“Chamar-me-ão bem-aventurada.”
Nas histórias antigas dos santos, deparamos com o seguinte exemplo confirmado por São Pedro Damião e outros. O escritor, no caso, foi Eutiquiano, de Constantinopla. Ele narra a história de um seminarista chamado Teófilo, que era benquisto pelos paroquianos. Foi até elevado à dignidade episcopal, mas, dentro de sua humildade, renunciou a isso. Os seus inimigos, porém, levantaram grave calúnia sobre esse seminarista clérigo, que foi destituído. Ele, ao saber da maldade de invejosos, procurou quem o defendesse. Os acontecimentos, porém, precipitaram-se e ele se sentiu desamparado. O seminarista, inexperiente, ficou de tal maneira desgostoso e fora de si que foi procurar o auxílio de um mágico judeu. Este o pôs em comunicação com o demônio, que por sua vez prometeu ajudá-lo, mas, com a condição de ele assinar, de próprio punho, que renunciava a Jesus e a Maria, sua mãe. Teófilo acedeu e assinou a execranda renúncia.
Dias depois, o bispo reconheceu a falsidade das acusações contra Teófilo, restituindo-lhe o cargo que ocupava, mas, o infeliz chorava sem cessar, tendo a consciência dilacerada pelo remorso do enorme pecado que havia feito (renúncia a Cristo).
Finalmente, Teófilo foi à igreja, ajoelhou-se diante da imagem de Maria Santíssima e lhe disse “Ó, Mãe de Deus, não quero me desesperar. Ainda resta vossa bondade. Vós que sois tão compassiva e poderosa para me ajudar”. Durante quarenta dias ficou chorando e invocando a Santíssima Virgem. Uma noite, apareceu-lhe a Mãe de Misericórdia e lhe disse: “Que fizeste, Teófilo? Renunciaste à minha amizade e à de meu Filho e te entregaste àquele que é meu e teu inimigo?”. Teófilo disse: “Há de me perdoar e de alcançar o perdão de teu Filho. Vou rogar a Deus por ti”. Teófilo redobrou as penitências e desabafou, lembrando-se da folha assinada.
Numa noite, ele encontrou sobre sua cama a folha assinada. Ela foi queimada pelo bispo que acompanhava os que mais precisavam.
ORAÇÃO
“Ó, meu Jesus, perdoai-me e livrai-me do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, socorrei as que mais precisarem. Assim seja.”
Por Pe. Roque Vicente Beraldi, cmf
Fonte: texto extraído da Revista Ave Maria