Etiópia no caos, sequestrados 17 missionários salesianos e 16 funcionários da ONU

Refugiados na Etiópia - foto de ©EU/ECHO/Anouk Delafortrie - em Foto Pública

Grande insegurança no país com implicações dramáticas. Na terça (09), foram sequestrados 16 representantes da ONU e no dia 5 de novembro 17 missionários salesianos. Forte apelo da Igreja local pela concórdia e pela paz. A perseguição a todos com etnia tigrínia em centros missionários e casas religiosas

 

Por Amedeo Lomonaco e Benedetta Capelli

A diplomacia internacional está trabalhando incansavelmente para evitar o agravamento do conflito na Etiópia, onde a frente rebelde antigovernamental está se aproximando de Adis Abeba para se opor ao Primeiro Ministro Abiy, enquanto o drama humanitário está tomando conta da área de Tigray. Um cenário dramático onde, como sempre, é a população civil que paga o maior preço. Na terça (09), 16 funcionários das Nações Unidas foram sequestrados e estão detidos na capital. Palavras de condenação vieram dos Estados Unidos pelo que aconteceu na Etiópia. “O assédio e a detenção pelas forças de segurança com base na etnia são completamente inaceitáveis”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Enquanto isso, a Anistia Internacional relatou que combatentes do Tigray violentaram, espancaram e furtaram várias mulheres em agosto passado na região de Amhara, que foi afetada pela guerra que eclodiu nos últimos meses entre rebeldes e forças governamentais no norte da Etiópia.

Ataque militar em um centro dirigido pelos Salesianos

Neste contexto, na capital da Etiópia houve prisões preventivas de pessoas que eram apenas culpadas de serem de origem tigrínia. Em 5 de novembro, as forças militares do governo invadiram um centro missionário dirigido por salesianos na área de Gottera, em Adis Abeba. Dezessete pessoas foram presas, todas de origem tigrínia, incluindo sacerdotes e funcionários do centro. Essas pessoas foram depois deportadas para um local desconhecido. A notícia foi confirmada pela Agência Fides. Os Salesianos na Etiópia, em mensagem enviada ao órgão de informação das Pontifícias Obras Missionárias, convidam a “rezar pela paz e unidade do país”. Os policiais, como relatado pelo site de informação “Africa ExPress”, também entraram na catedral cristã ortodoxa de Adis Abeba, forçando sacerdotes e monges tigrínios a interromper as funções. Os religiosos foram levados a força em furgões de segurança para locais não identificados.

Consternados e apreensivos

A notícia da prisão de sacerdotes, diáconos e leigos etíopes e eritreus que vivem na casa provincial salesiana”, disse Pe. Moses Zerai, presidente da agência Habeshia, “nos deixa consternados”. “Ainda não conseguimos entender as razões por trás de um ato tão sério: por que prender sacerdotes que estão cumprindo sua missão de educação, além do mais em um centro que sempre se comprometeu a fazer o bem, frequentado há anos por muitas crianças, onde as crianças de rua são reabilitadas? Eles prenderam os provinciais, padres, diáconos e funcionários da cozinha, e sabemos de batidas e buscas em outras casas religiosas. Mas está claro para todos que igrejas, casas religiosas, não são centros de política. Esperamos que tudo seja resolvido o mais rápido possível e que todos sejam libertados muito rapidamente, e que esta loucura não seja um obstáculo à missão da Igreja para com os pobres e para com os que estão em dificuldade. Eu mesmo visitei o Centro e vi como ele funciona bem, aberto a todos sem distinção de etnia, religião ou classe social.

Salesianos na Etiópia: uma presença profundamente enraizada

Os Salesianos, lembra a Agência Fides, começaram a trabalhar na Etiópia em 1975. Desde então, eles estabeleceram uma presença significativa em cinco regiões do país. Uma delas é o Tigray, o centro de um conflito que reduziu quase toda a população ao ponto de exaustão. Os Salesianos, têm como tradição estarem enraizados no campo da educação, dirigem creches, escolas primárias, escolas secundárias e centros de treinamento e orientação profissional. No momento, a província tem 100 membros vivendo em cerca de 15 casas espalhadas por todo o país africano. Suas atividades são realizadas através de três Centros Missionários, 5 paróquias, 6 escolas técnicas, 13 centros juvenis, 13 escolas primárias e secundárias e 2 centros para crianças de rua.

Fonte: Vatican News

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