo dos novos tempos, para o bem do povo”. Assim, o Papa exortou os Orionitas a não manter este o fogo apenas em suas Casas e Comunidades, tampouco em suas obras, a “lançar-se no fogo dos novos tempos, para o bem do povo”, como disse Jesus: “Eu vim lançar fogo à terra e o que mais desejar senão que ele permaneça aceso?”
Neste sentido, Francisco explicou que o fogo de Cristo é um fogo bom, que não destrói, mas é um fogo de amor, que ilumina o coração das pessoas, aquece e vivifica.
De fato, disse o Papa, ”na medida em que a caridade de Cristo arder em seus corações, a sua presença e ação se tornam úteis a Deus e aos homens”. Por isso, o Capítulo Geral se deteve sobre a relação dos Orionitas com Deus, coração da sua identidade e renovação. Este fogo se nutre com uma vida de oração, meditação da Palavra e a graça dos Sacramentos, com a ação e a contemplação. E o Santo Padre afirmou:
Hoje, ser discípulos missionários, enviados pela Igreja, não é, antes de tudo, fazer alguma coisa ou uma atividade, mas uma identidade apostólica, continuamente alimentada na vida fraterna da comunidade religiosa ou da família… É importante cuidar da qualidade da vida comunitária, das relações e da oração comum: isto já é apostolado, porque é testemunho.
Com efeito, acrescentou Francisco, o testemunho de amor na comunidade e na família religiosa é a confirmação do anúncio evangélico, a “prova de fogo”.
O Santo Padre concluiu sua audiência à Família dos Orionitas recordando a exortação de “lançar-se no fogo”, encarando o mundo de hoje como apóstolos, com discernimento e coragem, sem medo e sem preconceitos. “As misérias deste nosso mundo devem ser a razão do nosso apostolado. O nosso tempo exige abertura às novas fronteiras e novas formas de missão”.
Manoel Tavares – Cidade do Vaticano