Por Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (RS)
A liberdade é a expressão de uma personalidade definida. O Papa Francisco, por exemplo, inspira ter muita liberdade. Ele representa ter um bom caminho, com um olhar positivo da vida. Ele fala do que deve ser dito. Isto é liberdade! Ao se encontrar com uma pessoa, fique atento: ela está totalmente aí contigo, não pela metade, totalmente aí, presente e atento, como agiria nosso Papa Francisco.
É livre porque o que o guia é o Espírito Santo. Fruto de um caminho interior bem feito, na hora certa. Tem Deus no seu fundamento. O Espírito Santo o conduz. Isto já basta. Ele está livre de ficar a todo o momento se perguntando se de fato as pessoas o que vão dizer, o que vão pensar. Não. Esta não é a liberdade da vida cristã. A esta liberdade aspiramos todos nós! É um modo de sermos amáveis e livres. Sem dúvidas, precisamos trabalhar isto. Precisamos exercitar a liberdade em relação às dependências. A liberdade no superego, que quer sempre ter razão. Sempre, a todo momento. A liberdade do poder da má consciência e a liberdade do que os outros esperam de nós. Então sim, estaremos próximos do amor e da liberdade de Jesus Cristo, o homem sempre livre.
Para Anselm Grün (2005), existem três condições para uma espiritualidade cristã livre. São eles: o anseio pela liberdade, pela unidade e pela “pátria”. Estamos falando do “mundo dos gregos”, mas creio que serve também para nós.
O primeiro é o anseio pela liberdade. “Onde age o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Cor 3,17). O homem espiritual é verdadeiramente livre, assim como lembrei do Papa Francisco. Ele não se deixa guiar pelo mundo, pois está cheio do Espírito Santo. É o homem senhor de si, que não é dominado por outros, mas anda no caminho imbuído do Espírito Santo.
Em segundo lugar a unidade. O homem espiritual é aquele que se tornou amigo e próximo dos outros, de todos. Está reconciliado com suas contradições. Tem paz consigo mesmo, para poder ter vida em Deus e de Deus para os irmãos. Quem se tornou um consigo mesmo é porque se tornou um com Deus. Quem está dividido consigo mesmo, procurará congregar, mas como fazer para unir ao invés de dividir, se não está em paz consigo?
O terceiro elemento importante é a “pátria”. Para os gregos, Deus pode nos conduzir à pátria. Nós já vivemos numa pátria, conforme vivemos aqui. Não temos nada a ganhar com a “vida eterna”, segundo os gregos. A “pátria” já é aqui. A Pátria é a Terra Prometida, para a qual onde estamos em casa. Sempre em casa! Com as pessoas que amamos e nos damos bem. Quem descansa em Deus e achou em Deus sua “pátria”, este sim não se orienta mais pelos vários critérios do mundo. Ele se livrou das expectativas do mundo e olha para frente, para a “pátria”. Nossa felicidade está em Deus, no mundo dele, na “pátria” futura.
Fonte: CNBB