O Papa recebeu nesse sábado, dia 17, cerca de 1500 peregrinos das dioceses italianas de Alessandria e Spoleto-Núrcia falando sobre a importância da Eucaristia na vida cristã: é necessária uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Em particular aos fiéis da diocese piemontesa, Francisco recomendou que o atual caminho sinodal faça crescer a comunhão fraterna, aos jovens da Confirmação da diocese da Úmbria para serem testemunhas de Jesus na vida cotidiana.
Em seu discurso, o Papa dirigiu-se, primeiro, aos peregrinos de Alessandria, que vieram a Roma por ocasião do 450º aniversário da morte de São Pio V, o único Papa piemontês, nascido em Bosco Marengo, atual território da Diocese de Alessandria.
Pio V, um reformador da Igreja
Falando sobre Pio V, o Papa disse que ele “enfrentou muitos desafios pastorais e governamentais, em apenas seis anos de Pontificado: foi um reformador da Igreja, que fez escolhas corajosas. Desde então, o estilo de governo da Igreja mudou e seria um erro anacrônico avaliar algumas de suas obras com a mentalidade de hoje. Da mesma forma, devemos cuidar para não reduzir este Pontífice a uma memória nostálgica ou embalsamada, mas a colher seus ensinamentos e testemunho. Assim, podemos notar que o núcleo central de toda a sua vida foi a fé”. Aqui, Francisco fez umas considerações de como encarnar, hoje, os ensinamentos de São Pio V:
“Em primeiro lugar, convidam-nos a ir à busca da verdade. Jesus é a Verdade, não só no sentido universal, mas também comunitário e pessoal. Seu desafio é ir, hoje, à busca da verdade na vida cotidiana da Igreja e das comunidades cristãs. Esta busca, porém, pode ser feita apenas mediante o discernimento pessoal e comunitário, a partir da Palavra de Deus”.
Esta busca, através do discernimento, explicou ainda o Papa, leva a comunidade a crescer com um conhecimento cada vez mais íntimo de Jesus Cristo. Desta forma, o Senhor da Verdade torna-se fundamento da vida comunitária, entrelaçado por laços de amor. O amor expressa-se por meio de ações de partilha, da dimensão física à espiritual, que dão visibilidade ao segredo que carregamos em nossos “vasos de argila”.
Reforma litúrgica e Concílio Vaticano II
São Pio V, disse Francisco, sempre trabalhou para a reforma da Liturgia da Igreja. Após quatro séculos, o Concílio Vaticano II fez uma nova reforma, para melhor atender às necessidades do mundo de hoje. Nos últimos anos, acrescentou o Papa, falou-se muito sobre a Liturgia, sobretudo, de suas formas externas. Mas, o maior esforço deve ser feito para que a celebração Eucarística se torne, efetivamente, fonte da vida comunitária. De fato, afirmou: “A Palavra de Deus, ganha mais vitalidade, em particular, na celebração da Santa Missa, tanto mediante a Palavra como a Eucaristia, onde, de certa forma, tocamos a carne de Cristo”. Aqui, Francisco falou sobre o sentido da Liturgia:
“Diante das encruzilhadas do caminho das comunidades, bem como das cruzes de nossa vida pessoal, a Liturgia nos insere no sacerdócio de Cristo, dando-nos uma modalidade nova… No fim da Liturgia, após ter tocado a Carne eucarística de Cristo, a comunidade evangelizadora é enviada. Através de suas obras e gestos, insere-se na vida dos outros, encurta a distância, passa por eventuais humilhações e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo“.
Enfim, Francisco recordou que São Pio V recomendava a oração, sobretudo a reza do terço, pois, “os primeiros passos da Igreja no mundo foram marcados pela oração, pela imagem de uma Igreja a caminho e atuante, que encontra na oração a base e o impulso para sua ação missionária. Logo, a Igreja primitiva orientou seu caminho eclesial no ensinamento dos Apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações”.
Caminho sinodal
Ao término do seu discurso, o Papa convido os fiéis de Alessandria “a caminhar juntos na renovação pastoral da sua Diocese, que está prestes a dar início à constituição das Unidades Pastorais, no âmbito do caminho sinodal”.
A seguir, o Santo Padre passou a cumprimentar os jovens da Diocese de Spoleto-Núrcia, que receberam o sacramento da Confirmação, que representam a nova geração e as tantas flores que estão desabrochando, mas, de modo especial, os jovens discípulos de Jesus!
Falando sobre o Sacramento da Confirmação, o Papa fez uma pergunta: “Quem se lembra do dia do seu Batismo?” É importante saber isso, porque o Sacramento da Confirmação confirma o nosso Batismo:
“A vida cristã é uma casa que deve ser construída sobre os fundamentos do Batismo. Sempre, durante toda a nossa existência. Seu fundamento é o Batismo. Por isso, é importante lembrar e comemorar o dia em que fomos batizados”.
Pedras vivas na construção da comunidade cristã
Aqui, Francisco referiu-se às regiões abaladas pelo terremoto, das quais provêm os fiéis e jovens de Spoleto-Núrcia, que sabem a diferença entre uma casa sólida e uma frágil, que desmorona. Eles levaram ao Papa uma pedra da antiga Abadia de Santo Eutizio de Ferento, como símbolo da sua reconstrução.
Por isso, o Santo Padre concluiu suas palavras, exortando os presentes a “serem pedras vivas na construção da comunidade cristã, da família, da paróquia e dos ambientes onde vivem: pedras vivas, que, com o poder do Espírito Santo, confirma o nosso Batismo, com o Sacramento da Confirmação, como filhos de Deus e membros da Igreja.
Manuel Tavares / Raimundo de Lima – Vatican News