Nossa imagem de Jesus

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por José Antonio Pagola

 

A pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” continua pedindo ainda uma resposta aos crentes do nosso tempo. Nem todos temos a mesma imagem de Jesus. E isto não só pelo caráter inesgotável de sua personalidade, mas, sobretudo, porque cada um de nós vai elaborando sua imagem de Jesus a partir de seus interesses e preocupações, condicionado por sua psicologia pessoal e pelo meio social ao qual pertence, e marcado pela formação religiosa que recebeu. E, não obstante, a imagem que nos fazemos de Cristo tem importância decisiva para nossa vida, pois condiciona nossa maneira de entender e viver a fé. Uma imagem empobrecida, unilateral, parcial ou falsa de Jesus nos conduzirá a uma vivência empobrecida, unilateral, parcial ou falsa da fé. Daí a importância de evitar possíveis deformações de nossa visão de Jesus e de purificar nossa adesão a Ele.

Por outro lado, é pura ilusão pensar que alguém crê em Jesus Cristo porque “crê” em um dogma, ou porque está disposto a crer “no que a Santa Madre Igreja crê”. Na realidade, cada crente crê no que ele crê, isto é, no que pessoalmente vai descobrindo em seu seguimento a Jesus Cristo, ainda que, naturalmente, o faça dentro da comunidade cristã.

Infelizmente, não são poucos os cristãos que entendem e vivem sua religião de tal maneira que, provavelmente, nunca poderão ter uma experiência um pouco viva do que é encontrar-se pessoalmente com Cristo.

Já numa época bem cedo de sua vida se fizeram uma ideia infantil de Jesus, quando talvez ainda não se tinham feito, com suficiente lucidez, as questões e perguntas que Cristo pode responder.

Mais tarde não voltaram mais a repensar sua fé em Jesus Cristo, ou porque a consideram algo trivial e sem importância para sua vida, ou porque não se atrevem a examiná-la com seriedade e rigor, ou ainda porque se contentam em conservá-la de maneira indiferente e apática, sem eco algum em seu ser.

Infelizmente, não suspeitam o que Jesus poderia ser para eles. Marcel Légaut escrevia esta frase dura, mas talvez bem real: “Esses cristãos ignoram quem é Jesus e estão condenados por sua própria religião a não descobri-lo jamais”.

Fonte: franciscanos.org.br

 


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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