O Grupo de Assessores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou, na manhã desta terça-feira, sua primeira reunião deste ano. Por videoconferência, os assessores e subsecretários tiveram um momento de reflexão sobre o contexto atual da Igreja e da sociedade com o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.
Dom Joel falou dos contextos social e eclesial, das inúmeras atividades que estão agendadas ou previstas para este ano, refletindo sobre “o quê que nos espera 2022”. Partindo da metáfora de um túnel em curva, o secretário-geral da CNBB motivou pensar sobre a atuação da Igreja no Brasil seguindo em frente, apesar das incertezas.
O incentivo é enfrentar o desafio do processo evangelizador no qual a agenda de atividades é inserida em um planejamento, pensando na finalidade de cada evento e compreendendo “as preocupações maiores da Igreja no Brasil”. “Antes de planejar um evento, pensar para onde vai a Igreja, pensar para onde ela deve caminhar”, sinalizou.
Uma das principais atividades deste ano é a celebração dos 70 anos de criação da CNBB. Ocasião para recordar o passado, mas refletir “como ser Igreja sacramento de salvação no mundo que já não é o de 70 anos atrás”.
Em 2022, a Igreja também recorda os 15 anos da Conferência de Aparecida; será realizada a Assembleia Geral da CNBB em um formato inédito (virtual e presencial, em duas etapas); o Brasil terá um processo eleitoral “com as polarizações extremas”; haverá o Congresso Eucarístico Nacional; entre outras atividades e eventos e preocupações.
Diante desse contexto, a Igreja no Brasil tem um “tesouro muito grande”, como o que se colhe dos ensinamentos do Papa Francisco e da própria produção documental da Conferência. Entretanto, há outra condicionante que é a dificuldade de, “como Igreja, falar para esse mundo de hoje”. Dom Joel citou ainda outras realidades como “as rachaduras e divisões, mesmo dentro da Igreja”; as tendências das mídias sociais; a “afasia pastoral”, quando se sabe o que fazer, mas não se consegue; a ‘protestantização no Brasil”, com uma mudança cultural e política por meio do neopentecostalismo.
“Como ser católico num contexto de mudança sociocultural tão grande?”, sugere o questionamento
A maior de todas as preocupações para este ano, no entanto, é pensar em novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, as quais serão discutidas e aprovadas pelo episcopado no ano que vem. Isso em um contexto em que as atuais diretrizes “não foram assumidas pela Igreja no Brasil”. Segundo dom Joel, houve uma ênfase aos quatro pilares e falta de percepção para a única prioridade das Diretrizes eleitas em 2019: “as comunidades eclesiais missionárias na linha de Aparecida, uma Igreja próxima, uma Igreja presente, uma Igreja junto às pessoas”.
Qual caminho?
Dom Joel concluiu sua provocação perguntando para onde a Igreja no Brasil precisa ir, “num contexto de fortíssima fragmentação e polarização, numa ‘pastoral do tik tok’”. “Como é que nós, CNBB, que por missão e vocação temos a responsabilidade de criar unidade, de iluminar os ritmos sem botar uma camisa de forças, como podemos contribuir para sermos uma Igreja unida, capaz de responder a esses desafios e muitos outros?”
Os assessores reagiram apontando como possíveis pistas a promoção da escuta, da sinodalidade, do trabalho em conjunto, da conversão pastoral e da superação “da pastoral de gavetas”. Dom Joel afirmou que há de se ter que encontrar um processo sinodal entre as Comissões da CNBB.
Seminário sobre os 70 anos da CNBB
O encontro do Grupo de Assessores também tratou da preparação para o Seminário sobre os 70 anos da CNBB. O objetivo da atividade será recuperar elementos históricos da Conferência Episcopal, a fim de contribuir na renovação da sua auto-compreensão, no contexto comemorativo dos seus 70 anos, em vista do aprimoramento do seu serviço à Igreja no Brasil e sociedade.
Padre Danilo Pinto dos Santos, secretário do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi, apresentou a proposta de realização do evento, de forma virtual, de 7 a 9 de junho. A ideia é que o Seminário aborde a contribuição da CNBB à ação evangelizadora da Igreja no Brasil e a contribuição ao diálogo da Igreja com a sociedade. Também será oportunidade para tratar do processo de criação da entidade e da eclesiologia e contribuição para os rumos da Igreja no Brasil.
Os participantes da reunião também ofereceram ideias e sugestões para a realização do Seminário.
Outros temas
Os últimos temas abordados na manhã desta terça-feira estão relacionados a questões administrativas, como o orçamento das Comissões e o funcionamento da sede da CNBB. Também foram dados informes sobre a abertura da Campanha da Fraternidade deste ano e do Seminário que dará início à preparação da Campanha de 2023.
Na parte da tarde, os assessores obtiveram informações sobre como anda o resultado das consultas realizadas com as Comissões da CNBB, a respeito da adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O advogado Frank Ned, do Escritório Santa Cruz Advocacia, fez um panorama geral dos avanços e falou sobre os caminhos a percorrer no programa de adequação da Conferência à lei.
Em linhas gerais, Frank explicou aos assessores que um Comitê de Segurança e Privacidade terá o papel de avaliar e validar vários documentos, além de revisitar diversos contratos e realizar a inclusão de um termo de privacidade e segurança.
Após essa fase, um Conselho Gestor irá avaliar as tratativas, e a partir do final do mês de março, a expectativa é que seja realizada uma formação/treinamentos com todos os assessores.
Também na parte da tarde houve uma partilha das atividades que serão realizadas pelas Comissõesda CNBB em 2022.
A reunião foi conduzida pelo subsecretário adjunto de pastoral, padre Marcus Guimarães, e seguiu até as 16h de terça-feira, 08 de fevereiro.
Texto e foto: CNBB