Em entrevista ao diário espanhol ABC, Francisco revela que, no início de seu pontificado, entregou ao então secretário de Estado Bertone, uma carta na qual declara de renunciar no caso de impedimentos graves e permanentes ligados à saúde que o impossibilitassem de exercer seu papel de bispo de Roma e pastor da Igreja universal. Paulo VI tinha feito o mesmo.
Quase dez anos atrás, no início de seu pontificado em 2013 (era então secretário de Estado o cardeal Tarcisio Bertone), o Papa Francisco entregou uma carta de renúncia “em caso de impedimento por razões médicas”.
Ao revelar esta decisão, que Paulo VI já havia tomado, é o próprio Papa Francisco na ampla entrevista concedida ao jornal espanhol ABC, que neste sábado divulgou uma breve antecipação. O Papa, em conversa com o editor Julián Quirós e o correspondente no Vaticano, Javier Martínez-Brocal, aborda numerosos tópicos sobre os acontecimentos atuais na Igreja e no mundo. Estes incluem a guerra na Ucrânia, da qual o Pontífice diz não ver “um fim a curto prazo porque é uma guerra mundial”, depois os casos de abusos, o papel das mulheres na Cúria Romana, Lula e Catalunha, a renúncia de Bento XVI em 2013 e sua eventual renúncia.
A carta de renúncia
Sobre este assunto, o Papa revela a existência desta carta. “Eu já assinei a minha renúncia. Foi quando Tarcisio Bertone era secretário de Estado.
Assinei a renúncia e lhe disse: “em caso de impedimento médico ou o que quer que seja, aqui está a minha renúncia”. O senhor a tem”? Não sei a quem Bertone deu, mas eu dei a ele quando ele era secretário de Estado”. “O senhor quer que isto seja conhecido”? Perguntam os dois entrevistadores.
“É por isso que estou lhes dizendo”, responde Francisco, lembrando que Paulo VI também deixou sua demissão por escrito no caso de um impedimento e que provavelmente Pio XII também o tenha feito. “Esta é a primeira vez que digo isto”, acrescenta o Pontífice. “Agora talvez alguém vai e pergunte a Bertone: ‘Dê-me essa carta’!…. (Risos). Certamente ele o terá dado ao novo secretário de Estado. Eu entreguei a ele enquanto secretário de Estado”.
Salvatore Cernuzio – Vatican News