O Sacramento dos enfermos

História do sacramento no Ocidente

 

A carta do Papa Inocêncio I a Decentius de Gubbio (março de 416) contém a primeira referência oficial da Igreja ao texto de Tiago 5, 13-15, a propósito da unção a ser dada aos enfermos: “Alguém entre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo com óleo em nome da Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé, e se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados” (Tg 5, 13-15). O rito consiste em oração sobre o doente acompanhada de unção de óleo.

A partir da reforma da época de Carlos Magno o centro de interesse vai progressivamente se deslocar da bênção do óleo para a administração da unção. A Igreja intervém diretamente na administração do sacramento e unção com óleo reservada aos padres. Nos rituais, o reconforto espiritual e o efeito purificador do sacramento com relação aos pecados toma o primeiro plano. No termo da evolução a fórmula que acompanha a unção torna-se praticamente uma fórmula de absolvição penitencial. Esta só podia ser administrada depois da reconciliação do penitente com a Igreja. A não reiteração da penitência canônica, vai necessariamente adiar a recepção do sacramento para o fim da vida. A partir do século X ele passa a ser chamado de extrema unção, um complemento do rito de reconciliação e preparação para a Glória.

Diante da posição de Lutero que colocava em dúvida a validade do sacramento, Trento dirá que o sacramento foi instituído por Cristo como um dos sete sacramentos , sugerido por Marcos 6,13, recomendado aos fiéis e promulgado na epístola de Tiago. Afirma que ele representa muito adequadamente a graça do Espírito Santo com a qual o enfermo é ungido invisivelmente, de alguma forma vinculado ao sacramento da confirmação. Esta graça do Espírito apaga os pecados se existem a expiar bem como as sequelas do pecado, alivia e fortifica a alma do enfermo e lhe obtém a saúde do corpo quando isto for útil para a alma, precisa o decreto. De outro lado, o Concilio de Trento distancia-se de prática do século precedente; O destinatário do sacramento não , é somente a pessoa em artigo de morte, mas todo doente enfrentando a morte.

O ritual do Vaticano II coloca em destaque a dimensão pascal e eclesial da unção. Lumen Gentium já havia distinguido claramente a enfermidade e a proximidade da morte. Não era mais questão de extrema unção, mas sacramento dos enfermos. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Pela santa unção dos enfermos e oração dos sacerdotes é a Igreja inteira que recomenda os enfermos ao Senhor sofredor e glorificado para que ele os alivie e salve. Mais ainda, ela os exorta a se associarem livremente à paixão e morte de Cristo contribuindo com sua parte para o bem do Povo de Deus” O Concilio do Vaticano II propunha assim uma verdadeira consagração eclesial do doente que coopera, com sua união com Cristo, da redenção do gênero humano e recebe assim uma missão em benefício do corpo místico da Igreja”.

Fonte: Franciscanos

Fonte inspiradora:
Vincent Guibert
L’onction des malades:
sacrement de la tendresse de Dieu
Nouvelle Revue Théologique 134, 2021, p. 215-232

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