“A Igreja é uma casa de harmonia, em que devemos viver como verdadeira família. Em família, a cada um de nós é concedido tudo o que nos permite crescer, amadurecer e viver. O Papa Francisco escreve assim: “Não podemos crescer sozinhos, não podemos caminhar sozinhos, nos isolando, mas caminhamos e crescemos em comunidade, numa só família. E assim é a Igreja!” Na Igreja nós aprendemos a viver em comunhão, o amor que provém de Deus.”
Por Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“Este é o significado de nos chamarmos católicos, de falarmos da Igreja católica: não é uma denominação sociológica para nos distinguir dos outros cristãos; católico é um adjetivo que significa universal: a catolicidade, a universalidade. Igreja universal, isto é, católica, significa que a Igreja tem em si, na própria natureza, uma abertura a todos os povos e culturas de todos os tempos, pois Cristo nasceu, morreu e ressuscitou para todos. [1]”
Ao longo de seu Pontificado, o Papa Francisco sempre apontou para as características que a Igreja deveria ter: misericordiosa e evangelizadora, de testemunho e diálogo, em saída e orante, Igreja “hospital de campanha” para enfaixar as feridas deste mundo e comunitária. Pois, de fato, “a Igreja é obra do Espírito Santo que Jesus nos enviou para nos reunir. A Igreja é o trabalho do Espírito na comunidade cristã, na vida comunitária, na Eucaristia, na oração. Sempre! E tudo o que cresce fora dessas coordenadas não tem fundamento“[2]. “Só redescobrindo o sentido de comunidade é que cada um pode encontrar a própria dignidade em plenitude”.[3]
“Igreja como uma casa de portas abertas“, “Igreja casa de comunhão“, “Igreja que acolhe a todos“: dando sequência a sua série de reflexões sobre a Igreja, padre Gerson Schmidt* nos traz hoje o tema “Igreja, casa de harmonia”:
“A Igreja é una, santa, católica e apostólica. Ao desenvolver o título “casa da harmonia”, o Papa Francisco em seu primeiro livro “A Igreja da Misericórdia” reflete o adjetivo da Igreja ser “católica”. Diz que o termo católico deriva do grego Kath’olón que quer dizer “segundo o todo”, a totalidade. A Igreja é católica, porque é o espaço, a casa onde nos é anunciada a fé na sua totalidade, na qual a salvação que Cristo nos trouxe é oferecida a todos.
A Igreja é uma casa de harmonia, em que devemos viver como verdadeira família. Em família, a cada um de nós é concedido tudo o que nos permite crescer, amadurecer e viver. O Papa Francisco escreve assim: “Não podemos crescer sozinhos, não podemos caminhar sozinhos, nos isolando, mas caminhamos e crescemos em comunidade, numa só família. E assim é a Igreja!” Na Igreja nós aprendemos a viver em comunhão, o amor que provém de Deus.
A Igreja é católica porque é universal, está espalhada em todas as regiões do mundo e anuncia o Evangelho a cada homem e a cada mulher. O Papa é bem claro em suas palavras: “A Igreja não é um grupo de elite, não diz espeito a alguns. A Igreja não se fecha, é enviada para a totalidade das pessoas, para todo o gênero humano. E a Igreja única está presente até nas suas menores partes. Cada um pode dizer: na minha paróquia está presente a Igreja católica, porque ela também faz parte da Igreja universal… a Igreja não está apenas à sombra do nosso campanário, mas abrange uma vastidão de pessoas, de povos que professam a mesma fé, que se alimentam da mesma Eucaristia, que são servidos dos mesmos pastores”.
Já em outros momentos do Pontificado, o Sumo Pontífice recordou alguns trechos do segundo capítulo da Lumen Gentium e diz que “a Igreja não é uma elite de sacerdotes, consagrados, bispos, mas que todos formamos o Santo Povo fiel de Deus”. Na Evangelii Gaudium, no número 113, o Papa reafirma: “Jesus não diz aos Apóstolos para formarem um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego (…), porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gal 3, 28). Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!”.
A respeito dessa unidade harmoniosa e católica, a Lumen Gentium diz assim: “Em virtude desta mesma catolicidade, cada uma das partes traz às outras e a toda a Igreja os seus dons particulares, de maneira que o todo e cada uma das partes aumentem pela comunicação mútua entre todos e pela aspiração comum à plenitude na unidade. Daí vem que o Povo de Deus não só se forma de elementos oriundos de diversos povos, mas também se compõe ele mesmo de várias ordens” (LG, 13).
O Papa afirma que é o Espírito Santo o autor da unidade e da harmonia na Igreja, pois a comunhão “deriva Daquele que faz a unidade na diversidade, porque o Espirito Santo cria a harmonia na Igreja”. É o Espírito Santo quem realiza a harmonia nessa casa de amor que é a Igreja. Por isso, diz o Papa, há necessidade de pedir essa unidade harmoniosa na oração, que não é pedir uma uniformidade, mas uma comunhão na diversidade e pluralidade de dons e carismas. Escreve o Papa: “Mas a uniformidade mata a vida! A vida da Igreja é variedade, e quando queremos instaurar essa uniformidade em todos, acabamos por matar os dons do Espírito Santo. Oremos ao Espírito Santo, que é precisamente o autor dessa unidade na variedade, dessa harmonia a fim de que nos tornemos cada vez mais ‘católicos’, ou seja, nessa Igreja que é católica e universal”[4].”
Fonte: Vatican News
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] PAPA FRANCISCO, Audiência Geral de 13 de outubro de 2021
[2] PAPA FRANCISCO, Audiência Geral de 25 de novembro de 2020
[3] PAPA FRANCISCO, Discurso aos participantes do Encontro promovido pelo Departamento Catequético Nacional da Conferência Episcopal Italiana, 30 de janeiro de 2021
[4] PAPA FANCISCO, a Igreja da Misericórdia – Minha visão para a Igreja, Editora Schwacz, SP, p. 35.