Paixão e morte: caminho obrigatório da ressurreição

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por Frei Clarêncio Neotti

 

Não sabemos qual tenha sido o monte em que Jesus se transfigurou. Como o Evangelho fala em ‘alto monte’, a tradição o identificou com o Monte Tabor, o único monte alto da região, com 588 metros de altura, e já tido, havia muito tempo, como montanha sagrada. Na verdade, não interessa a Mateus o problema geográfico, mas o simbólico. A grande aliança de Deus com o povo no deserto acontecerá no alto do Sinai, e as tábuas da Lei eram o sinal concreto, visível e viável, do pacto entre Deus e o povo eleito: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (Lv 26,12). Jesus está agora caminhando para o momento decisivo da recriação da aliança entre Deus e o povo, está para fazer a “nova e eterna aliança”, como dizem as palavras da Consagração na missa, já não mais gravada em pedra, mas escrita com seu sangue no coração de cada criatura humana.

No Sinai, o povo traiu a aliança e preferiu um bezerro de ouro (Ex 32). Agora, pouco antes do episódio da Transfiguração, o povo se divide: a maioria se nega a aceitar a pregação de Jesus; e a minoria torna-se a dividir: uns esperam para logo um reino terreno de liberdade política, liderado por Jesus; outros estão perplexos, apesar da declaração de Pedro, que professara em nome dos doze: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Tanto a incredulidade da maioria quanto o comportamento dúbio da minoria vêm anotados por Mateus no contexto da Transfiguração. Jesus seleciona três entre os que ainda podiam crer, e que se tornariam “as colunas da Igreja”, (Gl 2,9) e os leva para o monte, confirma-lhes o caminho da paixão como passagem obrigatória para a ressurreição.

Fonte: Franciscanos


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

 

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