Por Dom Antônio de Assis Ribeiro,SDB
Bispo Auxiliar de Belém – PA e Secretário Regional da CNBB Norte 2
Introdução
Uma das atitudes mais significativas carregadas de consciência de comunhão, é o sentido de pertença à Igreja. Sem o sentido de pertença não haverá esforço em vista da comunhão.
Cada um de nós traz consigo certo senso de pertença a uma família, grupo, associação, etc. Há diversos critérios pelos quais participamos de uma realidade, por exemplo, a consanguinidade, uma adesão contratual, um vínculo afetivo, etc. No caso da Igreja tudo se assenta sobre um dato de fé, do qual decorrem outros aspectos, como aquele afetivo.
Num mundo profundamente marcado pela fragmentação e enfraquecimento dos vínculos somos chamados continuamente a reavivar em nós a consciência de pertença e amor à Igreja e assim, cuidar das nossas atitudes.
O sentido de pertença é a consciência de um profundo vínculo, ligação ou laço íntimo com a Igreja. Trata-se de uma realidade que brota da consciência do batismo. Portanto, na sua origem há uma realidade de fé que se faz relação afetiva.
Nós nos sentimos pertencentes a algo quando nos percebemos envolvidos por ela de modo que nos leva à consciência de sermos parte integrante da mesma. No caso da Igreja, não há só uma questão de fé, mas objetiva, afetiva, histórica. Algo semelhante também acontece com a consciência de pertença a nossa família. Dizemos “nossa família” porque temos muita coisa em comum e disso usufruímos. Por isso o sentido de pertença é relacionamento, envolvimento, participação, comunicação, corresponsabilidade, cuidado do bem comum.
A consciência do sentido de pertença eclesial nos leva a dizer: “eu sou Igreja”, “a Igreja é minha”, “estou engajado”, “membro da Igreja e sujeito eclesial”, “amo a Igreja”! Por isso há uma profunda relação entre sentido de pertença e identidade cristã.
A consciência de pertencimento tem uma história que marca a nossa memória e afetividade presente. Na base no sentido de pertença eclesial está Jesus Cristo e seus discípulos. Jesus formou uma comunidade; então, ser discípulo de Jesus, é participar da sua comunidade. Isso não foi uma realidade do passado acontecida com os Doze, mas é permanente. As atitudes de Jesus se prolongam na história pelos sacramentos. Dessa forma, o sentido de pertença eclesial deriva do sacramento do batismo e é alimentado pela fé.
Pelo batismo a pessoa é incorporada à Igreja, configurada com Cristo e constituída sujeito com os deveres e os direitos próprios dos discípulos de Jesus Cristo. Fomos batizados na Igreja (dimensão comunitária), pela Igreja (sujeito celebrante), para servir a Igreja (vivenciar o amor fraterno seguindo a Cristo), em vista da promoção do Reino de Deus.
É na Igreja que vivemos, na Igreja testemunhamos a nossa fé, fazemos a experiência de vida fraterna comunitária, seguimos a Jesus Cristo e damos continuidade à sua missão. Assim como o útero biológico nos gerou, da mesma forma podemos dizer que há um útero espiritual e comunitário, que nos gerou para a vida cristã.
O senso de pertença eclesial vem da identidade da Igreja que é o Corpo místico de Cristo – e cada fiel é membro desse corpo, cada membro é parte viva do mesmo! Nenhum membro pode se imaginar fora do corpo! Dessa mesma forma nenhum de nós deve se imaginar fora dessa consciência de ser membro partícipe do Corpo de Cristo.
Assim como na família a profundidade do sentido de pertença de cada membro se expressa através de muitas formas, o mesmo acontece na Igreja. São as nossas atitudes que revelam o nível do pertencimento eclesial e nosso amor a mesma.
Tendo refletido sobre essas atitudes reveladoras do senso de pertença eclesial, sobre o qual se alicerça a comunhão, é importante considerarmos também que há males que revelam ausência ou grave fragilidade desse senso do mesmo. Vejamos alguns:
PARA A REFLEXAO PESSOAL:
Fonte: CNBB – Norte 2