O Mês da Bíblia: “A Palavra de Deus é viva, não morre nem envelhece, permanece para sempre”

Foto: Il Ragazzo em Cathopic

Por Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

Setembro é o mês da Bíblia. Comemorando neste ano o cinquentenário dessa instituição na Igreja do Brasil, teremos ocasião para refletir sobre a Palavra de Deus escrita para nosso bem.

Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “celebrar o cinquentenário do Mês da Bíblia significa para toda nossa Igreja no Brasil o primado da Palavra de Deus”. Que “o anúncio da Palavra de Deus se torne, portanto, nesse caminho do Mês da Bíblia, a reafirmação do compromisso e a efetivação da missão de colocar a Palavra de Deus em primeiro lugar na vida da Igreja, na vida da família, na vida da comunidade de fé e na vida pessoal de cada um de nós”.

O livro proposto para estudo neste cinquentenário do Mês da Bíblia, é a Carta de São Paulo aos Gálatas, com o lema “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28).

“A Palavra de Deus é viva, não morre nem envelhece, permanece para sempre. Está viva e dá vida. A Palavra, de fato, traz ao mundo o respiro de Deus, infunde no coração o calor do Senhor através do sopro do Espírito. A pregação não é um exercício de retórica e nem mesmo um conjunto de sábias noções humanas: seria somente lenha. É ao invés compartilha do Espírito, da Palavra divina que tocou o coração do pregador, o qual comunica aquele calor, aquela unção. Seria belo que a Palavra de Deus se tornasse sempre mais o coração de toda atividade eclesial” (Papa Francisco, 17/9/2020).

É de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

O ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).

A Bíblia é um livro divino e humano: inspirada por Deus, mas escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam. A Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes, em épocas, línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.

Mas a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o que não é correto.

A Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (II Pd 3, 16).

O cristianismo é a religião da Palavra de Deus.

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