Na missa que reuniu os 20 novos cardeais e o Colégio Cardinalício na Basílica de São Pedro no final da tarde desta terça-feira (30), Francisco refletiu sobre a importância de uma dupla admiração: “de estar na Igreja, de ser Igreja! E é isso que torna atraente a comunidade dos crentes, primeiro para si e depois para todos: o duplo mistério de ser abençoado em Cristo e ir com Cristo ao mundo”.
Por Andressa Collet
A Capela Papal da Basílica de São Pedro recebeu os novos cardeais e o Colégio Cardinalício para uma celebração eucarística presidida pelo Papa Francisco. A missa concluiu um encontro de dois dias a portas fechadas no Vaticano entre o Pontífice e os poucos menos de 200 cardeais, que aprofundou a Praedicate Evangelium, a Constituição Apostólica em vigor desde 5 de junho que reformou a Cúria Romana.
A dupla admiração
A homilia proferida pelo Papa refletiu sobre uma dupla admiração: a de Paulo perante o desígnio de salvação de Deus (cf. Ef 1, 3-14) e a dos discípulos, incluindo o próprio Mateus, no encontro com Jesus ressuscitado, que os enviou em missão (cf. Mt 28, 16-20). Dois territórios, disse Francisco, de estar em Cristo e com Cristo, “onde sopra forte o vento do Espírito Santo” e de onde brota o encorajamento para que os cardeais saibam “se maravilhar com o desígnio de Deus”, amando “apaixonadamente a Igreja”, prontos a servir em missão a todos os povos, assim como foi para São Paulo Apóstolo.
Uma missão que seja sempre acompanhada dessa grata admiração pela história da salvação, através do “louvor, bênção, adoração e gratidão que reconhece a obra de Deus”. Uma admiração que também pode ser experimentada de outra forma, recordou o Papa:
“Desta vez, não é o próprio plano de salvação que nos encanta, mas o fato – ainda mais surpreendente – de que Deus nos envolve no seu plano: é a realidade da missão dos apóstolos com Cristo ressuscitado.”
Admiração é caminho de salvação
Os “onze discípulos” ouviram as palavras do Senhor para seguir evangelizando o mundo com a promessa final de “esperança e consolação: ‘Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos’ (v. 20). Estas palavras do Ressuscitado ainda têm força para fazer vibrar nossos corações, dois mil anos depois”, disse o Pontífice. Uma admiração que não é diferente daquela vivida pelos cardeais reunidos hoje com o Papa:
“Irmãos, esta admiração é um caminho de salvação! Que Deus a mantenha sempre viva em nós, porque nos liberta da tentação de nos sentirmos ‘à altura’, de nutrir a falsa segurança de que hoje, na realidade, é diferente, não é mais como era no início, hoje a Igreja é grande, é sólida, e nos situamos nos graus eminentes de sua hierarquia… Sim, há alguma verdade nisso, mas também há tanto engano, com que o Mentiroso tenta mundanizar os seguidores de Cristo e torná-los inofensivos.”
Em Cristo e com Cristo
O Papa conduziu a homilia especialmente aos 20 novos cardeais criados no oitavo Consistório do seu pontificado, entre os quais, o arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa, e o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner. E, também, aos quatro países pela primeira vez representados – Mongólia, Paraguai, Cingapura e Timor Leste – ao concluir:
“A Palavra de Deus hoje desperta em nós admiração de estar na Igreja, de ser Igreja! E é isso que torna atraente a comunidade dos crentes, primeiro para si e depois para todos: o duplo mistério de ser abençoado em Cristo e ir com Cristo ao mundo. Essa admiração não diminui em nós com o passar dos anos, nem diminui com o crescimento das nossas responsabilidades na Igreja. Graças a Deus não. Fortalece-se, torna-se mais profunda. Estou certo de que é assim também para vocês, queridos Irmãos, que entram a fazer parte do Colégio Cardinalício.”
Fonte: Vatican News