O Papa no Angelus: Jesus é a Palavra, se não paramos para ouvi-lo, Ele passa

Somos cristãos, mas quem sabe entre as milhares de palavras que ouvimos todos os dias, não encontremos alguns segundos para fazer ressoar em nós poucas palavras do Evangelho. Jesus é a Palavra: se não paramos para ouvi-lo, ele passa. Mas se dedicarmos tempo ao Evangelho, encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual.

 

“A cada dia um pouco de silêncio e de escuta, alguma palavra inútil a menos e alguma palavra de Deus a mais”, pois “a cura do coração começa pela escuta”. E dedicando diariamente um tempo ao Evangelho, “encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual.”

A cura do surdo-mudo narrada no Evangelho de Marcos foi a ocasião para o Papa Francisco recordar que a surdez do coração é pior que a surdez física, e que podemos pedir a Jesus para tocá-la e curá-la, ao mesmo tempo que devemos aprender a parar, ouvir quem está próximo de nós e ouvir a Ele, pois “Ele é a Palavra”, e se não o fizermos, “Ele passa”.

Francisco começa sua alocução chamando a atenção para “a forma como o Senhor realiza este sinal prodigioso: ele afasta-se com o surdo-mudo, para fora da multidão, “coloca os dedos nos seus ouvidos e com a saliva toca a língua dele, depois olha para o céu, suspira e diz: ‘Efatà’, isso é ‘Abre-te!’”

Surdez, também um símbolo

 “Em outras curas, para enfermidades igualmente graves, como paralisia ou lepra – observou –  Jesus não realiza tantos gestos. Por que agora faz tudo isso, não obstante tenham lhe pedido somente para impor a mão no doente?”, pegunta.

Porque talvez – explica – “a condição daquela pessoa tenha um particular valor simbólico. Ser surdo-mudo é uma doença, mas é também um símbolo. E este símbolo tem algo a dizer a todos nós (…). Trata-se da surdez”. E Jesus, para curar a causa do seu mal-estar, “coloca primeiro os dedos nos ouvidos, depois na boca. Mas antes nos ouvidos”:

Todos nós temos ouvidos – todos! – mas muitas vezes não conseguimos ouvir. Por que? Irmãos e irmãs, existe de fato uma surdez interior, que hoje podemos pedir a Jesus para tocar e curar. É a surdez interior é pior do que aquela física, porque é a surdez do coração. Tomados pela pressa, por mil coisas a dizer e fazer, não encontramos tempo para parar e ouvir quem fala conosco. Corremos o risco de nos tornar impermeáveis ​​a tudo e de não dar espaço a quem tem necessidade de ser ouvido: penso nos filhos, nos jovens, nos idosos, em muitos que não têm tanta necessidade de palavras e de pregações, mas de serem ouvidos.

A cura do coração começa pela escuta

 Neste sentido, o convite do Santo Padre a nos perguntamos “como está minha escuta”: Eu me deixo tocar pela vida das pessoas, sei dedicar tempo às pessoas que estão próximas de mim para escutá-las? Isto é para todos nós, mas em modo especial para os padres, para os sacerdotes. O sacerdote deve escutar as pessoas, não ter pressa. Escutar e ver como pode ajudá-las, mas depois de ter ouvido. E todos nós, antes ouvir, depois responder”.

O Papa cita situações na vida familiar, onde se fala muito antes de ouvir, “repetindo os próprios refrões sempre iguais! Incapazes de ouvir, dizemos sempre as mesmas coisa ou não deixamos que o outro acabe de falar, exprimir-se…e nós o interrompemos:

 O renascimento de um diálogo, muitas vezes, passa não pelas palavras, mas pelo silêncio, não se impor, pelo recomeçar com paciência a ouvir o outro, ouvir as suas fadigas, aquilo que traz dentro de si. A cura do coração começa pela escutaIsso cura o coração. “Mas padre, tem gente muito chata que sempre diz as mesmas coisas…”. “Escute-os. E depois que acabarem de falar, diga a tua palavra, mas ouça tudo”.

Se não pararmos para ouvir Jesus, Ele passa

 O mesmo – chamou a atenção o Papa – vale em relação ao Senhor. “Fazemos bem em inundá-lo de pedidos, mas faremos melhor colocando-nos primeiro à sua escuta. Jesus pede isso”. De fato, quando no Evangelho perguntam a Ele qual é o primeiro mandamento, responde: “Ouça, Israel”, acrescentando a seguir: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração […] e o teu próximo como a ti mesmo”. “Mas antes de tudo Ele diz: “Ouça”. E Francisco pergunta: “Recordamo-nos de nos colocar à escuta do Senhor?”:

Somos cristãos, mas quem sabe entre as milhares de palavras que ouvimos todos os dias, não encontremos alguns segundos para fazer ressoar em nós poucas palavras do Evangelho. Jesus é a Palavra: se não paramos para ouvi-lo, Ele passa. Se não pararmos para ouvir Jesus, Ele passa. Santo Agostinho dizia: “Tenho medo do Senhor quando Ele passa”. E o medo era de deixá-lo passar sem ouvi-lo”.

Segredo para a saúde espiritual

 Mas – é a receita de Francisco – se dedicarmos tempo ao Evangelho, encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual:

Eis o remédio: a cada dia um pouco de silêncio e de escuta, algumas palavras inúteis a menos e alguma palavra de Deus a mais, sempre com o Evangelho no bolso, que nos ajuda tanto.”

O convite então, é para – como no dia do Batismo – ouvir aquela palavra de Jesus: “Efatà, abre-te!”:

Abre-te os ouvidos, Jesus, desejo abrir-me à tua Palavra, Jesus, abrir-me à Tua escuta. Jesus, cura o meu coração do fechamento, cura o meu coração da pressa, cura o meu coração da impaciência.

Ao concluir sua alocução, antes de rezar o Angelus, o Papa Francisco pediu “que a Virgem Maria, aberta à escuta da Palavra, que nela se fez carne, ajude-nos todos os dias a escutar o seu Filho no Evangelho e os nossos irmãos.

Os cem anos da Legião de Maria foram recordados pelo Papa Francisco aos Fiéis na Praça São Pedro.

Papa: não podemos permanecer indiferentes. Oração e jejum pelo Afeganistão

“Estou falando seriamente: intensificar a oração e praticar o jejum, pedindo ao Senhor misericórdia e perdão.” De modo particular, o Papa se dirigiu aos cristãos para que não fiquem indiferentes aos acontecimentos no Afeganistão

“Não podemos ficar indiferentes!”

O Papa Francisco foi contundente ao falar do Afeganistão, neste domingo, ao final da oração do Angelus.

O Pontífice afirmou que acompanha com grande preocupação a situação no país e é partícipe do sofrimento das pessoas que perderam familiares e amigos nos ataques suicidas da quinta-feira passada, e também das pessoas que buscam ajuda e proteção.

Francisco confia à misericórdia de Deus os mortos e agradece a quem trabalha para ajudar a “população tão provada”, em especial as mulheres e as crianças.

O apelo do Papa é para que se continue a assistir os necessitados e a rezar para que o diálogo e a solidariedade levem a estabelecer uma convivência pacífica e fraterna, oferecendo esperança para o futuro do país.

 “Em momentos históricos como este, não podemos permanecer indiferentes: a história da Igreja nos ensina isto. Como cristãos, esta situação nos compromete. Por isso, dirijo um apelo a todos para intensificar a oração e a praticar o jejum: oração e jejum, oração e penitência. Este é o momento para fazê-lo. Estou falando seriamente: intensificar a oração e praticar o jejum, pedindo ao Senhor misericórdia e perdão.”

O risco de ataques 

A ameaça de ataques no Afeganistão permanece elevada, enquanto os Estados Unidos continuam a correr contra o tempo para retirar todo o seu pessoal do país até 31 de agosto. A ameaça é crível, segundo Washington, o que não exclui atos terroristas mesmo em solo estadunidense.  

Os milicianos, que agrediram os civis que faziam fila nos caixas eletrônicos para sacar dinheiro, dizem estar prontos para assumir o controlo total do aeroporto em breve, logo que os militares e civis dos EUA partirem. Entretanto, eles isolaram todo o aeroporto, impedindo o acesso aos afegãos que ainda esperam ser evacuados do país, dos quais 100.000 ficaram retidos. Itália e Reino Unido já enceraram a ponte área. Na próxima semana, os talibãs afirmam que será anunciado o novo governo, enquanto já foram cortaram quase todas as redes de Internet e telecomunicações na província nordeste de Panshir, uma das duas áreas, juntamente com a de Baghlan, não controlada por eles, mas pelos homens da resistência.

A situação da infância

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) adverte que há 300.000 crianças necessitadas de ajuda. Muitos foram obrigados a abandonar as suas casas após a chegada dos talibãs e um milhão de crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição grave. Além disso, mais de 4 milhões de crianças, incluindo mais de 2 milhões de meninas, estão fora da escola. 


Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

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