Beatificadas as três enfermeiras leigas e mártires na Espanha
Os corpos “escondem um mistério” e “neles o espírito se manifesta e opera”.
A missa de beatificação de María Pilar Gullón Yturriaga, Olga Perez Monteserín Núñez e Octavia Iglesias Blanco, assassinadas em Asturias, em 1936, foi realizada na manhã deste sábado (29) na Catedral de Astorga, na Espanha.
As três jovens Pilar, Olga e Octavia estavam “já no caminho da caridade, alimentando a vida cristã ordinária com atividade apostólica”, quando foram martirizadas em 28 de outubro de 1936 em Pola de Somiedo, nas Astúrias, no dramático contexto da perseguição religiosa durante a Guerra Civil Espanhola. Isso foi enfatizado pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, durante a missa de beatificação das três leigas, presidida em nome do Papa Francisco, na manhã deste sábado (29), na Catedral de Astorga, na Espanha.
As três enfermeiras eram: María del Pilar Gullón y Turriaga, 25 anos, de Madri; Olga Pérez-Monteserín Núñez, 23 anos, de Paris; e Octavia Iglesias Blanco, a mais velha, com 41 anos, que nasceu na própria Astorga, onde era catequista e envolvida em ajudar os necessitados. Elas “compreenderam bem” as palavras do Senhor que disse: “não tenhais medo daqueles que matam o corpo”. De fato, ao cuidar dos corpos dos doentes e feridos, as três “se dedicaram” para aliviar o sofrimento porque o “corpo” tema sua própria dignidade, explicou o cardeal na homilia.
Para quem crê, “o corpo humano participa da dignidade da ‘imagem de Deus'”. Os corpos “escondem um mistério” e “neles o espírito se manifesta e opera”, acrescentou Semeraro, citando palavras de Bento XVI (13 de maio de 2011).
A fervorosa caridade das enfermeiras
No hospital de Puerto de Somiedo, as três mulheres dedicaram muita energia “ao cuidado do corpo debilitado e sofredor”, disse o cardeal, e, mesmo “em perigo, não queriam abandonar os feridos”, mas continuaram ajudando e “arriscando as próprias vidas”. Por causa dessa “caridade fervorosa, quando seus corpos foram ameaçados, elas não se tornaram rígidas com o medo, mas ardendo com o fogo da caridade, sofreram torturas e humilhações”. Elas suportaram tudo com força sobrenatural”, salientou o prefeito, e “estavam dispostas a sofrer a morte em espírito de fé”.
As três novas beatas “morreram aclamando Cristo Rei e foi essa profissão de fé que as fez mártires”. A esse respeito, o cardeal salientou que o Senhor, “revela seu poder nos fracos e dá a força do martírio aos impotentes”. Frágeis “somos todos”, acrescentou, no entanto, a palavra de Cristo no Evangelho é clara: “Não temais, não tenhais medo”. Três vezes Jesus diz isso a seus discípulos e repete “também a nós, porque sabe que precisamos ouvi-lo repetir para nós”. Frágeis, disse Semeraro, “assim eram as nossas três irmãs”. E, no entanto, agora a Igreja as honra oficialmente como mártires de Cristo: “receberam, de fato, a coroa da vida, prometida pelo Senhor a todos aqueles que o amam”.
O medo, continuou o purpurado, é “uma emoção sempre possível”. Aquela humana é “uma sociedade marcada pelo medo”. Santo Agostinho disse que os apóstolos, “para não ficarem rígidos no medo, ardiam com o fogo da caridade”. Portanto, “a maneira de superar o medo é a caridade”, frisou o prefeito. É o caminho que “os mártires tomaram e é o caminho que está sempre aberto para nós”. Não apenas em situações dramáticas, mas também “nas mais comuns; não apenas para aqueles medos que podem derivar das ameaças dos homens, mas também para aqueles que estão ligados à nossa condição humana e às emergências que ocorrem na vida”. Não há dúvidas, acrescentou ele, que “uma situação de medo é determinada neste momento também pela pandemia da qual estamos sofrendo e da qual esperamos emergir em breve”. A esse respeito, desde o início, o cardeal observou, o Papa Francisco “indicou o caminho a seguir e ele ainda é o da caridade”. E concluiu recordando a carta do bispo de Astorga, Jesús Fernández González.
Nicola Gori – Vatican News