Foi inaugurado o Encontro Internacional de Oração pela Paz organizado pela Comunidade de Santo Egídio. A conclusão será na terça-feira (25/10) no Coliseu com presença do Papa Francisco para rezar pela Paz. O Encontro se realiza no “espírito de Assis” depois de 36 anos.
“A oração é a força da paz”. Estas palavras, pronunciadas pelo Papa Francisco no Angelus, ressoaram no dia da abertura em Roma do encontro internacional de oração pela paz das religiões do mundo organizado pela Comunidade de Santo Egídio. No Angelus de domingo Francisco afirmou que “irá na terça-feira 25 de outubro ao Coliseu para rezar pela paz na Ucrânia e no mundo, junto com os representantes das Igrejas e Comunidades Cristãs e das Religiões Mundiais”. Este é um dos compromissos centrais deste evento centrado no tema “O Grito de Paz”.
No espírito de Assis
Já se passaram 36 anos desde a oração pela paz, convocada por João Paulo II em Assis. “A Paz”, disse o Papa Wojtyła em 17 de outubro de 1986, “é um canteiro de obras aberto a todos” e é “uma responsabilidade universal”. Neste tempo marcado por múltiplos conflitos, incluindo o da Ucrânia, o canteiro da paz precisa de tecelões de diálogo, de construtores de pontes de reconciliação. Na inauguração do evento, no domingo (23) participaram representantes das grandes religiões do mundo, personalidades do mundo da cultura, da sociedade civil e da política. Todos juntos em Roma para falar de paz.
Olhando além
O encontro foi moderado pelo vice-presidente da Comunidade de Sant’Egidio Kieboom Hilde: o evento deste ano, afirmou, tem um significado profundo se olharmos para a Europa, onde se abriu “a ferida da guerra na Ucrânia”, e para o mundo abalado por conflitos dramáticos. “O Grito da Paz” foi aberto com um discurso de Andrea Riccardi, fundador do movimento internacional nascido em 1968, três anos após o encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II.
Este evento, disse, “não é a conclusão de um percurso”, mas uma nova abertura “para enfrentar os novos cenários do mundo” diante da guerra. Até agora, acrescentou, “não vimos uma saída”: este mundo global, no qual não cessa a corrida armamentista, favorece que os conflitos “se tornem eternos como na Síria”, onde os jovens só viveram tempos de guerra. Mas estes dias são também de oração. A oração é “irmã do grito de dor”. Recordando a história do encontro internacional de oração pela paz, Andrea Riccardi enfatizou que “Assis foi uma visão inspiradora”, uma mensagem que preparava o caminho para a globalização em um destino comum, mas nas diversidades.
O “diálogo cresce na amizade, na oração” disse ainda. São justamente a escuta e o diálogo as estruturas fundamentais das religiões: diálogo com Deus, com os textos sagrados, com homens e mulheres. Desapareceu “a geração da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto em um mundo que se acostuma ao esquecimento”. O que é necessário é “uma visão de paz diante de pensamentos cansados e resignados”. Por fim Riccardi observou que a esperança começa “com a rejeição de uma leitura antecipada do presente: devemos olhar além”. Quando as mentes e os corações se abrem, “nascem maneiras de responder ao grito da paz”.
Amedeo Lomonaco – Vatican News