Por Frei Clarêncio Neotti
O Evangelho de João foi escrito para acentuar a última frase do texto de hoje: dar testemunho de que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus. Todos os milagres e acontecimentos narrados por João se direcionam a essa única conclusão. Qualquer conclusão menor ou de menos conteúdo é insuficiente. Muitas vezes, o povo olhou para Jesus e concluiu que ele era um grande profeta. Essa conclusão ainda não é suficiente. Hoje, o maior de todos os profetas diz expressamente: “Ele está à minha frente, ele existiu antes de mim”, isto é, ele é maior do que eu, ele existiu antes que o tempo existisse.
João Batista afirma a eternidade de Jesus. E eterno só é Deus. Contudo, ainda que eterno, Jesus apareceu dentro do tempo, entre os homens, com uma missão divina. Isso vem dito com a figura da pomba – Espírito de Deus -, que desce, paira e permanece sobre Jesus. É como que uma consagração. É a maneira de dizer que Jesus de Nazaré, eterno como Deus, tem a plenitude de Deus e vai agir com a força e o poder de Deus (“batizará no Espírito Santo”).
O evangelista coloca João Batista como exemplo de atitude de todo aquele que quer seguir Jesus: “Eu vi e dou testemunho”. Primeiro é preciso ver na pessoa humana de Jesus de Nazaré o Filho de Deus, eterno e com uma missão divina. Entender e convencer-se desse fato. Depois testemunhar essa verdade, isto é, passá-la aos outros com humildade e convicção. “Dar testemunho” de Jesus é uma obrigação que João evangelista inculca ao longo de todo o Evangelho (por exemplo, 14,26; 15,27).
Fonte: Franciscanos
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.