Na República Democrática do Congo, foi criada a Fundação “Papa Francisco para a África”, um projeto lançado pela Irmã Rita Mboshu-kongo e abençoado pelo Papa: “Acolhemos os que sofrem e queremos garantir educação e formação profissional às mulheres, jovens e meninas cujo destino de outra forma já estaria marcado”. O Pontífice: “Uma obra de caridade e solidariedade muito cara para mim”.
A Fundação “Papa Francisco para a África”, órgão recentemente criado e abençoado pelo Pontífice, visa promover o magistério do Papa através de iniciativas de solidariedade e promoção integral de pessoas vulneráveis, em particular o empoderamento de mulheres, crianças e jovens. Foi criada na República Democrática do Congo, com um projeto lançado pela Irmã Rita Mboshu-kongo e abençoado pelo próprio Papa.
No local são acolhidas crianças e jovens sem qualquer diferença em idade, etnia, religião: todas são bem-vindas à Fundação. As adolescentes são orientadas pelas mais velhas em volta de uma mesa de plástico no terreno sob as árvores entre os arbustos. Ali aprendem como lidar com uma máquina de costura, recortam moldes de roupas, leem, escrevem, aprendem fazer doces e salgados, e também outras profissões ligadas à estética: como cabeleireiras, manicures etc. Algumas têm aulas de danças e canto para se apresentarem na missa com o sacerdote.
Uma Irmã que luta pelas mulheres
Para essas jovens e crianças, não são passatempos, mas verdadeiros objetivos para um caminho de pessoas que correm o risco de viver uma vida marcada por flagelos sociais, como a pobreza, o analfabetismo e o desemprego. Ao lado dessas mulheres está a Irmã Rita Mboshu-kongo, congolêsa da Congregação das Filhas Religiosas de Maria, com um diploma e doutorado em Teologia em Roma, onde atualmente leciona na Universidade Urbaniana. Colaboradora do L’Osservatore Romano e responsável pelo “Missal romano para as Dioceses do Zaire”, no qual explica o valor da inculturação da liturgia. Irmã Rita chamou a atenção da mídia por suas denúncias ao horror da violência feminina em todas as suas nuances, incluindo abusos dentro da Igreja contra as religiosas, especialmente as africanas.
A Fundação “Papa Francisco para a África”
Irmã Rita das palavras foi aos fatos. Como quando ela estava estudando para sua graduação e trabalhava como cozinheira no prestigioso Colégio Caprânica. Agora ela está em plena ação em sua África natal, em um dos lugares mais devastados do mundo, Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, onde criou uma Fundação com o nome do Papa Francisco: “Esta Fundação”, conta Irmã Rita, “foi criada para ajudar todas as meninas e mulheres que sofrem”. Mulheres abandonadas que o Papa Francisco chama de ‘as últimas’, ‘as descartadas”.
Papa Francisco: avante nesta obra de caridade
O próprio Papa Francisco abençoou o projeto: “É uma fonte de grande alegria. É muito caro para mim”, escreveu em uma carta aos membros da Fundação. Para o Papa, de fato, esta é uma iniciativa “alinhada” com o que se afirma na encíclica Fratelli Tutti: “Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade”. (Fratelli Tutti, n. 187). O Pontífice encorajou “fortemente” Irmã Rita e seus colaboradores “a empreender esta obra de caridade e de solidariedade com os mais necessitados” e assegurou que rezaria ao Senhor para colocar em seu caminho pessoas que “ajudem a alcançar os objetivos da Fundação que encontra em nosso Magistério uma linha de conduta a ser seguida para viver em espírito de solidariedade, em harmonia com Deus, com o povo e com o mundo”.
A periferia de Kinshasa onde se encontra a Fundação não é um lugar pobre ou degradado como os de nossa imaginação comum, mas uma porção de terra esquecida por todos, exceto por Deus. Estamos falando do distrito de Ngomba Kikusa, onde há cerca de 30.000 habitantes, dos quais mais de 85% estão abaixo da linha de pobreza absoluta: as famílias vivem, ou melhor, sobrevivem com menos de um dólar por dia. O crescimento populacional é alto, assim como o número de mães solteiras que não sabem sequer assinar um documento ou fazer um trabalho.
A carícia de Irmã Rita
A obra da Irmã Rita é uma carícia nas feridas dessas pessoas. Com seu cabelo curto, rosto sempre relaxado e voz modulada, a irmã percorre os campos e coordena as diversas atividades, oferece orientação, grava filmes para informar e sensibilizar o mundo. Seu objetivo é apoiar e acompanhar os jovens congoleses ao longo do tempo, promovendo sua consciência e autonomia, inclusive ensinando-lhes um ofício. Para as mães solteiras, em particular, procura garantir sua integração na sociedade e a formação escolar através de bolsas de estudo.
“As jovens estão felizes com a experiência”, diz Ir. Rita. “As histórias que nos contaram são difíceis mas, ao mesmo tempo, maravilhosas”. Com frequência nos dizem: “Nunca vimos uma fundação católica que também acolhesse meninas de outras religiões”. Porque acolhemos protestantes, muçulmanas ou de outras religiões de toda Kinshasa.
Aulas e conferências seguindo o Magistério do Papa
A formação inclui uma primeira fase educacional, baseada no magistério de Francisco, e uma fase mais prático-operacional, com o ensinamento dos ofícios e princípios de economia doméstica. O curso em programa se intitula “Lar da Caridade: Fraternidade Laudato si'”, terá duração de três meses e envolverá 35 jovens, que, no final, receberão os instrumentos para exercer uma profissão. Antes delas, foram “formadas” algumas formadoras com algumas lições, realizadas por professores, religiosas, sacerdotes, sobre temas como “A dignidade da mulher, imagem de Deus”, “a responsabilidade das mulheres no mundo”, “a importância do trabalho para as mulheres”.
Perspectivas para o futuro
Além das mulheres e dos jovens, também estão sendo considerados os casais e as famílias, tentando proporcionar-lhes uma formação permanente integral e levá-los a uma consciência de que eles também, apesar da pobreza de seus meios, têm uma missão na Igreja e na sociedade. A Irmã Rita Mboshu-kongo diz estar grata pela atenção que recebe por seu projeto. E olha para o futuro: “Esperamos receber apoio e poder contar outras histórias o mais rápido possível”. Histórias belas…”.
Fonte: Vatican News – Salvatore Cernuzio