“Profeta é aquele que, em virtude do Batismo, ajuda os outros a ler o presente sob a ação do Espírito Santo. É muito importante ler o presente não como uma crônica, mas lê-lo como iluminado e sob a ação do Espírito Santo que ajuda a compreender os projetos de Deus e a corresponder a eles”, disse Francisco no Angelus dominical.
«Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta». Com esta frase de Jesus que fala sobre o profeta, extraída do capítulo 10, versículo 41 do Evangelho de Mateus, o Papa Francisco iniciou a alocução do Angelus do domingo, 2 de julho.
Da janela da residência pontifícia vaticana, o Santo Padre se dirigiu aos fiéis na Praça São Pedro e demais partes do mundo, fazendo a seguinte pergunta: “Mas quem é o profeta?”
“Há quem o imagine como uma espécie de mágico que prediz o futuro; esta é uma ideia supersticiosa e o cristão não acredita em superstições, como magia, cartas, horóscopos ou coisas semelhantes. Mas, a propósito, muitos, muitos cristãos procuram quem lê as palmas das mãos! Por favor! Outros retratam o profeta apenas como um personagem do passado, que existiu antes de Cristo para preanunciar sua vinda”, disse ainda Francisco, acrescentando que “o próprio Jesus fala hoje da necessidade de acolher os profetas; portanto, eles ainda existem, mas quem são? Quem é o profeta?”
Profeta, irmãos e irmãs, é cada um de nós: de fato, com o Batismo, todos nós recebemos o dom e a missão da profecia. Profeta é aquele que, em virtude do Batismo, ajuda os outros a ler o presente sob a ação do Espírito Santo. É muito importante ler o presente não como uma crônica, mas lê-lo como iluminado e sob a ação do Espírito Santo que ajuda a compreender os projetos de Deus e a corresponder a eles. Em outras palavras, o profeta é aquele que indica aos outros Jesus, que dá testemunho dele, que ajuda a viver o hoje e a construir o amanhã de acordo com os seus desígnios. Portanto, todos nós somos profetas, testemunhas de Jesus «para que a força do Evangelho resplandeça na vida cotidiana, familiar e social».
Segundo o Pontífice, “o profeta é um sinal vivo que indica Deus aos outros, o profeta é um reflexo da luz de Cristo no caminho dos irmãos. Assim, podemos nos perguntar, cada um de nós: eu, que fui “eleito profeta” no Batismo, falo e, sobretudo, vivo como testemunha de Jesus? Levo um pouco de sua luz na vida de alguém? Eu me verifico quanto a isso? Eu me pergunto: como está meu testemunho, como está minha profecia?”
“No Evangelho, o Senhor também pede para acolher os profetas“, recordou o Papa. “Por isso, é importante acolher-nos como tais, como portadores de uma mensagem de Deus, cada um segundo o seu status e vocação, e fazê-lo onde vivemos, ou seja, na família, na paróquia, nas comunidades religiosas, nas outras áreas da Igreja e da sociedade. O Espírito distribuiu dons de profecia no santo povo de Deus: por isso é bom ouvir a todos”, sublinhou.
Por exemplo, quando se deve tomar uma decisão importante, é bom primeiro rezar, invocar o Espírito, mas depois escutar e dialogar, na confiança de que todos, mesmo o mais pequenino, têm algo importante a dizer, um dom profético para compartilhar. Assim se busca a verdade e se difunde um clima de escuta de Deus e dos irmãos, no qual as pessoas não se sentem acolhidas apenas se dizem aquilo que eu gosto, mas se sentem acolhidas e valorizadas como dons pelo que são.
A seguir, Francisco pediu para pensar “em quantos conflitos poderiam ser evitados e resolvidos assim, ouvindo os outros com o desejo sincero de se entender”! Convidou a todos a se fazerem as seguintes perguntas: “Sei acolher os irmãos e irmãs como dons proféticos? Acredito que preciso deles? Escuto-os com respeito, com o desejo de aprender? Porque cada um de nós precisa aprender com os outros.”
“Que Maria, Rainha dos Profetas, nos ajude a ver e acolher o bem que o Espírito semeou nos outros”, concluiu.
O Papa: não nos cansemos de rezar pela paz
Neste primeiro Angelus do mês de julho, o Papa recorda os muitos conflitos que ensanguentam várias partes do mundo. Lembra o conflito na Ucrânia e outras guerras muitas vezes esquecidas.
Após a oração mariana do Angelus deste domingo (02/07), o Papa Francisco fez o seguinte apelo:
Também neste período de verão não nos cansemos de rezar pela paz, especialmente pelo povo ucraniano, tão provado. E não nos esqueçamos das outras guerras, infelizmente muitas vezes esquecidas, e os numerosos conflitos e confrontos que ensanguentam muitos lugares da Terra. Há tantas guerras hoje! Interessemo-nos pelo que está acontecendo, ajudemos os que sofrem e rezemos, porque a oração é a força suave que protege e sustenta o mundo.
A seguir, o Papa saudou os romanos, fiéis e grupos juvenis provenientes de vários países e localidades italianas. Por fim, desejou a todos um bom domingo e pediu a todos para não se esquecerem de rezar por ele.
Mariangela Jaguraba – Vatican News