Como último compromisso da viagem apostólica a Ásia e Oceania, nesta sexta-feira (13/09), Francisco encontrou-se com jovens de diferentes religiões no Colégio Católico de Singapura. De forma espontânea, o Pontífice conversou com os presentes convidando-os a sempre seguir com coragem o caminho da unidade e recordou: “toda ditadura na história, a primeira coisa que faz é cortar o diálogo”.
Nesta sexta-feira 13 de setembro, o Papa Francisco participou de um diálogo inter-religioso com jovens, realizado no Colégio Católico em Singapura. Cerca de 600 participantes de mais de 50 escolas e organizações inter-religiosas compareceram ao evento. Este foi o último compromisso do Pontífice antes de sua partida da Ásia para Roma, após sua 45ª Viagem Apostólica Internacional por quatro nações, que também o levou à Indonésia, Papua Nova Guiné e Timor-Leste.
Unidade na diversidade
O Santo Padre foi acolhido com testemunhos de um jovem hindu, uma jovem sikhi e uma católica. Os três representantes juvenis, falaram sobre os frutos e os desafios na promoção do diálogo inter-religioso, bem como diante dos cenários da atualidade, como as guerras, o egoísmo, o mau uso da inteligência artificial e ao final de cada fala, apresentaram também uma pergunta ao Papa.
Francisco, após esse momento, deixou o discurso preparado para a ocasião de lado e desenvolveu com os jovens um diálogo espontâneo, com perguntas e respostas e principalmente, reagindo às realidades apresentadas pelos jovens, encorajando-os a seguirem seu percurso com coragem e esperança.
Sair das zonas de conforto
Os jovens são corajosos, enfatizou o Papa, porque buscam a verdade, porque caminham, porque são criativos. “Mas a juventude”, alertou, “deve tomar cuidado para não cair nas ‘críticas de sofá’”. A crítica, explicou Francisco, deve ser construtiva; caso contrário torna-se destrutiva, sem abrir caminho para o novo. É preciso ter a coragem de criticar e de se deixar ser criticado pelos outros e “este é o diálogo sincero entre os jovens”:
“Os jovens devem ter a coragem de construir, de seguir em frente, de sair das zonas de conforto. Um jovem que escolhe viver sempre sua vida de forma confortável, é um jovem que engorda, mas não engorda a barriga, engorda a mente. Por isso, eu digo aos jovens: arrisquem, saiam, não tenham medo. O medo é uma atitude ditatorial que te paralisa.”
As redes sociais não devem escravizar
Francisco também abordou um tema que lhe é muito caro, levantado pelas palavras dos jovens: o uso dos meios de comunicação. O Papa sublinha que, quem não os usa corre o risco de tornar-se um jovem “fechado” e por outro lado, quem os usa excessivamente, aparentando estar sempre disperso, se torna um jovem escravo dessas redes sociais.
“Todos os jovens devem usar os meios de comunicação, mas usá-los para que nos ajudem a seguir em frente, não para que nos tornem escravos.”
Todas as religiões levam a Deus
Francisco elogiou a juventude pela sua capacidade de promover o diálogo inter-religioso e destacou que “todas as religiões são um caminho para chegar a Deus” e que nenhuma é mais importante que a outra.
“São como diferentes línguas, diferentes idiomas para chegar até um objetivo. Mas Deus é Deus para todos. E assim como Deus é Deus para todos, nós somos todos filhos de Deus.”
O bullying é uma agressão
A juventude é a fase da coragem, que junto com o respeito, é necessária para o diálogo. Francisco, como já fez no passado, alertou contra o grave fenômeno do bullying que seja, verbal ou físico, é sempre uma agressão. Porém, recordou o Papa com um exemplo doloroso, sofre quem é mais fraco, principalmente as crianças com deficiência.
“Assim como temos nossas próprias deficiências, devemos respeitar as deficiências dos outros. Isso é importante. Por que digo isso? Porque superar essas coisas ajuda no que vocês fazem, o diálogo inter-religioso. Porque o diálogo inter-religioso se constrói com o respeito aos outros, e isso é muito importante.”
Dialogar sempre
Francisco se despediu dos jovens de Singapura convidando-os a fazer tudo o que for possível para manter uma atitude corajosa e promover um espaço onde os jovens possam entrar e dialogar:
“E se vocês dialogarem quando jovens, dialogarão ainda mais quando adultos, dialogarão como cidadãos, como políticos. Arrisquem! E quando passar um tempo e vocês já não forem mais jovens, quando forem adultos e também avós, ensinem todas essas coisas às crianças.”
O compromisso dos jovens
Na conclusão do encontro, após o discurso do Papa e um momento de oração silenciosa, os jovens recitaram juntos a “Promessa da Geração Futura de se comprometer com a Unidade e a Esperança”, com as seguintes palavras:
“Nós, a geração futura, nos comprometemos a ser um farol de unidade e esperança na promoção da cooperação e das amizades que alimentam a coexistência harmoniosa entre pessoas de diferentes crenças.”
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