O terremoto teve intensidade de 7,2 na escala Richter e também foi sentido na Jamaica: tremores repetidos a partir das 8,30 horas locais (8,30 hora de Brasília) de sábado, 14 de agosto. O epicentro foi localizado a 20 km da cidade de Petit Trou de Nippes, cerca de 150 km a oeste da capital Porto Príncipe, a uma profundidade de 10 km, de acordo com o US Geological Survey. O instituto geológico advertiu imediatamente sobre um provável desastre com muitas vítimas, emitindo um alerta tsunami, que foi posteriormente retirado. E as previsões estão se mostrando corretas: centenas as vítimas, prédios inteiros estão em ruínas e milhares de pessoas saíram às ruas em pânico. A memória ainda é viva do terremoto que há 11 anos matou pelo menos 200.000 pessoas e feriu outras 300.000, colocando de joelhos um país que ainda não se recuperou.
O balanço, que se agrava a cada hora, já ultrapassa 300 mortos, segundo o departamento de proteção civil, que reporta 160 vítimas no sul, 42 no departamento de Nippes, 100 em Grand’Anse e duas no noroeste do país. O medo agora é que a situação possa piorar ainda mais no início da semana, quando a tempestade tropical Grace deverá chegar ao Haiti. É um estado de emergência e todas as forças possíveis estão sendo mobilizadas, enquanto ajudas estão chegando de fora, especialmente dos Estados Unidos. O presidente Biden anunciou ajuda “imediata” e nomeou a administradora da agência USAID Samantha Power como a responsável estadunidense “para coordenar as ajudas”.
“Este país está estremado”, disse Maddalena Boschetti que se encontra no noroeste do Haiti, uma missionária genovesa fidei donum, que está no país há 18 anos: eles sentiram os tremores mas não registram danos. Tudo está concentrado no sul”, explica ela, falando de mais uma dificuldade para o povo. “Os pobres são os mais expostos e mais uma vez farão uma acrobacia para tentar ir avante. É Deus que nos empurra porque a força humana está no seu limite”.
Vídeos e fotos compartilhados online mostraram imediatamente o desastre criado. Entre as áreas mais atingidas Jérémie e Les Cayes. Os edifícios religiosos, escolas e casas foram danificados. Também uma igreja, na qual parece que estava em andamento uma cerimônia na cidade de Les Anglais, 200 km a sudoeste de Porto Príncipe ficou destruída. Um desastre que chega em meio a uma profunda crise política e de saúde depois que o presidente Jovenel Moise foi assassinado em sua casa por um comando de homens armados há pouco mais de um mês. Ainda há uma falta de clareza sobre o assassinato, que também tem suas raízes na violência generalizada no país. Este é o medo de muitas agências humanitárias. A Fundação Francesca Rava, presente no país desde 1987 com três hospitais, casas e escolas de treinamento, informou, através de sua presidente Maria Vittoria Rava, sobre a destruição e o trabalho de socorro iniciado graças ao trabalho do Padre Richard Frechette, que coordena as equipes médicas.
Entretanto, a grande máquina de solidariedade, não só internacional, mas também da Igreja com a Cáritas, está em andamento. “Um choque terrível – disse o diretor da Cáritas Les Cayes, contatado por telefone pela Cáritas Italiana – o escritório diocesano permaneceu milagrosamente intacto, o bispo e os religiosos presentes na sede episcopal, que foi destruída, estão a salvo, mas sob os escombros poderiam se encontrar algumas pessoas. A diocese de Jeremie está isolada e não há contato com os religiosos locais.
A Cáritas Itália, presente no local, expressou sua proximidade através da oração e solidariedade, com uma ação que já – destaca em uma nota – está coordenando com outras organizações nacionais da Cáritas a fim de responder “às numerosas emergências em andamento”.
Fonte: Vatican News – Gabriella Ceraso e Antonella Palermo