Papa aos jovens: voltar a partir apressadamente para encontros concretos

Jovens na JMJ do Panamá (Vatican Media)

Na mensagem aos jovens para a 37ª Jornada Mundial da Juventude que se realizará, em Lisboa, em agosto de 2023, o Papa convida a seguir os passos de Maria para encontrar Jesus e ir ao encontro de quem é diferente de nós. Recorda estes tempos difíceis marcados pela pandemia e pelo drama da guerra.

 

Por Mariangela Jaguraba 

Foi divulgada, nesta segunda-feira (12/09), a Mensagem do Papa Francisco para a XXXVII Jornada Mundial da Juventude que será celebrada na Solenidade de Cristo Rei, em 20 de novembro próximo, nas Igrejas particulares espalhadas pelo mundo, sobre o tema «Maria levantou-se e partiu apressadamente».

Francisco inicia o texto, recordando o tema da JMJ do Panamá: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra», reiterando que “depois daquele evento, retomamos o caminho para uma nova meta – Lisboa 2023 –, deixando ecoar em nossos corações o premente convite de Deus a levantar-nos”. O verbo levantar é uma palavra que “significa também «ressuscitar», «despertar para a vida»”.

“Nestes últimos tempos tão difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, e dilacerada pelo drama da guerra, Maria reabre para todos e em particular para vocês, jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro. Espero e creio fortemente que a experiência que muitos de vocês irão viver em Lisboa, no mês de agosto do próximo ano, representará um novo começo para vocês jovens, com vocês e para toda a humanidade”, ressalta o Papa.

Maria levantou-se

Depois da Anunciação, Maria “se levanta e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja a caminho, a Igreja que sai e se coloca a serviço, a Igreja portadora da Boa Nova. Também nós, como discípulos do Senhor e como Comunidade Cristã, somos chamados a erguer-nos apressadamente para entrar no dinamismo da ressurreição e deixar-nos conduzir pelo Senhor ao longo dos caminhos que Ele nos indicar». A Mãe do Senhor é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam parados diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem «alheados» nas redes. É a mulher pascal, num estado permanente de êxodo, de saída de si mesma para o Outro, com letra maiúscula, que é Deus e para os outros, os irmãos e as irmãs, sobretudo os necessitados, como era então a prima Isabel”.

…e partiu apressadamente

“Maria partiu apressadamente para a montanha. Deixou-se interpelar pela necessidade da sua prima idosa. Não ficou indiferente. Pensou mais nos outros do que em si mesma. E isto conferiu dinamismo e entusiasmo à sua vida. Perante uma necessidade concreta e urgente, é preciso agir apressadamente”, ressalta o Papa na mensagem, recordando que no mundo, muitas “pessoas esperam uma visita de alguém que cuide delas! Quantos idosos, doentes, presos, refugiados precisam do nosso olhar compassivo, da nossa visita, de um irmão ou uma irmã que ultrapasse as barreiras da indiferença!” “Maria é exemplo de jovem que não perde tempo a mendigar a atenção ou a aprovação dos outros – como acontece quando dependemos daquele «gosto» nas redes sociais –, mas move-se para procurar a conexão mais genuína, aquela que provem do encontro, da partilha, do amor e do serviço”, sublinha Francisco. Segundo o Papa, “a partir da Anunciação, desde aquela primeira vez quando partiu para ir visitar a sua prima, Maria não cessa de atravessar espaços e tempos para visitar os filhos carecidos da sua ajuda carinhosa”.

A pressa boa

Segundo Francisco, “uma pressa boa impele-nos sempre para alto e para o outro, mas há também uma pressa não boa, como, por exemplo, a pressa que nos leva a viver superficialmente, tomar tudo levianamente sem compromisso nem atenção, sem nos envolvermos realmente no que fazemos; a pressa de quando vivemos, estudamos, trabalhamos, convivemos com os outros sem colocarmos nisso a cabeça e menos ainda o coração”.

“Queridos jovens, é tempo de voltar a partir apressadamente para encontros concretos, para um real acolhimento de quem é diferente de nós, como acontece entre a jovem Maria e a idosa Isabel. Só assim superaremos as distâncias entre gerações, entre classes sociais, entre etnias, entre grupos e categorias de todo o gênero, e superaremos também as guerras. Os jovens são sempre a esperança de uma nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida, mas somente se tiverem memória, apenas se escutarem os dramas e os sonhos dos idosos”, ressalta o Papa, recordando que «não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está desaparecendo a geração que a viveu no século passado». Segundo Francisco, “há necessidade da aliança entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para superar as polarizações e os extremismos deste tempo. Maria é o modelo de como acolher este imenso dom na nossa vida e comunicá-lo aos outros, fazendo-nos por nossa vez portadores de Cristo, portadores do seu amor compassivo, do seu serviço generoso à humanidade sofredora”.

Todos juntos em Lisboa!

Por fim, o Pontífice recorda que “no início do século XX, Maria quis fazer uma visita especial, quando de Fátima lançou a todas as gerações a mensagem forte e maravilhosa do amor de Deus que chama à conversão, à verdadeira liberdade”. O Papa renova seu caloroso convite a “participar da grande peregrinação intercontinental dos jovens que culminará na JMJ de Lisboa em agosto do próximo ano. “Sonho, queridos jovens, que na JMJ vocês possam experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e irmãs. Depois de um prolongado período de distanciamento e separação, em Lisboa – com a ajuda de Deus – reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz, o abraço de uma nova fraternidade missionária”, conclui Francisco.

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