Elementos da natureza como símbolos na Liturgia

Foto: reprodução Vatican News

A linguagem usada pela Liturgia para evocar os mistérios de Cristo e atualizá-los aqui e agora na comunidade cristã vai além das palavras. Nela entram todos os sentidos e ela passa por todos os elementos da natureza. Na Sagrada Liturgia, a Igreja lança mão de elementos da natureza como símbolos ou sinais sensíveis e significativos dos mistérios celebrados.

Quanto mais os símbolos estão ligados à vida, mais fortes e significativos eles serão. Assim, o ser humano comunica-se com Deus através aquilo que ele é, de maneira encarnada, enquanto nele se encontram os elementos da natureza, como a terra, a água, o ar e o fogo. Os símbolos falam por si. Podemos apenas explicitar, desdobrar, introduzir no seu limiar para que a pessoa possa entrar no interior do templo e experimentar seu mistério.

 Entre os elementos da natureza usados na Liturgia queremos citar alguns:

 Luz e trevas: – Nunca podemos dizer plenamente o que significa a luz em oposição às trevas. Quando alguém nasce, dizemos que veio à luz. A mãe dá à luz o filho. Morre alguém, dizemos que fechou os olhos. Sem luz não existe vida. A luz do sol dá vida a todas as cosias; por ela tudo recebe forma, colorido e beleza. O sol ilumina e aquece. Pelo fato de a luz estar tão intimamente ligada à vida a ponto de podermos dizer que é vida, o símbolo da luz torna-se tão frequente em nosso linguajar para designar as realidades mais profundas que desejamos expressar de alguma forma. Cristo apresenta-se como luz do mundo e seus discípulos são chamados a também serem luz a iluminar as trevas. A luz simboliza o próprio Deus. Fiquemos, pois, bem atentos ao uso frequente da luz na Liturgia.

A água: – A água é um símbolo muito significativo e forte. Ocorre no Batismo e na Eucaristia. Refletindo sobre o sentido da água, veremos que ela está em íntima relação com a vida do ser humano. Serve para purificar, para embelezar, para tomar banho, para refrescar, para reanimar. A água é força dinâmica; água demais pode destruir. A água serve para matar a sede. Sem água não haveria nenhuma espécie de vida sobre a terra. É essencial para a vida do ser humano. Podemos dizer, então, que água é vida. Eis que estamos diante do simbolismo da água. A partir desta compreensão da água podemos entender melhor o sentido do Batismo e principalmente da oração da bênção da água batismal. Observemos como a água está presente na celebração dos mistérios sagrados, sobretudo como recordação e renovação do batismo.

O óleo: – O óleo é usado com frequência na Liturgia. Duas vezes no Batismo, na Confirmação, na Unção dos Enfermos, na Ordenação episcopal, na Ordenação presbiteral, bem como na dedicação de igrejas e altares. O óleo na Liturgia está intimamente relacionado com a ação do Espírito Santo. O tema merece uma abordagem mais ampla.

O pão e o vinho: – Como o óleo, o pão e o vinho são frutos da terra e do trabalho do homem. Pão e vinho constituem um dos símbolos mais eloquentes na Liturgia cristã. No plano da graça querem expressar o que significam no plano natural: vida, partilha, confraternização. Também o pão e o vinho merecem uma abordagem mais rica.

A cinza e o incenso:  Lembramos ainda a cinza e o incenso como elementos da natureza usados na Liturgia. Ambos estão ligados ao fogo, símbolo do próprio Deus. O fogo desperta o bom odor do incenso. A incensação exprime a presença de Deus na nuvem, a oração que sobe aos céus e a reverência à presença de Deus na assembleia reunida, na cruz, no altar, no sacerdote presidente e na Palavra de Deus. O fogo, por outro lado, é capaz de transformar os elementos da natureza em cinzas. Deus é o Senhor da natureza, capaz também de fazer brotar a vida das cinzas, da morte, contanto que o ser humano reconheça sua condição de mortal.

 Frei Alberto Beckhäuser – OFM

Paróquia do Rosário E. S.

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