Por Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
Jesus é o pastor dos pastores. Ele deu a sua vida pelas ovelhas (Jo 10,11). Sendo o bom pastor, ele conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem (Jo 10,14). O Pai ama a Jesus porque dá a vida pelas suas ovelhas e pela humanidade. Jesus indica a si mesmo do verdadeiro Pastor. A utilização da imagem do bom Pastor foi bem presente nos Padres da Igreja e bem comentada por muitos deles[1]. Eles foram pastores de seu povo nos quais viviam as suas lutas e as suas alegrias, em vista da doação em Jesus Cristo. Pastor vem do latim pastor-oris, cujo significado é pastorear, quem guia ao pasto, as ovelhas e os cabritos, tendo todo o cuidado de governar bem sobre animais e as pessoas[2].
O pastoreio a exemplo de Jesus
São Gregório Magno, Papa nos séculos V e VI, afirmou a importância de pastorear o povo de Deus a ser dado como foi em Jesus Cristo. Ele foi ao encontro das pessoas, sobretudo dos pobres para lhes dar uma palavra de salvação. Não se chama pastor, mas mercenário aquela pessoa que pastoreia as ovelhas do Senhor não por intimo amor, mas pelo ganho pessoal. É mercenária a pessoa que está no lugar do pastor, não ganhando as ovelhas, gozando pela honra do seu estado, os ganhos temporais. Esta é a recompensa do mercenário tanto que o seu esforço de governo encontra a recompensa ainda aqui na terra, sendo excluído da herança do pastoreio. O mercenário foge dos perigos, porque viu a injustiça, e vai logo esconder-se no silêncio[3]. É preciso ser bom pastor a exemplo de Jesus de Nazaré que deu a sua vida pela causa do Reino de Deus.
Amor por ser guia das pessoas
São Gregório Magno ainda afirmava que o pastor tenha muito amor pelas pessoas nas quais está governando na terra. O pastor reconheça que é pecador como todos os outros, mas ele está sempre em busca da conversão de vida. A santidade das obras merece a união na igualdade, vivendo no zelo para exercitar o seu justo poder. São Paulo colocou a importância de se fazer servo por Cristo (2 Cor 4,5:), porque o poder recebido dos apóstolos pelo Senhor Jesus é sempre em vista do serviço, não pela dominação[4].
O cultivo da virtude da humildade
São Gregório Magno ainda dizia a importância de cultivar a virtude da humildade nos pastores. A severidade e o rigor não devem ser pelo zelo excessivo, que tudo seja perdido de modo que a mansidão não seja eliminada na vida. O fato é que os vícios não devam sobrepor-se às virtudes; a crueldade pela justiça; a debilidade venha à indulgência. A firmeza e a misericórdia andam juntas. O pastor é chamado ao amor nas relações com as pessoas[5].
A importância da atividade ministerial
Gregório Magno também reforçou a ideia de que é preciso assumir bem, a atividade ministerial que foi confiada aos pastores, pessoas do rebanho do Senhor. O exemplo maior vem do próprio Senhor que veio a este mundo para revelar o amor de Deus para conosco (Jo 3,16). Os pastores seguem o exemplo de Jesus que são chamados a propor a vida em favor das pessoas. O Senhor deseja que os pastores sejam fiéis à palavra do Senhor no mundo de hoje. O amor a Deus e ao próximo como a si mesmo prevaleça no pastoreio que é dado para o Senhor e para com o povo de Deus[6].
O pastor vizinho pela compaixão e compreensão
O Papa Gregório disse que um pastor de almas seja vizinho a toda a pessoa com a linguagem da compaixão e compreensão. Elevar-se-á sobre todos os outros pela oração e a contemplação. Os sentimentos de piedade e de compaixão permitem-lhe de fazer sua a debilidade dos outros. O desejo da conquista das alturas espirituais não o faça esquecer as exigências dos fiéis. De outro lado a atenção das exigências do próximo, não o faça deixar de lado o dever de elevar-se às coisas celestes[7].
O silêncio e a palavra útil do pastor
O Papa Gregório teve presente o silêncio oportuno do pastor e a sua palavra útil para as pessoas, para assim não revelar o que deve calar e não cale o que deve revelar. O fato é que uma palavra imprudente conduzirá ao erro e um silêncio excessivo mantém no erro aqueles que seriam instruídos. Os pastores imprudentes, não perdendo o favor popular não ousam dizer onde reside o bem, e não cuidando do rebanho a eles confiado, agem como mercenários que fogem ao ver o perigo, o lobo chegar, escondendo-se no seu silêncio[8]. O pastor viverá o dom do discernimento para pensar e agir conforme o plano do Senhor Jesus.
Jesus deu a sua vida pelas ovelhas
São João Damasceno, presbítero nos séculos VII e VIII teve presente Jesus que deu a sua vida pelas ovelhas, O madeiro da cruz do Salvador aboliu a maldição do madeiro, o poder da morte matou com o seu sepulcro; iluminou a herança humana com a sua ressurreição. Por isso o Senhor Jesus é doador de vida para toda a humanidade. Quando ele morreu foi evangelizar o mundo dos mortos, todas as pessoas que esperavam a sua vinda, fazendo-os habitar no paraíso, antes que o mundo dos mortos[9]. Jesus pela sua morte deu a vida pelas ovelhas, pela humanidade inteira.
A misericórdia do Senhor
São Leão Magno, Papa do século V afirmou a importância da misericórdia do Senhor como exemplo para os pastores seguirem em suas vidas. As palavras passam, mas os exemplos permanecem quando enaltecem a pessoa e outros no seguimento a Jesus Cristo. A misericórdia do Senhor enche a terra e a vitória de Cristo é sempre ao lado humano, para o cumprimento da palavra do Senhor, para que os pastores tenham coragem, porque Cristo venceu o mundo (Jo 16,33). Toda vez que as pessoas superam as ambições do mundo, e sendo seguidoras de Jesus, deixam-se admoestar pela cruz do Senhor, pela festividade da Páscoa, que deu novo fermento e vida no pastoreio do povo de Deus no mundo de hoje. É preciso amar o que Jesus amou para assim encontrar nele a graça de Deus[10] presente em Jesus Cristo e em todas as pessoas que o seguem na realidade atual.
A importância de ser pastor no mundo de hoje é fundamental para corresponder à missão de dar a vida a exemplo de Jesus que deu a sua vida pela salvação da humanidade. O Espírito Santo ilumine a muitos dos jovens para serem pastores do Reino de Deus e à glória de Deus Uno e Trino.
Fonte: CNBB
[1] Cfr. Pastore (Il buon). In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Genova – Milano Editrice Marietti, 2008, pgs. 3947-3948.
[2] Cfr. Pastóre. In: Il Vocabolario Treccani. Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 1140.
[3] Cfr. Gregorio Magno. Omelia per la seconda domenica dopo Pasqua, Vol. IV, Citttà Nuova Editrice. 1982, pgs 127-128.
[4] Cfr. Gregorio Magno. Lettera a Giovanni di Costantinopoli. In: Idem, pg. 125.
[5] Cfr. Idem, pg. 125.
[6] Cfr. Idem. Lettera al Vescovo Ciriaco di Costantinopoli, pg. 130.
[7] Cfr. Idem. La Regiola pastorale, 2,3. In: Ogni giorno com i Padri della Chiesa. A cura di Giovanna della Croce, presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 1996, pg. 219.
[8] Cfr. Gregório Magno. Regra Pastoral 4,15. São Paulo, Paulus, 2010, pg. 67.
[9] Cfr. Giovanni Damaceno. Ochtoêchos, II. In: Idem, pg. 123.
[10] Cfr. Leone Magno. Sermone, 72,4. In: Idem, pg. 134.