“Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” -Apocalipse 3,20.
Assim nos diz Jesus, diariamente. Com suavidade e doçura se põe à nossa porta, sem forçar a entrada. Como pode o Rei dos Reis, o Sumo Sacerdote, pedir com tanta ternura que abramos o coração para que aqui Ele possa fazer morada? Manso e humilde é o nosso Senhor!
Após um ano de trabalho missionário, de incansáveis idas e vindas, eis que pela primeira vez Jesus Eucarístico foi celebrado na Comunidade do Borrachudo.
A Santa Missa, presidida pelo Padre Flávio Assis, no dia 9 de outubro, atraiu várias pessoas desta comunidade, que abriga cerca de 20 famílias. Em outubro de 2018, a irmã Tereza Squiavenato, atualmente missionária em Moçambique, deu início aos trabalhos de evangelização nesta localidade. Hoje, a obra iniciada há um ano segue com o auxílio dos membros do Comipa (Conselho Missionário Paroquial), formado por religiosas e leigos.
A situação no Borrachudo exige cuidado e carinho especiais. Boa parte da comunidade, desde as crianças até idosos, ainda não celebrou nem o Sacramento do Batismo. É uma caminhada de esperança Naquele que nos deixou a missão de ir e anunciar. Desde que o processo de evangelização foi iniciado, 5 crianças já foram batizadas.
No Mês Missionário Extraordinário, é com grande alegria que a Paróquia Nossa Senhora da Saúde celebra mais um avanço, ainda que pequenino, nesta contínua missão. O trabalho que era realizado nas próprias casas, com a celebração da Palavra e introdução à catequese, agora será feito no Centro de Evangelização.
O espaço foi construído em uma área cedida pelo morador Roberto Máximo Ventura. O motorista, de 42 anos, casado, três filhos, fala com carinho e timidez sobre a iniciativa. Nascido na comunidade, no seio de uma família católica, sempre se preocupou em inserir os filhos(as) na comunidade de fé. No mês passado (22 de setembro), celebrou o batizado das filhas Lorena e Débora (8 e 10 anos, respectivamente) e agora espera batizar também o filho mais velho, Mateus, de 14 anos.
No Centro de Evangelização também serão realizadas as atividades regulares da catequese que deve atender, de imediato, as crianças e adolescentes. A catequese de adultos vai seguir o modelo da IVCA – um trabalho individualizado, desenvolvido à luz do Evangelho e a partir da realidade e vivência do próprio catequizando.
Receber Jesus é sempre uma festa. Ainda que o Mestre não se preocupe com alguns detalhes, é com alegria que preparamos o ambiente para recebê-Lo.
Roberto, aquele que ouviu Jesus bater à porta e a abriu para que Ele entrasse, falou da ansiedade que sentiu durante toda a semana. Do receio, de na simplicidade, alguma coisa dar errado. Embora não participe da missa dominical, faz questão de participar das celebrações da Semana Santa, sobretudo da Procissão do Encontro: “é uma tradição!”
A Santa Missa estava marcada para às 16h, mas desde às duas da tarde, várias pessoas da Paróquia já estavam lá, arrumando o espaço para receber, junto com a família de Roberto, a comunidade.
Aos poucos as pessoas foram chegando, algumas com um olhar de verdadeira surpresa, outras meio ressabiadas… do jeito mesmo que a gente segue rumo ao que nunca vivenciou. Um cartaz acenava as boas-vindas e a imagem de Nossa Senhora Aparecida atraía os olhares e a atenção das crianças.
Tudo pronto e a Santa Missa teve início. Na homilia, totalmente inspirada pela oração que Jesus nos ensinou, o padre Flávio Assis nos recordou a importância de lembrarmos da Santidade do Nome de Deus, de confiarmos no seu perdão, bem como de assumirmos o compromisso diário de perdoar quem nos ofendeu; da importância de agradecermos pelo alimento de cada dia e da beleza que é partilhá-lo com nossos irmãos(as), rezando juntos, escutando a Palavra em comunidade. “Que a oração seja um caminho capaz de nos aproximar de Deus e do próximo.”
A profundidade daquele momento para nós, cristãos batizados, foi inexplicável. Pouco antes da consagração, o padre Flávio tomou a hóstia nas mãos e perguntou: “o pão nasceu em árvore? Não! É preciso muito trabalho, do plantio à colheita, o preparo da massa… muitas mãos até que ele chegue à nossa mesa. É uma oferta do nosso trabalho que colocamos no altar do Senhor. Assim como o próprio Cristo que se entregou inteiro, no sacrifício por nós, ofertando a Deus seu Corpo e Sangue”. Desta maneira, o padre nos fez um convite para que colocássemos neste altar as nossas oferendas, a nossa vida, num claro despojamento e confiante entrega nas mãos do Pai.
Na Comunidade do Borrachudo não há, ainda, nenhuma pessoa que tenha celebrado o Sacramento da Eucaristia. Com toda a delicadeza de um pastor que deseja conhecer suas novas ovelhas, o padre orientou todos sobre a necessidade deste sacramento para a plena comunhão com o Senhor através da Sagrada Eucaristia. Ao mesmo tempo, refletindo o verdadeiro amor cristão, deixou claro que todos ali estavam junto à mesa com o Senhor e que o pão levado pelas crianças durante o ofertório seria partilhado com os presentes.
A cena nos leva a acreditar que com Cristo, em Cristo e por Cristo podemos verdadeiramente ser uma só comunidade de fé, o povo de Deus.
Após a Santa Missa, foi servido um lanche partilhado.
Assessoria de Comunicação.
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