Em geral as pessoas não sabem o que fazer com as mãos durante as celebrações litúrgicas. Andam balançando os braços, aproximam-se da Comunhão com as mãos nos bolsos. Desde criança, ao ensinar o filho a rezar, a mãe lhe junta as mãos.
A linguagem das mãos é muito forte. Em línguas semíticas a palavra para designar a mão significa também poder. Para agir, a mão é o meio mais importante do ser humano. Ele pode usar as mãos para fazer o mal ou para fazer o bem, para abençoar, para partilhar. Daí a expressão: ter mãos abertas. Com o sentido de ação generosa, as mãos aparecem frequentemente nas Escrituras: “Tu lhes dás e eles o recolhem, abres tua mão e se saciam de bens” (Sl 103,28). Estar nas mãos de alguém significa estar à sua disposição, sob o seu poder (cf. Gn 16,16). Significa também proteção de Deus. Na hora da morte, Jesus exclama: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Os Padres da Igreja interpretam a mão de Deus como o Verbo encarnado que, “por sua própria mão, tudo fez existir”.
Entre todos os povos e culturas se expressa o sagrado, a relação com a divindade, através da linguagem das mãos. As mãos falam, falam de Deus e com Deus.
Em relação à linguagem das mãos podemos distinguir ações, gestos e posturas.
Ações: – Ação de traçar o sinal da cruz sobre si mesmo, sobre objetos e pessoas; impor as mãos como invocação do Espírito Santo e bênção; dar as mãos, gesto de acolhida como no matrimônio; dar a mão como saudação; receber dons e objetos diversos. Acender fogo ou velas. Temos ainda a ação de tocar, de partir, de lavar as mãos, de ungir.
Gestos: Fazer o sinal da cruz da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito, enquanto a outra mão repousa sobre o peito. Temos a persignação no início da proclamação do Evangelho. Traça-se o sinal da cruz sobre a fronte, sobre os lábios e sobre o peito, enquanto a outra mão repousa sobre o peito. O sentido é claro. Na fronte: – que o Evangelho seja entendido; sobre os lábios: – que o Evangelho seja testemunhado; sobre o peito: – que o Evangelho seja vivido. Erguer as mãos, sinal de louvor, de oferta e de súplica. A mão estendida como na concelebração.
Posturas: Mãos juntas, unidas pelas palmas, constituem símbolo da oração, da relação e comunhão com Deus. Temos vários modos de juntar as mãos. As mãos juntas, uma palma da mão unida à outra. Esta forma é usada sempre que o sacerdote presidente, o diácono ou os acólitos se deslocam de um lugar para outro. Também é usada quando, de pé junto ao altar, ao ambão e à cadeira, o sacerdote não está em ação. Isso vale também para o diácono e os acólitos. Mãos juntas com os dedos entrelaçados: é a posição das mãos na oração particular e quando se está de joelhos. Mãos juntas, uma acolhendo a outra em forma de concha: É uma forma válida para os fiéis em geral, quando se movimentam na igreja ou se aproximam da Sagrada Comunhão e quando os leitores se aproximam do ambão.
Ao altar, quando uma das mãos estiver ocupada em fazer algo como virar a página, descobrir ou cobrir o cálice, a outra repousa espalmada sobre o altar. Quando traça o sinal da cruz sobre algo depositado sobre o altar, a outra mão também repousa com a palma da mão sobre o altar. Quando traça o sinal da cruz sobre si mesmo ou o povo, a mão esquerda repousa sobre o peito. Finalmente, quando saúda o altar com um beijo, apoia as duas mãos sobre o altar, como que num abraço ao Cristo, pois o altar é Cristo. Faz a mesma coisa quando junto ao altar faz genuflexão. Tudo isso expressa a harmonia e a beleza do rito feito oração.
Não se prevê o gesto de dar as mãos durante o Pai nosso. Palmas não existem no Rito Romano. A salva de palmas, contanto que não se torne um rito permanente, pode, ocasionalmente, ser significativa. A assembleia reunida reza também através das mãos.
Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia /Frei Alberto Beckhäuser