A Arquidiocese de Olinda e Recife e a Igreja em todo o Brasil celebram, nesta terça-feira (7), o aniversário de 114 anos do nascimento do Servo de Deus dom Helder Câmara.
A data será marcada com a Santa Missa, às 19h, na Igreja das Fronteiras (local que foi a residência de dom Helder de 1968 até a sua morte aos 90 anos no Recife no dia 27 de agosto de 1999), no centro da capital pernambucana. Após à liturgia, haverá a apresentação do Bloco da Saudade.
Conhecido popularmente como “Dom da Paz”, dom Helder também tem em sua história a marca de ser um dos fundadores da Conferência nacional dos Bispos do brasil (CNBB). Foi ele quem apresentou, em 1950, a proposta de colegiado de bispos brasileiros ao então integrante da secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Giovanni Battista Montini, que seria eleito papa Paulo VI.
Um dos traços de dom Helder era seu gosto pela cultura popular do nordeste, incluindo o carnaval. Segundo matéria publicada no site da arquidiocese de Olinda e Recife, todos os anos, no dia 7 de fevereiro, dia de seu aniversário de nascimento, após a celebração da Santa Missa, os blocos o aguardavam, no pátio das Fronteiras, para prestar a sua homenagem (como na foto ao lado).
O texto conta ainda como o dom se divertia, levantando as mãos, se misturando aos foliões, participando daquela alegria, sobre a qual disse, certa vez:
“Carnaval é uma alegria popular. Direi mesmo uma das raras que ainda sobram para minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos aqui e ali cometidos por foliões, ou o farisaísmo ou falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Brinque, meu povo querido. Minha gente queridíssima. É verdade que na quarta-feira a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida”.
História
Helder Pessoa Câmara nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza. Foi o décimo filho do jornalista João Eduardo Torres Câmara Filho e da professora Adelaide Pessoa Câmara.
Muito cedo, Helder manifestou vocação para o sacerdócio, então em 1923 ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza, também conhecido como Seminário da Prainha. Foi ordenado padre no dia 15 de agosto de 1931, pelas mãos de dom Manuel da Silva Gomes, então arcebispo de Fortaleza, aos 22 anos de idade, com autorização especial da Santa Sé, por não possuir a idade mínima exigida.
O padre Helder foi transferido em 1936 para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde, ao lado do cargo de Assistente Técnico, se dedicou às atividades apostólicas.
Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1952. Foi ordenado epíscopo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de abril daquele ano, pelas mãos de dom Jaime de Barros Câmara, dom Rosalvo Costa Rego e dom Jorge Marcos de Oliveira.
Em 1950, dom Helder entrou em contato com o Monsenhor Giovanni Batista Montini, então subsecretário de estado do Vaticano e futuro papa Paulo VI, que o apoiou e conseguiu a aprovação, em 1952, para a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Até 1964, o religioso ocupou o cargo de secretário-geral da entidade.
No dia 12 de março de 1964, dom Helder foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife, múnus que exerceu até 2 de abril de 1985. Morreu aos 90 anos no Recife no dia 27 de agosto de 1999.
Homenagem
Durante a 59ª Assembleia Geral, que aconteceu de 28 de agosto a 02 de setembro, a CNBB, por meio da Edições CNBB, homenageou dom Helder com com a publicação da ‘Agenda comemorativa Dom Helder Câmara – Sonhado Juntos’.
A publicação, por meio de fotos e frases do arcebispo emérito de Olinda e Recife, reconhece o legado do prelado como um bispo que inspirou e continua inspirando a missão da Igreja do Brasil. Ao recordar a própria história, a CNBB faz memória do passado como um exercício que a situa no presente em vista de um futuro que se abre.
A agenda comemorativa pode ser adquirida no site: edicoescnbb.com.br
Processo de beatificação
Em maio de 2014, o atual arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, solicitou ao Vaticano a autorização para abertura do processo de beatificação e canonização de dom Helder. Em novembro do ano passado, a Santa Sé decretou a validação jurídica de todo o material enviado a Roma.
“Estarei na redação da Positio, documento que futuramente sr[a objeto de estudos das comissões de historiadores, teólogos, bispos e cardeais. E no fim desse processo, ele poderá ser declarado Venerável”, afirmou frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de canonização de dom Helder.
Ainda de acordo com o religioso, não há um prazo determinado para a conclusão desta fase. “Tudo dependerá das agendas no Vaticano, levando em conta a figura grandiosa de dom Helder e os muitos escritos de sua autoria”, explicou o frei.
Fonte: CNBB – com informações Regional Nordeste 2 CNBB e Arq. de Olinda e Recife