Não podemos ficar “de braços cruzados”, mas abrir os braços, como o Cristo Redentor: de Pio XII a Francisco, o símbolo do Brasil também esteve presente nos discursos dos Papas como metáfora de acolhimento da Boa Nova.
Pio XII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco: cinco Pontífices e inúmeras referências à estátua que está completando 90 anos. Todavia, apenas um Papa viu o monumento de perto e foi São João Paulo II. Francisco chegou perto, ao sobrevoá-lo por ocasião de sua visita ao Rio de Janeiro em julho de 2013.
Mas a beleza e a majestade deste símbolo inspiraram profundas menções em vários discursos e mensagens dos Papas ao povo brasileiro, dos quais selecionamos alguns trechos:
Pio XII – Discurso ao novo embaixador do Brasil para apresentação de suas credenciais em 3 de maio de 1948:
“O povo brasileiro, que a Cristo, Principe de paz e do amor, erigiu no alto do Corcovado um monumento, qual não se poderia imaginar nem mais belo, nem mais comovente, deve estar pronto a resistir com todas as suas fôrças, com inconcussa vigilância, com inabalável firmeza à patente ou dissimulada invasão dos inimigos de Cristo, destruidores dos valores cristãos e da sã e inviolável liberdade da consciência humana.”
Paulo VI – Radiomensagem à nação brasileira pelo IV centenário do Rio de Janeiro em 1º de janeiro de 1965:
“São Sebastião do Rio de Janeiro, cidade velha, mas sempre moderna, está hoje em festa a comemorar o quarto centenário da sua existência. Fiel à Fé Católica desde o seu nascimento, levantou um monumento a Cristo Redentor por cima das pedras de Gávea, no Monte do Corcovado. Na noite de 12 de Outubro de 1931, Marconi, servindo-se das maravilhas da técnica, do Porto de Génova, montado sobre o «Eletra», acendia a iluminação desse monumento. E aí está a Imagem do Senhor, de braços abertos, a proteger essa bela cidade e, com ela, todo o Brasil.”
João Paulo II, visita à estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado em 2 de julho de 1980:
“Redentor! Os braços abertos, abraçam a cidade aos seus pés! Feita de luz e cor e, ao mesmo tempo, de sombras e escuridão, a cidade é vide e alegria mas é também uma teia de aflições e sofrimentos, de violência e desamor, de ódio, de mal e de pecado. Radiosa á luz do sol, silhueta luminosa suspensa no ar à noite, o Redentor, em pregação muda mas eloquente, aqui continua a proclamar que “Deus é luz”(1Jo 1,7), “é amor” (1Jo 1,7). Um amor maior do que o pecado, do que a fraqueza e do que a “caducidade do que foi criado” (cf. Rm 8, 20), mais forte do que a morte). (…)
Símbolo do amor, apelo à reconciliação e convite à fraternidade, Cristo Redentor aqui proclama continuamente a força da verdade sobre o homem e sobre o mundo, da verdade contida no mistério da sua Encarnação e Redenção.”
Bento XVI, mensagem para a JMJ do Rio de Janeiro de 18 de outubro de 2012
“Seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.”
Francisco, mensagem pelos 450 anos de fundação do Rio de Janeiro em 1º de janeiro de 2015:
“Hoje, se pudéssemos nos colocar na perspectiva do Cristo Redentor, que do alto do Corcovado domina a geografia da cidade, o que é que nos saltaria aos olhos? Sem dúvida, em primeiro lugar, a beleza natural que justifica seu título de Cidade Maravilhosa; porém, é inegável que, do alto do Corcovado, percebemos igualmente as contradições que mancham esta beleza. Por um lado, o contraste gerado por grandes desigualdades sociais: opulência e miséria, injustiças, violência… Por outro, temos o que poderíamos chamar de cidades invisíveis, grupos ou territórios humanos que possuem registros culturais particulares. Às vezes parece que existem várias cidades, cuja coexistência nem sempre é fácil numa realidade multicultural e complexa. Mas, diante deste quadro, não percamos a esperança! Deus habita na cidade! Jesus, o Redentor, não ignora as necessidades e sofrimentos de quantos estão aqui na terra! Seus braços abertos nos convidam a superar estas divisões e construir uma cidade unida pela solidariedade, justiça e paz.
E qual seria o caminho a seguir? Não podemos ficar “de braços cruzados”, mas abrir os braços, como o Cristo Redentor.”