Esse padre sabe “rezá” a missa

A frase não é minha, peguei das minhas lembranças de infância. Quem é mineiro, ou convive com, sabe que temos um vocabulário próprio, a ortografia importa pouco no nosso jeito de falar, ou falá! Então, perdoem-me os erros iniciais: rezá e falá não têm acento, mas, sem eles, eu não seria fiel à oralidade – muito importante para os mineiros.

Quando alguém dizia, esse padre sabe rezá a missa, logo entendíamos que a pessoa gostava do padre, que gostava do jeito dele de celebrar. Da mesma forma, quando diziam: esse padre num aprendeu rezá missa…

Mas o que isso tem a ver com o Padre Paulo Marcony, novo pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde? Tudo! Pois, penso cá com minhas impressões, que se fosse nas minhas bandas da infância que ele tivesse celebrado a primeira Santa Missa, muitos diriam: esse padre sabe rezá a missa!

Padres “aprendem a rezar a missa”. Estudaram pra isso, para saberem os ritos de trás pra frente e de frente pra trás. Os que já gastaram bastante sola de sapato por aí, devem conseguir “rezar a missa” de olhos fechados. Mas os que conseguem surpreender os fiéis, são exatamente aqueles que imprimem algo muito pessoal no seu jeito de celebrar a Santa Missa – o que indica, normalmente, que continuam crescendo na espiritualidade, se aproximando mais daquilo que Deus lhes propõe individualmente. É o chamado para evangelizar orientado pelo Espírito Santo.

Em um momento em que muitos ainda choram a saída do padre Flávio Assis e murmuram pelos corredores da Matriz: “ainda não acredito que o Padre Flávio foi embora…”, Padre Paulo Marcony Duarte Simões teve a sensibilidade de acolher a dor dos paroquianos, deixando bem claro: “eu vim para somar”. E o mais bonito: não se estendeu demais ao falar da própria dor que, possivelmente, deve estar sentindo pelas comunidades que deixou para trás. Basta olhar o facebook da Paróquia e você vai ver que tem muita gente chorando a saída dele.

Celebrou a Santa Missa com a responsabilidade e o cuidado que todo sacerdote deveria ter. Aproximou-se dos fiéis para fazer a homilia – meio que assim: estou perto de vocês, para caminhar com vocês! Soube tranquilizar os que podem estar afoitos e inseguros: “espero poder contribuir, dar continuidade aos trabalhos de evangelização” e afirmou que “mudanças” só mesmo onde for necessário: “o que está bom não precisa mudar”.

Na assembleia, o povo de Deus compareceu: se por curiosidade, só o tempo dirá. Representantes de pastorais, movimentos, serviços, ministros, religiosas e seminaristas também foram dar o seu “boas-vindas” ao novo pároco. No presbitério foi acompanhado pelo seminarista Kairon Biavete. Parentes, amigos, os pais e uma irmã também estiveram presentes – sabemos quanto a família é capaz de suavizar nossas próprias ansiedades, dores e inseguranças. Mostrou que tem berço!

Encerrada a Santa Missa fez o inimaginável para muitos… Relembrou a “marca registrada” de Padre Flávio entre os paroquianos: o abraço. E foi taxativo, com toda a delicadeza: “eu também gosto de abraçar. Quem quiser abraçar o padre depois da missa…”

E o que ocorreu é que dezenas de pessoas ficaram lá, à espera do abraço do padre.

(eu, cá da pilastra, lembrei com suavidade da última missa de domingo… dos abraços de despedida no padre que partiu… e com a alegria de quem ama esta Santa Igreja, agradeci a Deus por ter soprado aos ouvidos do novo pároco: ‘esse meu povo precisa de acolhida, de braços que os envolvam; cuide deles para que não sejam como ovelhas perdidas’).

 

Liliene Dante

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