Por Frei Gustavo Medella
De casamento, aniversário, formatura, inauguração, despedida, do santo padroeiro etc. Com as despesas pagas pelo anfitrião, com a divisão dos custos pelos convidados (a popular “vaquinha”), improvisada num rápido “junta prato”. Festa é ocasião do encontro pelo encontro, da alegria de estar juntos, de tornar presente e evidente o fato ou a memória para onde converge a alegria daqueles que ali convivem com entusiasmo. Melhor festa é a que se vai por gosto e gratidão, gratuitamente. Festa por obrigação perde a graça, tanto para quem oferece quanto para aquele que dela participa.
Na parábola deste 28º Domingo do Tempo Comum (Mt 22,1-14), Jesus compara o Reino de Deus a uma festa, preparada solenemente pelo rei. No entanto, os convidados não se sentiram atraídos o bastante pelo convite e antepuseram o “não querer” e alguns compromissos para não marcarem presença no evento. Outros ainda agiram com violência e, além da recusa, decidiram matar os emissários reais. Perderam a festa e ganharam a ira do rei que, furioso, mandou estes últimos fossem capturados e tratados com violência proporcional à que praticaram.
Em seguida, promoveu uma nova rodada de convites, desta vez abertos a todos que fossem encontrados pelo caminho. Conseguiu encher o salão e a festa ocorreu. No entanto, mais um incidente: um dos convidados, sem a veste adequada, foi expulso do recinto pelo próprio rei.
História movimentada, cheia de altos e baixos, não tão fácil de se compreender. Por que Jesus se utiliza da imagem de um rei que age com violência diante da injustiça cometida contra seus mensageiros? O desejo do mestre era apresentar justamente uma imagem forte e impactante para que seus interlocutores (sumos sacerdotes e anciãos) encontrassem o próprio lugar na história e, caindo em si, pudessem abraçar uma nova postura, reconhecendo em Jesus a realização plena da Aliança entre Deus e seu Povo.
Jesus apresenta uma noção aberta e universal do Reino, acessível a todos por conta de generosidade do Pai. Dizer não ao convite ou privilegiar outros valores está no âmbito da liberdade humana. Quanto à veste que o convidado de última hora não portava adequada, escreve São Gregório Magno: “Portanto, o que devemos entender por veste nupcial, senão a caridade? Entra, pois, nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que pertencendo à Igreja Católica [entenda-se Povo de Deus] tem fé, mas lhe falta a caridade” (Sermão sobre os evangelhos 38).
Fonte: Franciscanos
FREI GUSTAVO MEDELLA, OFM, é o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011.