“A intercessão da Igreja pela salvação do mundo é o sacramento da onipotente intercessão de Cristo como Sumo Sacerdote da nova e eterna aliança. A salvação de todo o mundo é publicamente expressa na Igreja. Parte da iniciativa de Deus, mas exige uma aceitação do homem da vontade de Deus que é a salvação universal. Deus quer que ninguém se perca. Cristo é o Messias SALVADOR. A Igreja é o instrumento e sacramento dessa salvação de Cristo-Messias, ungido que veio salvar.”
Por Jackson Erpen
A palavra “Igreja”, segundo explica o Catecismo da Igreja Católica, significa “convocação”. Designa a assembleia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formar o seu povo, e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam, eles próprios, Corpo de Cristo. Ela é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. É una, mas formada por um duplo elemento: humano e divino. Aí reside o seu mistério, que só a fé pode acolher. E neste mundo, a Igreja é o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos homens. No programa de hoje, padre Gerson Schmidt* nos propõe uma reflexão sobre “Igreja como sacramento messiânico de salvação”:
“Como sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo, o ungido do Pai, o Messias esperado e anunciado nas Escrituras. “Nas mãos dele, ela é o instrumento da Redenção de todos os homens “o sacramento universal da salvação” pelo qual Cristo “manifesta e atualiza o amor de Deus pelos homens”. A Igreja é o sacramento da salvação na medida que incarna a salvação messiânica de Cristo, que a partir da Igreja se espalha por toda a humanidade e por todo o mundo. Enquanto tal, participa do caráter messiânico de Cristo e universal do Reino da salvação que Ele nos trouxe. A missão principal da Igreja é anunciar a presença do Messias entre nós, a vitória de Cristo Ressuscitado, que como ungido do Pai, realiza todas as promessas messiânicas à humanidade resgatada na Páscoa de Cristo.
Com o evento da chegada de Cristo-Messias, iniciou-se um período novo na história, a “plenitude dos tempos”. Em Cristo apareceu a aurora da Escatologia, da última perfeição. Foi nele que se ofereceu ao Pai um sacrifício aceitável que alcança a plenitude da salvação, como memorial único e definitivo. Em Cristo, enquanto Messias, a humanidade toda foi sarada, santificada e unida, congregada na Trindade. Cristo foi dado por Deus enquanto cabeça, ao homem e ao mundo, e nessa cabeça encontram eles, em princípio, a sua perfeição escatológica e a paz que vem de Deus. É em Cristo que acontece a assunção do homem à comunhão com Deus. A humanidade foi re-criada em Cristo, ou melhor, redimida, refeita como criaturas novas, “homens novos”, regenerados em Cristo-cabeça. A carne do pecado que Cristo assumiu foi uma vez por todas convertida pelo servo obediente de Javé, o egoísmo do homem pecaminoso foi transformado num “amém” obediente e coroado de glória para o bem de muitos, na verdade, de todos os que esperavam a salvação prometida. Cristo completou Israel. Ele foi o “resto”, como indivíduo solitário na cruz, tornou-se, no servo obediente no madeiro da cruz, salvação para toda a humanidade.
Esse “amém” de Cristo continua vivo e presente na Igreja, de maneira permanente e sacramental, particularmente na sua fidelidade permanente como Corpo de Cristo e esposa fiel. A incessante fidelidade da Igreja como um todo, no qual os fiéis individuais são incorporados em ordem a viverem por Cristo, é a atualização e renovação do “amém” definitivo de Cristo. Cristo confirma, educa, alimento sua Igreja como cabeça vivificante. Através do seu Espírito, o próprio Cristo gera essa constante fidelidade constante da sua Igreja que pela tua missão atualiza a salvação de Cristo no hoje de nossa história. Ele garantiu aos seus discípulos: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Mais, referindo-se à Igreja: “Eu te digo, Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela”(Mt 16,18).
Esta fidelidade da Igreja encontra uma expressão consciente e pública na liturgia sacramental como uma resposta que se oferece à Palavra de Deus que nos interpela constantemente. Como Cristo se ofereceu como sacrifício de amor por toda a humanidade, sacrifício único e total, o sacrifício e exercício sacramental da Igreja em comunhão com Cristo é vicário, um sacrifício expiatório para o bem de toda a humanidade. A Igreja realiza a salvação de Cristo operada uma vez por todas na sua entrega total por nós. A intercessão da Igreja pela salvação do mundo é o sacramento da onipotente intercessão de Cristo como Sumo Sacerdote da nova e eterna aliança. A salvação de todo o mundo é publicamente expressa na Igreja. Parte da iniciativa de Deus, mas exige uma aceitação do homem da vontade de Deus que é a salvação universal. Deus quer que ninguém se perca. Cristo é o Messias SALVADOR. A Igreja é o instrumento e sacramento dessa salvação de Cristo-Messias, ungido que veio salvar. “
Fonte: Vatican News
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.