Em sua homilia na missa do Jubileu dos Jovens, em Tor Vergata, Leão XIV os convidou a permanecerem unidos a Jesus, a permanecerem “sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a Confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados Santos”.
Na manhã deste domingo (03/08), o Papa Leão XIV presidiu a missa do Jubileu dos Jovens na esplanada de Tor Vergata, em Roma, que contou com a participação de mais de um milhão de pessoas. Antes do início da missa, o Santo Padre proferiu algumas palavras espontâneas:
“Espero que todos tenham descansado um pouco. Em breve, iniciaremos a maior celebração que Cristo nos deixou, a Sua própria presença na Eucaristia. Deus os abençoe a todos. Que esta seja uma ocasião verdadeiramente memorável para todos e cada um de nós, quando juntos, como Igreja de Cristo, seguimos caminhamos juntos e vivemos com Jesus Cristo”, disse ele.
No início de sua homilia, o Pontífice frisou que nesta experiência de encontro, “podemos imaginar que estamos percorrendo o caminho feito pelos discípulos de Emaús na tarde do dia de Páscoa”. A liturgia deste domingo, não nos fala diretamente sobre este episódio, “mas nos ajuda a refletir sobre o que nele se narra: o encontro com o Cristo Ressuscitado que muda a nossa existência e que ilumina os nossos afetos, desejos e pensamentos”.
Não enganemos o nosso coração
A seguir, o Papa comentou a primeira leitura, extraída do Livro de Eclesiastes, que nos convida a entrar em contato, como os dois discípulos de Emaús, “com a experiência dos nossos limites, da finitude das coisas que passam”. Comentou também o Salmo responsorial, que ecoando a mesma mensagem, “propõe-nos a imagem da «erva que de manhã brota vicejante, mas à tarde está murcha e seca»”. “São duas advertências fortes, talvez um pouco chocantes, mas que não devem assustar-nos, como se fossem temas “tabu” a evitar. Na verdade, a fragilidade de que nos falam faz parte da maravilha que somos”, sublinhou.
“Pensemos no símbolo da erva: não é lindo um campo florido?” Perguntou Leão XIV. “Claro, é delicado, feito de caules finos, vulneráveis, sujeitos a secar, dobrar-se, partir-se, mas, ao mesmo tempo, imediatamente substituídos por outros que brotam depois deles e dos quais os primeiros se tornam generosamente alimento e adubo, ao desfazerem-se no solo. É assim que vive o campo, renovando-se continuamente e, mesmo durante os meses gelados do inverno, quando tudo parece silencioso, a sua energia vibra sob a terra e prepara-se para na primavera, explodir em milhares de cores”, sublinhou.
“Queridos amigos, nós também somos assim: fomos feitos para isto. Não para uma vida onde tudo é óbvio e parado, mas para uma existência que se renova constantemente no dom, no amor. E assim aspiramos continuamente a um “algo mais” que nenhuma realidade criada nos pode dar. Sentimos uma sede tão grande e ardente que nenhuma bebida deste mundo pode saciar.”
Diante dessa sede, “não enganemos o nosso coração, tentando extingui-la com subterfúgios ineficazes! Antes, devemos ouvi-la”! Mesmo aos vinte anos, é bom abrir o coração a Deus, “deixá-lo entrar, para depois nos aventurarmos com Ele rumo aos espaços eternos do infinito”.
Leão XIV citou Santo Agostinho, que a propósito de sua intensa busca por Deus, perguntava-se: «Qual é, então, o objeto da nossa esperança […]? É a terra? Não». Pensando no caminho que tinha percorrido, Agostinho rezava, dizendo: «Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! […] Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz».
Unidos a Deus e aos irmãos na caridade
A seguir, o Papa Leão XIV recordou as palavras do Papa Francisco aos jovens, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude, em que o Pontífice falecido disse a eles que não nos devemos nos alarmar «se nos encontramos intimamente sedentos, inquietos, incompletos, desejosos de sentido e de futuro […] Não estamos doentes, estamos vivos!»
“Há uma solicitação importante no nosso coração, uma necessidade de verdade que não podemos ignorar, que nos leva a perguntar: o que é realmente a felicidade? Qual é o verdadeiro sabor da vida? O que nos liberta dos pântanos do absurdo, do tédio, da mediocridade?” Perguntou Leão XIV.
“Nos últimos dias, vocês viveram muitas experiências bonitas. Encontraram-se com jovens da sua idade, vindos de várias partes do mundo, pertencentes a diferentes culturas. Trocaram conhecimentos, partilharam expectativas, dialogaram com a cidade através da arte, da música, da informática, do esporte. No Circo Máximo, aproximando do Sacramento da Penitência, vocês receberam o perdão de Deus e pediram sua ajuda para uma vida boa.”
Segundo o Papa, em tudo isto, podemos “encontrar uma resposta importante: a plenitude da nossa existência não depende do que acumulamos nem do que possuímos, como ouvimos no Evangelho. Está ligada ao que sabemos acolher e partilhar com alegria”.
“Comprar, acumular, consumir não basta. Precisamos levantar os olhos, olhar para cima, para as «coisas do alto», para perceber que, entre as realidades do mundo, tudo tem sentido apenas na medida em que serve para nos unir a Deus e aos irmãos na caridade, fazendo crescer em nós «sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência», de perdão, de paz, como os de Cristo.”
Neste horizonte compreenderemos cada vez melhor o que significa «a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado».
Permanecer na amizade com o Senhor
“Queridos jovens, a nossa esperança é Jesus”, disse ainda Leão XIV, recordando as palavras de São João Paulo II, que dizia que o Senhor é «quem suscita em vocês o desejo de fazer de suas vidas algo de grande […], no aperfeiçoamento de vocês e da sociedade, tornando-a mais humana e fraterna».
“Mantenhamo-nos unidos a Ele, permaneçamos sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a Confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados Santos”, disse ainda o Papa, convidando os jovens onde quer que estejam, a aspirar “a coisas grandes, à santidade. Não se contentem com menos. Então, vocês verão crescer todos os dias, em vocês e ao seu redor, a luz do Evangelho”.
O Santo Padre confiou os jovens “a Maria, Virgem da Esperança. Com a sua ajuda, ao regressarem nos próximos dias aos seus países, em todas as partes do mundo, continuem caminhando com alegria seguindo as pegadas do Salvador e contagiem com o seu entusiasmo e o testemunho da sua fé todos aqueles que encontrarem”.
Saudação final
Antes de deixar Tor Vergata, Leão XIV saudou e agradeceu aos jovens que participaram da celebração em Tor Vergata. Agradeceu também ao coro pelas músicas e a todos os que trabalharam na preparação dos eventos durante esta semana do Jubileu.
“Já dissemos que o próximo encontro será na Coreia. Aplausos dos muitos coreanos presentes. Peço-lhes que transmitam também uma saudação aos muitos jovens que não puderam vir e estar aqui conosco, em muitos países dos quais era impossível sair. Há lugares onde os jovens não puderam vir por razões que conhecemos. Levem esta alegria, este entusiasmo, ao mundo inteiro. Vocês são o sal da terra, a luz do mundo, e transmitam esta saudação a todos os seus amigos, a todos os jovens que precisam de uma mensagem de esperança. Obrigado novamente a todos vocês! E boa viagem!”
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Imagem: (Vatican News)