Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos/RJ
Uma das lembranças que mais me impactaram foi o de ver o meu pai chorar descompassadamente, com muita dor. Sabia, e por isso estava impressionado, que era um homem corajoso e destemido, deputado duas vezes, era parlamentar quando o presidente Terra, no Uruguai, em 1933, fechou o Congresso.
Como era de se esperar, sua coerência e firmeza na convicção democrática e na justiça social, o levou a manifestar e denunciar o regime ditatorial, pelo qual ficou preso num navio alemão, chamado Tacoma, que tinha sido apreendido pelo Estado. Entre lágrimas e soluços, disse-me que tinha recebido notícia que sua mãe tinha morrido em Montevidéu, pois, ele era Cônsul Geral em Porto Alegre.
Fiquei profundamente admirado e edificado, pois uma pessoa, de mais de sessenta anos, sentiu-se totalmente pequeno e fragilizado pela morte de sua mãe nonagenária. Mais tarde, quando minha mãe faleceu, compreendi que não há sentimento mais nobre, sublime e verdadeiro, que expressar a imensa gratidão e reconhecimento pela obra e presença de nossas mães pelo que somos e aprendemos com elas.
Penso, sem temor, sem equivocar-me, que devemos a elas um profundo sentimento de justiça e de integridade, de compaixão e de solidariedade com nossos irmãos e amigos. Ter uma mãe, nos torna mais humanos e sensíveis, mais esperançosos, porque sabemos que ela nunca desiste de nós. Podemos cair uma ou mil vezes, mas sempre teremos mãe, e o colo de uma mãe, como lugar de refúgio, amparo, e de receber sempre o estímulo, a motivação certa e a razão, para não parar de sonhar e resistir pelo que consideramos o ideal da nossa vida.
Quando, da derrota da França, na segunda guerra, o general Pétain explicava “faltaram-nos mães”, e, no relato heroico da resistência, em Stalingrado, num prédio com poucos soldados, diante de uma divisão nazista, uma mãe se desdobrava para alentar a cada um como filho.
Por isso, uma das cenas mais autênticas e mais comoventes do Evangelho foi o comentário do Evangelista João: Stabat Mater, estava a Mãe ao pé da Cruz. Que Maria Santíssima, a Mãe das mães, abençoe, guarde e fortaleça sempre as nossas queridas mães para que, como ela, sejam sinais de entrega, generosidade e do amor incondicional que não tem medida nem reserva. Deus seja louvado!
Fonte: CNBB