Seja bem-vindo(a) em nosso site oficial . Itabira (MG), 14 de dezembro de 2025

14/12 Notícias em Geral Leão XIV no Jubileu dos Reclusos: sejam concedidas formas de anistia ou indulto
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“A justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação (…). Que ninguém se perca! Que todos sejam salvos! É quanto deseja o nosso Deus, nisto consiste o seu Reino, em tal sentido se orienta a sua ação no mundo. Ao aproximar-se o Natal, queremos abraçar também nós e ainda com mais força o seu sonho, constantes no nosso empenho e confiantes”.

“Muitos ainda não compreendem que depois de cada queda deve ser possível levantar-se, que nenhum ser humano se reduz ao que fez e que a justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação (…). Como sabemos, na sua origem bíblica, o Jubileu era precisamente um ano de graça em que a cada um se oferecia, de muitas maneiras, a possibilidade de recomeçar”.

Jubileu dos Reclusos e de todos os envolvidos no mundo carcerário, celebrado neste final de semana, foi o últimos dos grandes eventos jubilares. E não por acaso, a escolha da data recaiu no III Domingo do Advento, o domingo Gaudete, começou explicando Leão XIV em sua homilia, na Missa celebrada na Basílica de São Pedro, na presença de 5 mil fiéis (outros 2.500 acompanhavam a celebração da Praça São Pedro por telões):

No ano litúrgico, este é o domingo “da alegria”, que nos lembra a dimensão luminosa da espera: a confiança de que algo de belo e alegre acontecerá.

Para ilustrar isso, o olhar do Pontífice se volta para 26 de dezembro de 2025, dia em que o Papa Francisco abriu a Porta Santa da Igreja do Pai Nosso, na Penitenciária de Rebibbia, e dirigiu um convite a todos: «Digo-vos duas coisas. Primeiro: a corda na mão, com a âncora da esperança! Segundo: escancarai as portas do coração!»

Ou seja, referindo-se à imagem de uma âncora lançada à eternidade, Francisco convidou-nos a manter viva a fé na vida que nos espera e a acreditar sempre na possibilidade de um futuro melhor. E ao mesmo tempo e com coração generoso, exortava-nos a ser agentes de justiça e caridade nos ambientes em que vivemos.

Mas ao aproximar-se o encerramento do Ano Jubilar, afirmou Leão XIV, devemos reconhecer que, apesar do empenho de muitos, ainda há muito a fazer neste sentido, mesmo no mundo carcerário.

O Papa recorda que “o cárcere é um ambiente difícil, onde mesmo os melhores propósitos podem encontrar inúmeros obstáculos”, mas precisamente em função disso, “não devemos cansar-nos nem desanimar ou recuar, mas avançar com tenacidade, coragem e espírito de colaboração”.

A justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação

“Com efeito, sublinha; muitos ainda não compreendem que depois de cada queda deve ser possível levantar-se, que nenhum ser humano se reduz ao que fez e que a justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação”.

Quando, mesmo em condições difíceis, se conservam a beleza dos sentimentos, a sensibilidade, a atenção às necessidades dos outros, o respeito, a capacidade de misericórdia e perdão, então, da terra dura do sofrimento e do pecado, brotam flores maravilhosas e, mesmo entre as paredes das prisões, amadurecem gestos, projetos e encontros únicos em humanidade.

Trata-se, explica o Santo Padre, de um trabalho “direcionado aos próprios sentimentos e pensamentos, necessário às pessoas privadas de liberdade e, em primeiro lugar, a quem tem o grande ónus de representar entre elas e para elas a justiça”:

“O Jubileu é um chamamento à conversão, sendo precisamente por isso motivo de esperança e alegria.”

Neste sentido, é importante olhar para Jesus, para a sua humanidade e para o seu Reino. E se por vezes os milagres como a cura dos cegos e dos coxos acontecem por intervenções extraordinárias de Deus, “com mais frequência se encontram confiados a cada um de nós, à nossa compaixão, à atenção, sabedoria e responsabilidade das nossas comunidades e instituições”.

Concessão de formas de anistia ou de perdão da pena

E isto conduz-nos a outra dimensão da profecia de Isaías que escutamos:

O compromisso de promover em todos os ambientes, hoje com destaque particular para as prisões, uma civilização fundada sobre novos critérios e, em última instância, sobre a caridade.

“Com este objetivo, recorda o Santo Padre o Papa Francisco desejava, em particular, que por ocasião do Ano Santo fossem também concedidas «formas de anistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade», e oferecer a todos oportunidades concretas de reinserção. Estou confiante de que em muitos países se dará seguimento ao seu desejo”.

Na origem bíblica, o Jubileu era precisamente “um ano de graça em que a cada um se oferecia, de muitas maneiras, a possibilidade de recomeçar”. O Evangelho da liturgia de hoje também nos recorda disso. De fato, João Batista, enquanto pregava e batizava, “convidava o povo a converter-se e a atravessar de novo, simbolicamente, o rio, como no tempo de Josué, para entrar na posse da nova “terra prometida”, isto é, de um coração reconciliado com Deus e com os irmãos.

Nesse sentido, a figura de profeta de João é eloquente: “era justo, austero, franco a ponto de ser preso pela coragem das suas palavras. Não era «uma cana agitada pelo vento»; e, ao mesmo tempo, era rico em misericórdia e compreensão para com aqueles que, sinceramente arrependidos, procuravam com esforço mudar.

O desejo de Deus: que ninguém se perca e todos sejam salvos

Caríssimos, recordou Leão XIV quase ao final de sua homilia, a tarefa que o Senhor vos confia a todos, reclusos e responsáveis pelo mundo carcerário, não é fácil:

“Os problemas a enfrentar são numerosos. Pensemos na sobrelotação, no empenho ainda insuficiente para garantir programas educativos estáveis de reabilitação e oportunidades de trabalho. E, a nível mais pessoal, não esqueçamos o peso do passado, as feridas a curar no corpo e no coração, as desilusões, a paciência infinita que é necessária, consigo mesmo e com os outros, quando se empreende um caminho de conversão e a tentação de desistir ou deixar de perdoar. Não obstante o Senhor continua, acima de tudo, a repetir-nos que uma só coisa é importante: que ninguém se perca e que todos «sejam salvos».”

Isso “é quanto deseja o nosso Deus, nisto consiste o seu Reino, em tal sentido se orienta a sua ação no mundo. Ao aproximar-se o Natal, queremos abraçar também nós e ainda com mais força o seu sonho, constantes no nosso empenho e confiantes. Porque sabemos que, mesmo diante dos maiores desafios, não estamos sozinhos: o Senhor está próximo, caminha conosco e, com Ele ao nosso lado, algo de belo e alegre acontecerá sempre”.


Capa: Basílica de São Pedro – Santa Missa no Jubileu dos Reclusos  (@Vatican Media)

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