“Quando penso na Eucaristia e olho para a minha vida de sacerdote, de Bispo, de Sucessor de Pedro, espontaneamente ponho-me a recordar tantos momentos e lugares onde tive a dita de celebrá-la. (…)Pude celebrar a Santa Missa em capelas situadas em caminhos de montanha, nas margens dos lagos, à beira do mar; celebrei-a em altares construídos nos estádios, nas praças das cidades… Este cenário tão variado das minhas celebrações eucarísticas faz-me experimentar intensamente o seu carácter universal e, por assim dizer, cósmico. Sim, cósmico! Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação. O Filho de Deus fez-Se homem para, num supremo ato de louvor, devolver toda a criação Àquele que a fez surgir do nada. Assim, Ele, o sumo e eterno Sacerdote, entrando com o sangue da sua cruz no santuário eterno, devolve ao Criador e Pai toda a criação redimida. Fá-lo através do ministério sacerdotal da Igreja, para glória da Santíssima Trindade. Verdadeiramente este é o mysterium fidei que se realiza na Eucaristia: o mundo saído das mãos de Deus criador volta a Ele redimido por Cristo” [8] (João Paulo II – Ecclesia de Eucharistia, 2003).
A doçura que São João Paulo II imprime em suas palavras ao falar da Eucaristia nos inspira a pensar na grandeza desse mistério.
Não nos compete, no entanto, compreendê-lo e tentar explicá-lo a partir da razão e da ciência. Como disse Jesus a Paulo: “A minha graça te basta” (2Cor 12,9). Basta-nos, portanto, a fé – que nada mais é do que a própria Graça de Deus sobre os que creem.
Tão grande mistério só pode ser celebrado em um ambiente digno. Tal como Maria, irmã de Lázaro, que não economizou ao ungir Jesus com um perfume precioso, a Igreja também exprime seu enlevo e adoração mantendo-se fiel à liturgia cristã.
“Se a ideia do « banquete » inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de banalizar esta « intimidade » com o seu Esposo, recordando-se que Ele é também o seu Senhor e que, embora « banquete », permanece sempre um banquete sacrificial, assinalado com o sangue derramado no Gólgota. O Banquete eucarístico é verdadeiramente banquete « sagrado », onde, na simplicidade dos sinais, se esconde o abismo da santidade de Deus: O Sacrum convivium, in quo Christus sumitur! – « Ó Sagrado Banquete, em que se recebe Cristo! » [48] (João Paulo II – Ecclesia de Eucharistia, 2003).
Pela importância de tal mistério, os objetos litúrgicos (alfaias) que servem ao culto divino são feitos em material nobre, ornados de tal maneira que invoquem a riqueza dos mistérios que eles servem. “A Igreja preocupou-se com muita solicitude em que as alfaias sagradas contribuíssem para a dignidade e beleza do culto, aceitando no decorrer do tempo, na matéria, na forma e na ornamentação, as mudanças que o progresso técnico foi introduzindo” [122] (Sacrosanctum Concilium).
Vejamos agora alguns dos mais importantes objetos litúrgicos:
Âmbula – também chamada de cibório ou píxide.
É utilizada para a conservação e distribuição das hóstias consagradas aos fiéis.
Cálice – recipiente onde se consagra o vinho durante a missa.
Patena – pequeno prato, geralmente de metal, utilizado na consagração do pão. Também é usada na distribuição da comunhão, para prevenir a possibilidade de queda das partículas consagradas ou partes delas.
Hóstia – pão não fermentado (ázimo) circular. Ao pão maior chamamos hóstia, consagrada e consumida pelo sacerdote durante a missa. Aos menores, consagrados e distribuídos aos fiéis, chamamos partículas. As partículas guardadas no sacrário para adoração dos fiéis (e que são consumidas na missa seguinte) são denominadas de reserva eucarística.
OSTENSÓRIO – Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração dos fiéis e para dar a bênção eucarística. Em nossa Paróquia, na Matriz de Nossa Senhora da Saúde, a adoração ao Santíssimo Sacramento acontece às quintas-feiras, a partir das 7h e culmina com a bênção antes da missa das 19h.
Luneta – Peça do Ostensório onde se coloca a hóstia consagrada, para a exposição do Santíssimo. É uma peça móvel e tem a forma de meia-lua.
Teca – pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os doentes. Usa-se também, em tamanho maior, na celebração eucarística, para conter as partículas.
Galhetas – dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a celebração da missa.
Caldeirinha e aspersório – a caldeirinha é o recipiente utilizado para colocar água benta para a aspersão. O aspersório é um pequeno bastão metálico com o qual a água benta é aspergida.
Bacia e Jarra – usadas no rito do “lavabo”, não só na missa, mas também na celebração de sacramentos, como o Batismo, a Crisma, a Unção dos Enfermos etc., em que há imposição do óleo.
Turíbulo – Vaso utilizado nas incensações durante a celebração. Nele se colocam as brasas e o incenso.
Naveta – Pequeno vaso onde se transporta o incenso nas celebrações litúrgicas.
Pala – cartão quadrado, revestido de pano, utilizado para cobrir a patena e o cálice.
Corporal – tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a patena com o pão.
Sanguíneo – Chamado também purificatório. É um tecido retangular, com o qual o sacerdote, depois da comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os dedos.
Manustérgio – toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do lavabo.
Círio Pascal – vela grande, que é benzida solenemente na Vigília Pascal do Sábado Santo e que permanece acesa nas celebrações até o Domingo de Pentecostes. Acende-se também nas celebrações do Batismo. Na liturgia, representa a luz de Cristo.
Cruz – nos remete ao sacrífico de Jesus Cristo. Pode ser a que guia a procissão de entrada, mas também uma cruz menor, que pode ficar sobre o altar, ou perto dele. Ambas, no entanto, devem trazer a imagem do Crucificado (cf. IGMR 117.122.308), mas somente uma fica na celebração. A do altar recomenda-se que permaneça junto a ele também fora das celebrações litúrgicas, e pode, eventualmente, ser trazida na procissão de entrada.