O Papa Francisco enviou um telegrama de pesar, nesta quinta-feira (08/07), ao núncio apostólico no Haiti, dom Eugene Martin Nugent, pelo assassinato do presidente do país, Jovenel Moïse.
O presidente haitiano foi morto a tiros por um comando de homens armados que entraram em sua casa na noite entre 6 e 7 de julho.
“Ao ouvir a notícia do terrível assassinato do sr. Jovenel Moïse, presidente do Haiti, Sua Santidade o Papa Francisco apresenta suas condolências ao povo haitiano e a sua esposa, gravemente ferida”, ressalta o Papa no telegrama assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.
Notícias confusas declararam, ontem, a morte da esposa do presidente Martine Moise, horas depois de seu marido. A notícia logo foi desmentida. O embaixador do Haiti na República Dominicana disse que Martine Moise foi levada de Porto Príncipe a Miami, na Flórida, onde agora está internada no Jackson Memorial Hospital. O Papa “recomenda a Deus” a vida da primeira-dama e pede “ao Pai da Misericórdia o repouso da alma do defunto”.
“O Santo Padre expressa sua tristeza e condena todas as formas de violência como meio de resolver crises e conflitos”, ressalta o telegrama. Francisco “deseja ao querido povo haitiano um futuro de harmonia fraterna, solidariedade e prosperidade” e “invoca abundância de bênçãos divinas sobre o Haiti e todos os seus habitantes”.
Missionários brasileiros no Haiti pedem orações
O Vatican News contatou a Irmã Ideneide do Rego, Carmelita da Divina Providência, que integra o projeto intercongregacional da CNBB, da Caritas e da CRB Nacional que atua no Haiti. Ela relata que os missionários brasileiros estavam em retiro na capital, Porto Príncipe, quando chegou a notícia da morte do presidente:
Nós missionários brasileiros estávamos em retiro e quarta-feira seria a finalização, então tínhamos combinado de fazer um momento de confraternização, rever um pouco a nossa caminhada como missionários aqui no Haiti e, no entanto, a gente teve que mudar toda a nossa programação. Alguns conseguiram voltar para suas casas – pode-se dizer às escondidas -, cortando por alguns trechos que não são tão ameaçadores. E outros vão ficar por aqui e a gente vai ver como vai acontecer. No meio disso tudo, a gente sabe que Deus está conosco, que Ele não nos abandona. Com a morte do presidente, é como se muitas vozes que estavam adormecidas ecoassem com toda esta situação. Há meses que a gente vem tendo esta reação, às vezes passam carros cheios de pessoas e os bandidos matam todos e nem sempre isso é divulgado. Então muitas e muitas vidas inocentes se foram.
Outro testemunho vem do sul do Haiti, de Les Cayes. A Ir. Maria Inês Sampaio, das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fala do clima de medo, diante de uma população praticamente anestesiada diante de tanto sofrimento:
A notícia é de que está tudo fechado, o comércio, porque a população tem muito medo. As manifestações vêm acontecendo há algum tempo, então o país passa por um momento bastante difícil, de uma insegurança muito grande, muitas incertezas. Para o povo daqui, não dá para dizer que se habituaram, mas o sofrimento é tão grande, já passaram por tantas dificuldades, que parece que eles ficam meio anestesiados. Hoje os vizinhos vieram dizer para nós para não sairmos, para ter prudência e nós sabemos que, como estrangeiros, devemos ter muita precaução. Pedimos que Deus olhe com misericórdia e que as ações ajudem a refletir sobre como agir, como ajudar este povo, num momento tão difícil como este. Já sofreram tanto, já passaram por tantas dificuldades, tremores de terra, ventanias, ventos que devastaram tudo, e eles se reerguem. E agora mais uma vez este golpe. Nos unamos em oração, intensificando nossas preces para que a Trindade Santa olhe com misericórdia para o povo.
Fonte: Vatican News