Seja bem-vindo(a) em nosso site oficial . Itabira (MG), 23 de agosto de 2025

23/08 Notícias em Geral Leão XIV: a lei esteja a serviço da dignidade humana
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Papa recebe em audiência os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos no Vaticano, para o Jubileu da Esperança, por ocasião do seu 16º encontro anual.

Construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus

É a exortação do Pontífice no discurso proferido neste sábado, 23 de agosto, na audiência com os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos, no Vaticano para o Jubileu da Esperança, por ocasião do seu 16º encontro anual sobre o tema “A nova ordem mundial: as políticas das grandes potências, o domínio das multinacionais e o futuro da prosperidade humana”. 

O ensinamento de Santo Agostinho, lembrado como “figura imponente”, “voz proeminente da Igreja na época romana tardia”, testemunha de imensas convulsões e desintegração social, é mais uma vez a bússola para orientar a busca de um equilíbrio em um mundo que está tomando rumos considerados “preocupantes”.

Buscar o autêntico florescimento da família humana

A mensagem do Papa, dirigida aos legisladores e líderes políticos católicos, expressa apreensão por um lado, e desejo, por outro, “por um autêntico bem-estar humano, um mundo em que cada pessoa possa viver em paz, liberdade e satisfação, segundo o plano de Deus”. O Santo de Hipona oferecia e oferece ainda hoje, recorda o Papa, um horizonte de esperança e de sentido que se encontra na sua memorável obra De civitate Dei (escrita entre 413 e 426), na qual se delineia a história como uma luta entre dois modelos de vida: o da Cidade do Homem, fundada no orgulho e no amor próprio, caracterizada pela busca do poder, do prestígio e do prazer; e o da Cidade de Deus, fundada no amor a Deus até ao altruísmo, caracterizada pela justiça, caridade e humildade.

Agostinho encorajava os cristãos a infundir na sociedade terrena os valores do Reino de Deus, orientando assim a história para a sua realização final em Deus, permitindo ao mesmo tempo o autêntico florescimento humano nesta vida. Esta visão teológica pode nos ancorar diante das correntes mutáveis de hoje: o surgimento de novos centros de gravidade, a mudança de antigas alianças e a influência sem precedentes das corporações e tecnologias globais, sem mencionar os numerosos conflitos violentos. A questão crucial que nós, crentes, devemos nos colocar é, portanto, esta: como podemos realizar esta tarefa?

O que é uma vida próspera?

Então, o Papa esclarece o significado de uma vida próspera, muitas vezes confundida, observa ele, “com uma vida materialmente rica ou com uma vida de autonomia individual sem restrições”. O conforto tecnológico e a satisfação do consumidor, afirma ainda o Papa Leão, são geralmente considerados os parâmetros de um futuro ideal. “No entanto, sabemos que isso não é suficiente. Vemos isso nas sociedades ricas, onde muitas pessoas lutam contra a solidão, o desespero e um sentimento de falta de sentido”.

O autêntico florescimento humano deriva do que a Igreja chama de desenvolvimento humano integral, ou seja, o pleno desenvolvimento de uma pessoa em todas as suas dimensões: física, social, cultural, moral e espiritual. Esta visão da pessoa humana está enraizada na lei natural, a ordem moral que Deus escreveu no coração do homem, cujas verdades mais profundas são iluminadas pelo Evangelho de Cristo. A este respeito, o autêntico florescimento da humanidade é visível quando os indivíduos vivem virtuosamente e em comunidades saudáveis, desfrutando não só do que têm, mas também do que são como filhos de Deus. Ele garante a liberdade de buscar a verdade, de adorar a Deus e de criar famílias em paz. Inclui também a harmonia com a criação e um sentido de solidariedade entre as classes sociais e as nações.

@Construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus

É preciso escolher, insiste o Pontífice, o que se quer como fundamento da sociedade: o amor por si mesmo ou o amor por Deus e pelo próximo. Isso é ainda mais necessário diante dos desafios atuais, que “são imensos”, mas em relação aos quais a graça de Deus, que atua nos corações humanos, sublinha o Papa, é ainda mais poderosa. O Papa Leão XIV conclui com uma referência ao Discurso de Francisco ao Corpo Diplomático, em janeiro passado, no qual se falava de “diplomacia da esperança”, aquela que ainda se revela fundamental, juntamente, precisa o Pontífice, com uma “política da esperança” e uma “economia da esperança”. A bênção final aos trabalhos da rede de legisladores católicos é acompanhada pelo incentivo para que os esforços tenham como objetivo “o verdadeiro florescimento da família humana”.

Na sua vocação de legisladores e funcionários públicos católicos, vocês são chamados a construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus. Exorto-os a trabalhar por um mundo em que o poder seja dominado pela consciência e a lei esteja a serviço da dignidade humana. Encorajo-os também a rejeitar a mentalidade perigosa e autodestrutiva segundo a qual nada pode mudar.

Antonella Palermo – Vatican News