Jesus institui o Sacramento da Eucaristia – Verdadeiramente o Pão da Vida

O primeiro anúncio da Eucaristia – No Evangelho de São João, capítulo 6, Jesus após multiplicar pães e peixes, andar sobre as águas e parar os ventos – mostrando aos apóstolos que tem poder sobre toda a matéria – proclama:

“Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede.” (Jo 6, 35)

Protestaram os incrédulos contra as palavras de Cristo:

Os judeus murmuravam, então, contra ele, porque dissera: “Eu sou o pão descido do céu”.  (Jo 6, 41)

Mas Jesus reafirma:

“Eu sou o pão da vida. Vossos pais no deserto comeram o maná e morreram. Este pão é o que desce do céu para que não pereça quem dele comer. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer?” Então Jesus lhes respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim, Este é o pão que desceu do céu. Ele não é como o que os pais comeram e pereceram; quem come este pão viverá eternamente”. (Jo 6, 48-58)

Com efeito, diante destas palavras do Senhor, narra o Evangelho:

Muitos de seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?” (Jo 6, 60)

“A partir daí, muitos dos Seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele.” (Jo 6, 66)

Abandonaram Jesus, o sacramento sequer tinha sido instituído e apenas os seus fundamentos já eram pedra de escândalo para os primeiros seguidores de Cristo. Tal reação se estende até os dias de hoje, quando se fala deste sacramento, as pessoas facilmente se escandalizam. Ficam intrigadas que os católicos possam acreditar que em um pedaço de pão e em um pouco de vinho esteja escondida a própria divindade, mesmo sabendo, muitas vezes, que essa é a realidade que a Igreja vive desde o tempo dos apóstolos.

Como foi dito no início, um dia antes, Jesus fez o milagre dos pães e dos peixes alimentando uma multidão – só os homens eram cinco mil – com cinco pães e dois peixes; e depois que todos se saciaram, os seus discípulos recolheram doze cestos de sobra. No dia seguinte, esse milagre estava fresco na mente de todos que presenciaram (ou ao menos deveria estar). Jesus tinha lançado os alicerces de sua promessa. Sabendo que ia fazer uma tremenda exigência à fé do seus ouvintes, preparou-os para ela.

Os milagres da multiplicação dos pães – quando o Senhor disse a bênção, partiu e distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão -, prefiguram a superabundância deste pão único da Sua Eucaristia. (Catecismo da Igreja Católica, CIC n. 1335)

Depois disso, a multidão saciada viu os discípulos embarcarem sem Jesus, rumo a Cafarnaum, na única barca que havia. Nessa noite Jesus andou sobre as águas e parou os ventos, atravessou andando as águas tormentosas do lago e juntou-se aos seus discípulos na barca, e assim chegou com eles a Cafarnaum.

Na manhã seguinte, a multidão não encontrou Jesus. Desistiram de encontrá-lo e embarcaram também para Cafarnaum. Se surpreenderam ao ver que Jesus havia chegado antes deles, sem ter subido à barca na noite anterior! Foi outro milagre que Jesus fez para fortalecer a fé daquela gente (e dos seus discípulos), pois ia pô-la à prova pouco depois.

Os discípulos e os que conseguiram entrar na sinagoga de Cafarnaum, presenciaram ali, a promessa que hoje nos enche de fortaleza e vida: Jesus prometeu a sua Carne e seu Sangue como alimento; prometeu a Sagrada Eucaristia.

Se tinha poder para multiplicar cinco pães e com eles alimentar cinco mil homens, como não havia de tê-lo para alimentar toda a humanidade com um pão celestial feito por Ele?!

Se tinha poder para andar sobre as águas como se fosse terra firme, como não havia de tê-lo para ordenar aos elementos do pão e do vinho que lhe emprestassem a sua aparência para utilizá-la como capa para a sua Páscoa?!

Apesar do “escândalo” da transubstanciação, que atravessa os séculos, não é possível interpretar de outra maneira estas palavras de Jesus: “A minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida”. Apenas a leitura desta passagem bíblica já é o suficiente para eliminar a hipótese de que Jesus estava “falando em parábolas”, como insinuam os protestantes da modernidade, visto que até mesmo os primeiros protestantes no século XVI não negavam inteiramente a presença real de Jesus na Eucaristia.

O próprio Lutero não negou inteiramente a presença real de Jesus na Eucaristia. Admitia que as palavras de Jesus eram demasiado terminantes para que fosse possível explicá-las de outro modo. Mas Lutero queria abolir a Missa, bem como a adoração de Jesus presente no altar. Por isso, tratou de resolver o seu dilema ensinando que, embora o pão continuasse a ser pão e o vinho, vinho, Jesus se faz presente juntamente com as substâncias do pão e do vinho, mas sustentava que Jesus está presente apenas no momento em que se recebe o pão e o vinho; não antes nem depois. Assim, Lutero rejeitava a doutrina como um todo, da presença verdadeira e substancial de Jesus em 100% da Eucaristia, doutrina que havia sido seguida firmemente por todos os cristãos durante mil e quinhentos anos.

Mas no terreno adubado por Lutero brotaram outras confissões protestantes que foram recusando mais e mais a crença na presença real de Jesus na Eucaristia. Para os protestantes da modernidade, o “serviço da comunhão” não passa de um simples rito comemorativo da morte do Senhor; o pão continua a ser pão e o vinho continua a ser vinho.

Nos seus esforços por eludir a doutrina da presença real, teólogos protestantes procuraram mitigar as palavras de Jesus, afirmando que Ele não pretendia que as interpretassem em seu sentido literal, mas apenas espiritual ou simbolicamente. Mas é evidente que não se podem diluir as palavras de Cristo sem violentar o seu sentido claro e definido. Jesus não poderia ter sido mais enfático: “A minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida”. Não há forma de dizê-lo com mais clareza. No original grego, que é a língua em que São João escreveu o seu Evangelho, a palavra do versículo 55 que traduzimos por “comer” estaria mais próxima do seu sentido original se a traduzíssemos por “mastigar” ou “comer mastigando”.

Tentar explicar as palavras de Jesus como simples modo de expressar-se, nos leva a outro beco sem saída. Entre os judeus, que eram aqueles a quem Jesus se dirigia, a única ocasião em que a frase “comer a carne de alguém” se utilizava figurativamente era para significar ódio a determinada pessoa ou perseguir alguém com furor. De modo parecido, “beber o sangue de alguém” queria indicar que esse alguém seria castigado com penas severas. Nenhum desses significados – os únicos que os judeus conheciam – se revela coerente se os aplicarmos às palavras de Jesus.

Outra prova de peso, que confirma que Jesus quis verdadeiramente dizer o que disse – que o seu corpo e o seu sangue estariam realmente presentes na Eucaristia – está em que alguns dos seus discípulos o abandonaram por terem achado a ideia de comê-lo demasiado repulsiva. Não tiveram fé suficiente para compreender que, se Jesus lhes ia dar a sua Carne e o seu Sangue em alimento, o faria de forma a não causar repugnância à natureza humana. Por isso o abandonaram, “e já não andavam com ele”.

Jesus nunca os teria deixado ir-se embora se esse abandono fosse simples resultado de um mal-entendido. Se Jesus tivesse querido usar estas palavras somente em um sentido metafórico, falando do “pão da vida” apenas como um símbolo ou uma representação, Jesus, que conhece os corações humanos, vendo que muitos saíam e o abandonavam, teria se explicado. Ele certamente teria dado outro sentido à Sua pregação, explicando que as coisas não eram da forma como eles tinham entendido.

Muitas vezes antes tinha-se dado ao trabalho de esclarecer as suas palavras, quando disse que era preciso nascer de novo, e lhe perguntaram como é que um adulto podia entrar de novo no ventre de sua mãe (cf. Jo 3,3 e segs.); pacientemente, Jesus esclareceu-lhe as suas palavras sobre o Batismo.

Mas agora, em Cafarnaum, Jesus não esboça o menor gesto para impedir que os seus discípulos o abandonem, nem ao menos disse que o haviam entendido mal. Não pode fazê-lo pela simples razão de que o tinham entendido perfeitamente e por isso o deixavam. O que lhes faltou foi fé. Jesus, tristemente, teve que resignar-se a vê-los partir, o Senhor não voltou atrás, não retirou nada do que disse e limitou-se a perguntar aos Doze:

“Então, disse Jesus aos Doze: “Não quereis também vós partir?”. (Jo 6, 67)

Tudo isto faz com que a afirmação da doutrina da presença real esteja ineludivelmente contida na promessa de Cristo, por que, se não fosse assim, as suas palavras não teriam sentido, e Jesus não falava por enigmas indecifráveis.

O primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os discípulos, tal como o anúncio da Paixão os escandalizou: “Estas palavras são insuportáveis! Quem as pode escutar? (Jo 6,60). A Eucaristia e a Cruz são pedras de tropeço. É o mesmo mistério e continua a ser motivo de divisão. Também vós quereis ir-vos embora? (Jo 6,67). Esta pergunta do Senhor ecoa através dos tempos, como convite do seu amor a que descubramos que só Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6,68) e que acolher na fé o dom da sua Eucaristia é acolhê-Lo a Ele mesmo (CIC n. 1336).

Por mais que pareça pesada esta doutrina, ainda que muitos não queiram crer, Jesus não a muda e indaga: “Querem também ir embora?”. Assim procedia o Filho de Deus diante da incredulidade de Seus discípulos, e assim procede a Igreja de Cristo até os dias de hoje:

Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas. (Papa Paulo VI, Carta Encíclica Humanae Vitae, 25 de julho de 1968, n. 29.)

A Igreja em toda Santa Missa obedece o Nosso Salvador Jesus Cristo, e assim o fez em seus 2000 anos de história.

No Novo Testamento, há quatro relatos da instituição da Eucaristia. São os de Mateus (26, 26-28), Marcos (14, 22-24), Lucas (22, 19-20) e Paulo (1 Cor 11, 23-29). São João, que é quem nos conta a promessa da Eucaristia (Jo 6), não se preocupa de repetir a história da instituição deste sacramento. Foi o último Apóstolo a escrever um Evangelho, e conhecia os outros relatos. Em seu lugar, decide transmitir-nos as belíssimas palavras finais de Jesus aos seus discípulos na Última Ceia.

Eis aqui o relato da instituição da Sagrada Eucaristia segundo São Paulo:

Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim.” Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha. (1 Cor 11, 23-26)

As suas palavras não podiam ser mais claras. “Isto” queria dizer “esta substância que tenho em minhas mãos e que agora que começo a falar é pão, e ao terminar não será já pão, mas o meu próprio corpo”. “Este cálice” queria dizer “este cálice que agora que começo a falar contém vinho, e ao terminar não será mais vinho, mas o meu próprio sangue”.

“Isto é o meu corpo” e “este cálice … É o meu sangue”. Os Apóstolos tomaram as palavras de Jesus literalmente. Aceitaram como um fato que a substância que ainda parecia pão era agora o Corpo de Jesus; e que a substância que continuava a parecer vinho era agora o Sangue de Cristo.

Essa foi a doutrina que os Apóstolos pregaram à Igreja nascente. Essa foi a crença universal dos cristãos durante mil anos. No século XI, um herege chamado Berengário pôs em dúvida a verdade da presença real, e ensinava que Jesus tinha falado apenas em sentido figurado e, assim, o pão e o vinho consagrados não eram realmente o seu corpo e o seu sangue. A heresia de Berengário foi condenada por três concílios, e Berengário retratou-se do seu erro e voltou atrás. A doutrina da presença real permaneceu indiscutida por outros quinhentos anos, até que no século XVI chegaram Lutero e a reforma protestante.

Como já foi dito, Lutero não negou inteiramente a presença real de Jesus na Eucaristia, porém, outros reformadores protestantes foram mais longe que Lutero e acabaram por negar completamente a presença real. Tanto eles como os teólogos protestantes que lhes sucederam sustentaram que, quando Jesus disse: “Isto é o meu corpo” e “Isto é o meu sangue”, lançou mão de um recurso de linguagem, e que o que queria dizer era: “Isto representa o meu corpo” ou “Isto é um símbolo do meu sangue”. Na sua tentativa de alterar as palavras de Cristo, tiveram que valer-se de todo tipo de interpretações inverossímeis, mas deixaram sem resposta as razões realmente sólidas que provam que Jesus disse o que queria dizer e quis dizer o que disse.

Sendo Deus, Jesus sabia que, em consequência das palavras que ia pronunciar, milhões e milhões de pessoas lhe prestariam culto sob a aparência de pão. Se não tivesse querido estar realmente sob essas aparências, os adoradores prestariam culto a um simples pedaço de pão e incorreriam no pecado de idolatria, e isto, certamente, não é coisa a que o próprio Deus quisesse induzir-nos, preparando o cenário e utilizando obscuros modos de falar.

Que os Apóstolos tomaram literalmente as palavras de Jesus, é evidente, pois os cristãos creram desde os primórdios na presença real de Jesus na Eucaristia, como veremos mais a frente. De ninguém mais, além dos Apóstolos, poderiam ter obtido essa crença. E quem melhor do que estes nos poderia dizer o que Cristo quis dizer? Os Apóstolos estavam lá; podiam ter perguntado a Jesus – e certamente o fizeram – todas as questões que lhes ocorressem sobre o significado das palavras que acabavam de ouvir. Às vezes, tendemos a esquecer que os Evangelhos registram apenas uma pequena parte do que se passou entre Jesus e os Apóstolos. Compilar três anos de diálogo, de perguntas e respostas, de ensinamentos, requereria um montão de livros.

Quando, na noite da Quinta-feira Santa, Jesus pronunciou as palavras: “Isto é o meu corpo” sobre o pão, e “Isto é o meu sangue” sobre o vinho, os Apóstolos tomaram essas palavras ao pé da letra, como se prova claramente pela sua conduta posterior. Se Jesus lançou mão de uma metáfora, se o que na realidade quis dizer era: “Este pão é como que um símbolo do meu corpo e este vinho significa o meu sangue; portanto, cada vez que os meus seguidores se reunirem e participarem de um pão e um vinho como estes, honrar-me-ão e representarão a minha morte”; se foi isto o que Jesus quis dizer, então todos os Apóstolos o entenderam mal. E, através da sua interpretação errônea, toda a cristandade passou a adorar um pedaço de pão como se fosse Deus, até que chegassem os protestantes só no século XVI.

É totalmente insensato pensar que Jesus pudesse permitir que os seus discípulos caíssem num erro tão grave. Em outras ocasiões, em muitíssimas outras ocasiões, e tratando-se de matérias muito menos importantes que esta, Jesus corrige os seus Apóstolos quando o interpretam mal. Para citar um só exemplo, no Evangelho de São Mateus (16, 6-12), Jesus diz aos seus Apóstolos que estejam prevenidos contra o fermento dos fariseus e dos saduceus. Eles pensam que lhes está falando de pão real, e cochicham entre si que não têm pão. Pacientemente, Jesus, esclarece-lhes que se refere aos ensinamentos dos fariseus e saduceus, não ao pão que se come. Em outras ocasiões, quando Jesus se serve de metáforas, o próprio escritor sagrado nos esclarece o respectivo significado, como na ocasião em que Jesus disse: Destruí este templo e eu o reedificarei em três dias, e João explica imediatamente que Ele se referia ao templo do seu corpo (cf. Jo 2, 19-22). Encontramos incidentes parecidos em grande abundância nos Evangelhos, e, no entanto, querem agora fazer-nos crer que, no momento solene da Última Ceia, Jesus utilizou modos de dizer novos e estranhos, sem se darem ao trabalho de explicar qual era o seu significado.

Porque são modos de dizer novos e estranhos. Nem o pão é um símbolo natural do corpo humano, nem o vinho um símbolo natural do sangue. Se alguém cortasse uma fatia de pão e a oferecesse aos outros, dizendo-lhe: “Isto é o meu corpo”, este pensaria logo que estava diante de um gozador ou de um louco varrido. E é blasfemo tratar de aplicar a Jesus qualquer das duas hipóteses.

Como recurso literário, só é válido lançar mão de um modo de dizer quando o seu significado é claro. Esta clareza pode resultar da natureza da afirmação, como quando mostro uma fotografia e digo: “É a minha mãe”, ou digo de um cavalo veloz: “É um raio”; ou quando me ponho a explicar o sentido da metáfora; por exemplo, quando coloco uns fósforos sobre a mesa e digo: “Esta é a minha casa, e aqui está a sala de jantar”. Mas, nem pela natureza da afirmação, nem por explicações dadas, as palavras “Isto é o meu corpo” fazem sentido como metáfora.

A ideia de que Jesus teria falado em metáforas na Última Ceia torna-se ainda mais incrível se tivermos em conta que se dirigia a homens que, na sua maioria, eram uns pobres e incultos pescadores. Não tinham sido educados nas sutilezas da retórica. Mais ainda, antes de o Espírito Santo ter descido sobre eles, assombram-nos pelo seu lento entendimento das coisas. Temos um exemplo na passagem da ressurreição de Lázaro. Lemos em São João (11, 11-14) que, quando Jesus disse: “O nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”, os discípulos replicaram: “Senhor, se dorme, curar-se-á”. Então Jesus disse-lhes claramente: “Lázaro morreu”. Eram mentalidades difíceis para lhes falar em metáforas!

Outra indicação de que Jesus não falava em metáforas ao instituir a Eucaristia, vemos nas palavras com que São Paulo conclui o seu relato da Ultima Ceia, nos advertindo sobre o perigo de tomar indignamente o corpo e o sangue do Senhor:

Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação. (1 Cor 11, 27-29)

É duro dizer que um homem se torna réu do Corpo e do Sangue do Senhor, que come e bebe a sua própria condenação, se o pão não é mais do que pão, mesmo que seja pão bento, e o vinho não é senão vinho, mesmo que seja um vinho sobre o qual se tenham pronunciado umas orações. Se fosse um ato meramente simbólico ou representativo como dizem os protestantes, por que de tal advertência tão séria de São Paulo quanto à condenação?

Nós, certamente, não necessitamos de provas como as que aqui se esquematizaram para crer na presença real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Cremos nessa verdade não por provas racionais, mas, primordialmente, porque a Igreja de Cristo, que não pode errar em matérias de fé e moral, assim no-lo diz. Mas sempre é útil conhecer as dificuldades com que tropeçam os que procuram interpretações pessoais nas palavras de Nosso Senhor.

Lembremos que fazer uso do livre exame das escrituras e tirar conclusões pessoais – que contradizem a legítima interpretação das escrituras ensinada pelo magistério da Igreja – é perigoso e pode levar à ruína:

Isto mesmo faz ele em todas as suas cartas, ao falar nelas desse tema. É verdade que em suas cartas se encontram alguns pontos difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as demais Escrituras, para a sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo-o de antemão, precavei-vos, para não suceder que, levados pelo engano desses ímpios, venhais a cair da vossa firmeza.(2 Pe 3, 16-17)

Nós preferimos seguir a regra da sensatez que diz que, para conhecer o significado de uma coisa que se disse, não há melhor caminho do que perguntar a quem a ouviu ou que estava lá. Os Apóstolos estavam lá; os primeiros cristãos, os que escutaram a pregação dos Apóstolos, em certo sentido estavam lá. Mesmo nós, que herdamos uma tradição ininterrupta, em certo sentido estávamos lá. Independentemente de ser um dogma definido pela Igreja, preferimos crer nos ensinamentos dos Apóstolos e na crença unânime que tiveram os cristãos durante os primeiros mil e quinhentos anos, em vez de prestar ouvidos aos ensinamentos desencontrados dos reformadores protestantes que chegaram no século XVI. Homens como Lutero, Karlstadt, Zwingli ou Calvino exigem demasiado quando nos pedem para crer que durante quinze séculos os cristãos permaneceram no erro e que, de repente, eles, os reformadores protestantes, encontraram a resposta certa.

Vejamos um pouco do que a Igreja sempre ensinou no decorrer de toda sua história:

“Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres.” (Santo Inácio de Antioquia, †102, bispo e mártir)

“Os fiéis bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar o seu sangue por Cristo.” (São Cipriano de Cartago, †258, Epístola 56, n. 1, em tempo de perseguição aos cristãos)

“Na Eucaristia está presente “in nuce”, de um modo incoado, a realização do plano salvífico universal de Deus: com Cristo ressuscitado faz-se presente a nova criação, os novos céus e a nova terra, a nova humanidade. Com efeito, na transfiguração gloriosa de Jesus Cristo já se havia inaugurado a renovação escatológica do mundo: no Senhor ressuscitado, o “eschaton” – Aquele que representa as realidades últimas – já está presente o oitavo dia, a eternidade que se manifesta no presente, fazendo com que saboreemos já o que iremos encontrar na vida eterna.” (São Basílio Magno, †379, De Spiritu Sancto, 27, 66: SCh 17 bis, 237.)

“Recebe o corpo de Cristo; dize Amém e com zelo santifica os olhos ao contato do corpo santo… Depois aproxima-te do cálice. Dize Amém e santifica-te tomando o sangue de Cristo.” (São Cirilo de Jerusalém, †386)

“O Santíssimo Sacramento é fogo que nos inflama de modo que, retirando-o do altar, espargimos tais chamas de amor que nos tornam terríveis ao inferno.” (São Gregório Nazianzeno, †389)

“Deu-se todo não reservando nada para si. Não comungar (tomar a Eucaristia) seria o maior desprezo a Jesus que se sente “doente de amor”. (São João Crisóstomo, †407, CT 2,4-5)

“Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa: o que mais vale é que nos dá ainda o que nem sequer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário.” (São Jerônimo, †420)

“A Eucaristia é o pão de cada dia que se torna como remédio para a nossa fraqueza de cada dia.” (Santo Agostinho, †430)

“A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao Corpo do Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo que recebemos.” (Santo Agostinho, †430)

“Se ele em pessoa declarou e disse do pão: “Isto é o meu corpo”, quem se atreveria a duvidar doravante? E quando ele afirma categoricamente e diz: “Isto é o meu sangue”, quem duvidaria dizendo não ser seu sangue?” (São Cirilo de Alexandria, †444, Quarta Catequese Mistagógica)

“Outrora, em Caná da Galileia, por própria autoridade, transformou a água em vinho. Não será digno de fé quando transforma o vinho em sangue? Convidado às bodas corporais, realizou, este milagre maravilhoso. Aos companheiros do esposo não se concederá, com muito mais razão, a alegria de desfrutar do seu corpo e sangue?” (São Cirilo de Alexandria, †444, Quarta Catequese Mistagógica)

“Portanto, com toda certeza recebemo-los como corpo e sangue de Cristo. Em forma de pão te é dado o corpo, e em forma de vinho o sangue, para que te tornes, tomando o corpo e o sangue de Cristo, con-corpóreo e consanguíneo com Cristo. Assim nos tornamos portadores de Cristo (cristóforos), sendo nossos membros penetrados por seu corpo e sangue. Desse modo, como diz o bem-aventurado Pedro, “tornamo-nos participes da natureza divina”. (São Cirilo de Alexandria, †444, Quarta Catequese Mistagógica)

“Não consideres, portanto, o pão e o vinho como simples elementos. São, conforme a afirmação do Mestre, corpo e sangue. Se os sentidos isto te sugerem, a fé te confirma. Não julgues o que se propõe segundo o gosto, mas pela fé tem firme certeza de que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo.” (São Cirilo de Alexandria, †444, Quarta Catequese Mistagógica)

“Glória ao remédio da vida.” (Santo Efrém Sírio, †444)

“A comunhão reprime as nossas paixões: ira e sensualidade principalmente.” (São Bernardo, †1153, doutor da Igreja)

“Fica sabendo, ó cristão, que mais merece ouvir devotamente uma só missa do que distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra.” (São Bernardo, †1153, doutor da Igreja)

“Dos sete Sacramentos da Igreja, o mais importante é a Eucaristia, porque contém realmente o Cristo em pessoa, enquanto os outros contêm uma virtude instrumental participada de Cristo.” (Santo Tomás de Aquino, †1274, Suma Teológica, III, q. 65, a. 3.)

“O martírio não é nada em comparação com a Santa Missa. Pelo martírio, o homem oferece a Deus a sua vida; na Santa Missa, porém, Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor. A Eucaristia é o milagre supremo do Salvador; é o dom soberano do Seu amor.” (Santo Tomás de Aquino, †1274)

“A Comunhão destrói a tentação do demônio.” (Santo Tomás de Aquino, †1274)

“O tempo passado diante do Sacrário (onde fica a hóstia consagrada, Eucaristia) é o tempo mais bem empregado da minha vida.” (Santa Catarina de Gênova, †1510)

“Pela consagração do pão e do vinho se efetua a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue.” (Concílio de Trento, de 1551 a 1552, Sessão XIII, cap. 4, n. 877.)

“Sem a Santa Missa, que seria de nós? Tudo perecia neste mundo, pois somente ela pode deter o braço de Deus.” (Santa Teresa de Ávila, †1582)

“A devoção ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima Virgem são, não o melhor, mas o único meio para se conservar a pureza. Somente a comunhão é capaz de conservar um coração puro aos 20 anos. Não pode haver castidade sem a Eucaristia.” (São Filipe Neri, †1595)

“Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos para se conservarem perfeitos, e os imperfeitos para chegarem à perfeição.” (São Francisco de Sales, †1622, doutor da Igreja)

“A Missa é o sol da Igreja.” (São Francisco de Sales, †1622, doutor da Igreja)

“Jesus Cristo na Santa Missa é médico e remédio.” (Santo Afonso de Ligório, †1787)

“Uma alma não pode fazer nada que agrada a Deus mais do que comungar em estado de graça.” (Santo Afonso de Ligório, †1787)

“Sem a Missa, a terra já teria sido aniquilada, há muito tempo, por causa dos pecados dos homens.” (Santo Afonso de Ligório, †1787)

“Cada hóstia consagrada é feita para se consumir de amor em um coração humano. Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa, que zelo não teríamos em assistir a ela.” (São João Maria Vianney, †1859)

“A Sagrada Comunhão é a derradeira graça de amor, e nela Jesus Cristo se une espiritual e realmente ao fiel, a fim de nele produzir a perfeição de sua Vida e de sua Santidade.” (São Pedro Julião Eymard, †1868)

“Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado (Jesus Eucarístico). Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Quereis vencer o demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus. Quereis ser vencidos? Deixai de visitar Jesus…” (São João Bosco, †1888)

“A Eucaristia […] deve-se considerar como continuação e ampliação da encarnação.” (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Mirae Caritatis, 28 de maio de 1902, n. 7.)

“Eu acredito que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo, porque Ele mesmo o disse, e assim no-lo ensina a Santa Igreja.” (São Pio X, †1914, Catecismo de São Pio X, n. 596.)

“Jesus, na Eucaristia, é penhor seguro da sua presença nas nossas almas; do seu poder, que sustenta o mundo; das suas promessas de salvação, que ajudarão a que a família humana, quando chegar o fim dos tempos, habite perpetuamente na casa do Céu, em torno de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo: Santíssima Trindade, Deus único.” (São Josemaria Escrivá, †1975, Cristo que passa, n. 153.)

Cremos que como o pão e o vinho consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, foram mudados no seu Corpo e no seu Sangue, que iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o pão e o vinho consagrados pelo sacerdote se mudam no Corpo e no Sangue de Cristo glorioso que está no céu, e cremos que a misteriosa presença do Senhor naquilo que misteriosamente continua a aparecer aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial. (cf. Dz. Sch. 1651) […] Toda explicação teológica que procura alguma inteligência deste mistério deve, para estar de acordo com a fé católica, admitir que na própria realidade, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho cessaram de existir depois da consagração, de tal modo que estão realmente diante de nós o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor Jesus, sobre as espécies sacramentais do pão e do vinho, conforme Ele assim o quis, para se dar a nós em forma de alimento e para nos associar à unidade do seu Corpo Místico. (cf. S. Th., III, 73, 3) […] A única e indivisível existência do Senhor glorioso que está no céu não é multiplicada, mas torna-se presente pelo Sacramento, em todos os lugares da terra onde a Missa é celebrada. E permanece presente, depois do sacrifício, no Santíssimo Sacramento, que está no Sacrário, coração vivo de cada uma das nossas igrejas. E é para nós um dulcíssimo dever honrar e adorar na sagrada Hóstia, que os nossos olhos vêem, o Verbo Encarnado, que eles não podem ver e que, sem deixar o céu, se tornou presente no meio de nós. (Papa Paulo VI, †1978, Profissão de Fé, Credo do Povo de Deus)

“Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus, abrindo-nos à lógica do amor e da partilha.” (São João Paulo II, †2005)

“Esse mesmo pão eucarístico, oferecido um dia por nós, é entregue sem interrupção para que os homens, separados uns dos outros outrora mas chamados de novo muitas vezes à unidade, em si descubram novo amor para com Deus e entre si novo vínculo de fraternal amizade.” (São João Paulo II, †2005)

“Na Eucaristia nós contemplamos o Sacramento desta síntese viva da lei: Cristo entrega-nos em si mesmo a plena realização do amor a Deus e do amor aos irmãos. Ele comunica-nos este seu amor quando nos alimentamos do seu Corpo e do seu Sangue.” (Papa Bento XVI)

“A Eucaristia é o nosso tesouro mais precioso. Ela é o sacramento por excelência; introduz-nos antecipadamente na vida eterna; contém em si todo o mistério da nossa salvação; é a fonte e o ápice da ação e da vida da Igreja.” (Papa Bento XVI)

“Com a comunhão Jesus nos dá forças […] aquilo que está sobre o altar parece pão, mas não é propriamente pão, é o Corpo de Jesus. Jesus vem ao nosso coração. Pensemos nisso, o Pai nos deu a vida, Jesus nos deu a salvação, nos acompanha, nos guia, nos sustenta, nos ensina. O Espírito Santo, nos ama, nos dá o amor.” (Papa Francisco, 27 de Maio de 2013 – Paróquia de Santa Isabel e São Zacarias, Roma – Santa Missa de Primeira Comunhão)

“Ação de graças é chamada de “Eucaristia” em grego. Por isso, o sacramento é chamado de Eucaristia, é a ação de graças suprema ao Pai, que nos amou o suficiente para nos dar o seu Filho. É por isso que o termo Eucaristia resume aquele gesto, gesto que é de Deus e do homem juntos, um gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por isso, a celebração da Eucaristia é muito mais do que um simples banquete: é o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério central da salvação. “Memorial” não significa apenas uma lembrança, uma memória simples, mas significa que, todas as vezes que celebramos este sacramento, participamos do mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia é o ápice da ação de salvação de Deus, o Senhor Jesus fazendo-se o pão a cada um de nós, derrama toda a sua misericórdia e seu amor, de modo a renovar os nossos corações, nossas vidas e a forma com que nos relacionamos com Ele e com os outros. […] O poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística, nos configura de uma forma tão profunda com Cristo que nos faz saborear desde já aquela comunhão plena com o Pai que caracteriza o banquete celestial, onde com todos os santos, teremos a alegria de contemplar Deus face a face. Queridos amigos, nunca será suficiente agradecer a Deus pelo dom que Ele nos deu na Eucaristia! É um presente tão grande e por isso que é tão importante ir à missa no domingo. Ir à missa não só para rezar, mas para receber a comunhão, este pão que é o Corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa, que nos une ao Pai.” (Papa Francisco, 5 de Fevereiro de 2014)

Que aconteceu exatamente quando Jesus disse na Última Ceia (e os sacerdotes esta manhã na Missa): “Isto é o meu corpo” sobre o pão, e “Este é o cálice do meu sangue” sobre o vinho? Cremos que a substância do pão deixou de existir completa e totalmente, e que a substância do próprio Corpo de Cristo substituiu a substância do pão, que ficou aniquilada. Cremos também que Jesus, pelo seu poder onipotente como Deus, preservou as aparências do pão e do vinho, apesar de as respectivas substâncias terem desaparecido. Trata-se do milagre contínuo da transubstanciação.

Por “aparências” de pão e de vinho entendemos todas as formas externas e acidentais que de um modo ou de outro podem ser percebidas pelos sentidos da vista, do tato, do paladar, do ouvido e do olfato. A Sagrada Eucaristia ainda parece pão e vinho, ainda tem o sabor do pão e do vinho e cheira a pão e vinho, ainda é sensível ao tato como pão e vinho, e, se a partíssemos ou derramássemos, espalhar-se-ia como o pão e o vinho. Mesmo que fizéssemos um exame microscópico, eletrônico ou radiológico, só poderíamos perceber nela as qualidades do pão e do vinho. Com efeito, a observação humana só pode obter a aparência externa de qualquer coisa. A sua configuração, a sua reação a determinadas circunstâncias, as leis físicas a que parece obedecer, são as únicas questões que a ciência pode investigar. Mas a substância de uma coisa, o que lhe está subjacente, a substância como substância, está fora do alcance dos sentidos e dos instrumentos humanos.

Por fim, vejamos que para os céticos, Jesus não deixou somente Sua palavra e os ensinamentos de Sua Igreja, mas, operando vários milagres eucarísticos, os chamou de maneira ainda mais incisiva à comunhão Consigo. Recomendamos a todos que pesquisem sobre os milagres eucarísticos: Lanciano, Orvieto, Turim, Sena, Faverney, são os nomes de apenas algumas localidades agraciadas com milagres portentosos, nos quais o mistério da Eucaristia brilhou com toda sua força e majestade.

Não se pode, porém, com os belos relatos destes milagres que a ciência não consegue explicar, descuidar da fiabilidade das palavras de Jesus. Deve-se crer que Ele está presente na hóstia e no cálice sagrados não simplesmente por causa dos milagres que ocorreram – que merecem, claro, o respeito e a veneração dos fiéis. É preciso crer na Eucaristia com aquela fé de um filho que dá todo o crédito às palavras de seu Pai.

 

Fonte: Veritatis Catholicus

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