Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)
O sentido da Páscoa tem sido manifestado através de diversos símbolos. Nem sempre bem compreendidos e valorizados. Alguns deles, como coelhos e ovos de chocolate, acabaram reduzidos a artigos de consumo cada vez mais refinados, tornando-se difícil reconhecer o seu sentido pascal. Muitos se perguntam: O que o coelho tem a ver com o ovo? Ou o que ambos têm a ver com a Páscoa? Embora possam ofuscar o verdadeiro sentido pascal, para entendê-los, é preciso recordar a razão de ser da Páscoa: a ressurreição de Jesus! Jesus ressuscitou! A vida venceu a morte! À luz deste significado maior, podemos compreender o sentido que se quer atribuir a ovos e coelhos como símbolos pascais. Os ovos são símbolos da vida que nasce; os coelhos, conhecidos pela fertilidade, também estão associados à vida abundante. Contudo, por mais que se possa atribuir significado pascal a eles, nada se compara aos dois maiores e mais genuínos símbolos pascais: o cordeiro e o círio pascal, que representam o próprio Cristo morto e ressuscitado. Ambos representam o próprio Cristo morto e ressuscitado, embora o cordeiro não receba a mesma visibilidade do círio, que conta com rito próprio na Vigília Pascal.
O Círio Pascal é a grande vela acesa na Vigília Pascal, no qual se encontram gravadas as letras A e Z ou suas correspondentes Alfa e Ômega, no alfabeto grego, lembrando que Cristo é o princípio e o fim de tudo. Nele estão gravados também os algarismos representando o ano em que se celebra a Páscoa, expressando a sua atualidade, e uma grande cruz, na qual são inseridos cinco cravos, recordando as marcas da Paixão. O Cristo glorioso é o mesmo Jesus que doa sua vida na cruz, conforme o célebre episódio do encontro de Tomé com Jesus.
O Cordeiro é um símbolo pascal de origem bíblica, utilizado na celebração da Páscoa judaica. Jesus é o novo cordeiro pascal, cujo sacrifício traz a vida e a salvação; sua morte coincide com o sacrifício dos cordeiros no templo de Jerusalém, segundo a narrativa joanina da Paixão. Na iconografia cristã, Cristo é representado por um Cordeiro, como nas imagens de S. João Batista, que apresentou Jesus aos primeiros discípulos, como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Essa riqueza dos símbolos pascais quer ajudar a compreender e a viver a Páscoa, levando a entoar com a voz e a vida o “aleluia” pascal, expressão alegre e solene de louvor, verdadeiro símbolo sonoro da Páscoa da Ressurreição de Jesus.
Neste tempo de pandemia, a Páscoa traz a esperança da vitória da vida sobre a morte. Na ressurreição de Jesus, a vida venceu a morte, o amor triunfou sobre o ódio e a violência. Diante dos desafios e graves problemas do mundo de hoje, não podemos perder a esperança, nem desistir de trilhar o caminho do amor e da paz.
CNBB