Queridos irmãos e irmãs,
Há um ano de enfrentamento da COVID-19, continuamos vivenciando tempos difíceis em um cenário mundial, exigindo de cada um de nós cuidados ainda maiores em preservação da vida.
Estamos em um tempo litúrgico muito especial na nossa Igreja, tempo de penitência e de conversão que nos leva, abraçar a cruz e passar pelo calvário, para celebrar a glória da ressurreição do Senhor.
Nas vias-sacras da vida temos feito a experiência do sofrimento e da dor, uns mais, outros menos. Nesta caminhada temos nos encontrado com inúmeros cireneus, pessoas bondosas e disponíveis que nos apareceram pelo caminho e que mesmo carregando suas cruzes, ajudaram a carregar também as nossas. Diante das nossas quedas, o Senhor tem nos amparado e sustentado para que não ficássemos no chão, pois caminhar é preciso. Não se trata de um caminhar qualquer, em meio a um caminho que não nos leva a nada. Se trata de um percurso necessário para o ressurgimento para uma vida nova.
No ano de 2020, não com menos intensidade e fé, celebramos a Semana Santa com as nossas igrejas fechadas, e cada qual de sua igreja doméstica. Uma experiência muito difícil, porém, naquele momento necessária, pois se celebramos a vida não podemos promover nada que venha atentar contra ela. Hoje, mesmo que reduzidos em nossas igrejas devido ao distanciamento que precisamos continuar mantendo, iremos celebrar com alegria o mistério da nossa fé, a Páscoa do Senhor.
Como Igreja, sentimo-nos comprometidos, mesmo que limitados, a celebrar este momento importante como momento de comunhão eclesial, de forma presencial ou através dos meios de comunicação que têm possibilitado nosso encontro para celebrarmos a fé que nos une e o amor que nos irmana.
Mesmo que envoltos em sentimentos de preocupações e incertezas com a pandemia do novo Coronavírus e suas variantes que nos ameaçam o tempo todo, nos resta acreditar em tempos melhores que estão por vir. Mediante a vivência de nossa fé, nossa esperança se renova e nos leva a caminhar firmes e não entregarmos às dificuldades que nos são impostas no tempo presente.
O sentimento é de gratidão a Deus por ver tantas coisas bonitas que o mundo está experimentando nesta situação inusitada, e quase misteriosa. Nossos lares têm se tornado, mais do que antes, lugar do acolhimento e da vivência da Palavra de Deus. Aliás, pelas novas mídias a Igreja tem cumprido sua missão de evangelizar, fazendo-se chegar intensamente em nossos lares e no coração de muitos.
Na Semana Santa deste ano de 2021, a Igreja nos convida a estarmos abertos para acolher, festivamente, entusiasticamente, Jesus que vem para iniciar, de novo, o seu reinado. Tudo o que está acontecendo nos leva a dizermos: “Hosana ao filho de Davi”! É o Senhor, em sua majestade em meio à simplicidade, que entra nas Jerusaléns das nossas vidas, de nossos lares e cidades.
Celebrar a Semana Santa em meio a este tempo, é, pois, tomar em nossas mãos os ramos da alegria e da esperança e estender, outra vez, ao chão, os mantos de nossas vidas a Cristo que vem chegando, vindo em nossa direção, pleno de misericórdia.
Após a entrada solene de Jesus em Jerusalém, houve um tempo de terríveis provações, mas, a seguir, veio a nova vida que brotou da morte. No correr do tempo, houve o sacrifício da cruz, da lança que abriu o peito do Senhor. Porém, houve também momentos de lava-pés, de instituição da Eucaristia e do sacerdócio cristão. O silêncio que se instaurou com a retirada do Noivo, se cessou com a alegre notícia da ressurreição do Senhor.
Em meio a este cenário para nós ainda novo, Deus está nos possibilitando celebrar os santos mistérios da paixão, morte e ressurreição do Seu Divino Filho. O tempo é novo, celebrado em meio a inúmeras restrições, porém o mistério é o mesmo, tal qual a finalidade da entrega do Senhor: a salvação da humanidade.
Queridos irmãos, desta amada Diocese de Itabira-Cel. Fabriciano, desejo uma abençoada Semana Santa. Que Deus os cubra de graças para que possam viver santamente este tempo favorável da manifestação de seu amor.
Que Nossa Senhora, a Virgem das Dores, nos ajude a superar nossos momentos difíceis e a mantermos de pé, mesmo diante da Cruz. Que pelas suas mãos maternais, Deus os abençoe imensamente. Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
Itabira, 03 de março de 2021
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)