Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A expressão de felicidade da vida está condicionada à difícil substituição da lógica da violência e da hostilidade pela lógica da prática do amor incondicional. O Papa Francisco fala da necessidade premente da misericórdia, que tem uma conotação sobrenatural, de encontro com o amor nas dimensões da prática de Jesus Cristo. É de nosso conhecimento, que não é fácil receber e dar o perdão.
Uma outra lógica de importância fundamental para o mundo é a compreensão de que a vida divina está também condicionada à prática da relação fraterna com o próximo e com Deus. Uma das consequências dessa lógica é a realidade da vida de paz, construída na convivência livre e saudável. Podemos até dizer que essa forma de vida fraterna constitui uma regra de ouro na comunidade.
É muito difícil lidar com quem age com violência e agride a natureza e a vida do povo. Não é saudável agir a partir dos impulsos humanos momentâneos, desconectado com os princípios da ética e da moral, que ajudam nos momentos de desequilíbrio e agressões. O uso da tolerância e da não violência consegue mais construir a paz tão necessária para a realização plena da vida humana.
Existe uma bonita tradição religiosa e cultural, que revela as consequências dos atos feitos com imaturidade. É possível entender a dinâmica da existência dentro desses dois termos, que é a hostilidade e o amor, sendo que um pode ocasionar a morte e o outro a vida. Estamos, então, diante de uma proposta de escolha, que pode ser o itinerário da violência ou a realização das atitudes de paz.
Todo aquele que é fiel a Deus faz escolhas que promovem o bem e a paz na vida comunitária. Mas quem procede com atos de hostilidade e violência não se beneficia da rica dinâmica do Reino de Deus. Normalmente as pessoas mais equilibradas não respondem às ofensas violentas com outra violência, mas sim desarmam o processo do ódio e da agressividade com ações e práticas do amor.
O amor e a hostilidade têm muito a ver com a construção do bem comum. Podemos dizer que fazer o bem hoje é caracterizado como virtude, coragem e fortaleza, porque é enfrentamento de uma cultura fortemente marcada por extremismos e agressividade. Nunca o outro pode ser considerado como inimigo, porque isto é a lógica da violência, contra a postura anunciada por Jesus Cristo.
Fonte: CNBB