Por Frei Clarêncio Neotti
Jesus reparte com os Apóstolos a missão de pregar. Gesto fraterno e de confiança, mas lhes impõe uma condição, até hoje essencial para os que querem pregar em nome dele: o desapego. Desapego dos interesses familiares (pão), da segurança pessoal (sacola), da posse de bens (dinheiro) e da ostentação vaidosa (duas túnicas). Mateus e Lucas (Mt 10,10 e Lc 9,3) lhe tiram também o bastão, ora símbolo de comando, ora símbolo de defesa, porque o Apóstolo deve ir como quem serve e propõe (2Cor 4,5), não como quem manda e determina. Porque o Apóstolo deve preocupar-se somente com a defesa da verdade, chamada Jesus Cristo, e essa jamais se defende pela força.
As coisas da família são boas em si; mas o apóstolo deve ter uma mentalidade mais ampla: olhar para além da cerca de um quintal e ver os contornos infinitos da grande família de Deus. Os bens materiais são presentes do Senhor; mas o apóstolo deve ultrapassar as coisas visíveis, para alcançar os bens invisíveis da fé. A preocupação com o sustento faz parte da condição humana; mas o apóstolo deve levar em conta que não é só de pão que vive o homem, mas há outro alimento: a Palavra de Deus (Mt 4,4). O discípulo deve esquecer-se de si mesmo e preocupar-se com as coisas de Deus. Isso exige um despojamento contínuo da ostentação, da vaidade, das aparências falsas.
Fonte: franciscanos.org.br
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.