Por Frei Clarêncio Neotti
Duas vezes, hoje, Jesus afirma que amá-lo e guardar seus preceitos é a mesma coisa (vv. 15 e 21). No trecho do domingo passado, falava-se muito em crer, ter fé. Hoje, acentua o amar e ser amado. Acentuação que continua no verso 23 e na aclamação do Evangelho: “Quem me ama guarda minha palavra, e meu Pai o amará”. Não é difícil perceber o nexo entre ter fé e amar. Ele é tão forte quanto a reciprocidade entre amar e ser amado. Podemos dizer de cada ser humano que sua história é a história de seu amor. Santo Agostinho escreveu: “Meu amor é meu peso, por ele sou levado aonde quer que eu vá. Assim como os corpos se movem pela gravidade, o homem tem por gravidade própria o seu amor, que é a força que o impulsiona em todas as suas tarefas e empresas”.
Não se ama a Deus, se não se observam seus mandamentos. No verso 23 se fala em observar a palavra de Deus. Por mandamento ou palavra compreendem-se os 10 mandamentos de Moisés (que Jesus não aboliu, mas reforçou), todos os ensinamentos e o próprio exemplo de Jesus. Não podemos fazer muita distinção entre a pessoa e o ensinamento de Jesus. Cremos em sua palavra e cremos em seus ensinamentos, que têm força divina (1 Cor 1,18), que agem em nós (Hb 4,12 e 1 Ts 2,13), são espírito e vida (Jo 6,63) e não se distinguem dos ensinamentos do Pai (Jo 14,24).
Fonte: Franciscanos
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.